Santos Filipe e Tiago

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Santos de julho

Santo do dia 1 de maio
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Santos Filipe e Tiago

Santos Filipe e Tiago, Apóstolos

São Filipe era natural de Betsaida, na Galiléia. Deus Nosso Senhor chamou-o ao apostolado no mesmo dia que São Pedro e Santo André. Segundo Clemente de Alexandria, teria sido Filipe aquele Apóstolo que pediu ao Divino Mestre licença para sepultar o pai, e de Nosso Senhor recebeu a resposta: "Segue-me e deixa os mortos sepultarem os mortos". São Crisóstomo diz de São Filipe que fora casado e tivera algumas filhas. Obedecendo à voz do Divino Mestre tornou-se Apóstolo. Tendo conhecido de perto a Jesus, convidou também Natanael a associar-se ao Messias. Três dias depois, acompanhou Nosso Senhor às bodas de Caná. Decorrido um ano, foi recebido entre os Apóstolos. Foi Filipe a quem, no dia da multiplicação dos pães, perguntou a Jesus onde havia de arranjar comida para tanta gente. Certa ocasião, em que vieram alguns pagãos para ver a Jesus, foram Filipe e André que os apresentaram ao Divino Mestre. Quando Jesus, no discurso de despedida, repetidas vezes se referiu ao nome do Eterno Pai, pediu-lhe Filipe que lhes mostrasse o Pai e Jesus respondeu-lhe: "Filipe, quem vê a mim, vê ao Pai".

São estas as únicas referências que os Santos Livros fazem a São Filipe. Escritores competentes pretendem, que algumas filhas de São Filipe se casaram, e que o pai, depois de ter pregado na Judéia, se dirigiu à Cesaréia. Reza mais a história que Filipe foi crucificado em Hirápolis, lapidado e sepultado com duas filhas. A morte deste Apóstolo não deve ter caído antes do ano 80, porque foi neste ano que seu discípulo, São Policarpo, se converteu à religião de Cristo.

Teodoreto afirma que o Imperador Teodósio, o Grande, teve uma visão de S. João Evangelista e de S. Filipe que lhe prometeram a vitória sobre o tirano Eugênio. De fato, contra toda a expectativa, o inimigo foi desbaratado, o que muito contribuiu para que a confiança do povo romano no Santo crescesse extraordinariamente.

As relíquias de S. Filipe, estão guardadas numa Igreja de Roma, que é consagrada a S. Filipe e S. Tiago. Um braço, que existia em Constantinopla, no ano de 1204. Foi transportado para Florença.

Conta-se-lhe da vida um fato extraordinário, ocorrido em Hierápolis: no dia em que Filipe foi conduzido diante do altar do deus Marte, para ser obrigado a oferecer incenso a esta divindade, uma cobra venenosa, que estava escondida debaixo do altar pagão, saindo do esconderijo matou o filho do sacerdote-mor, com mais dois tribunos, que tinham algemado o Apóstolo. Filipe chamou-os à vida e matou a serpente. Este milagre causou a conversão de muita gente.

São Tiago, cognominado o Menor, recebeu, devido à grande santidade, o título de Justo. S. Paulo chama-o "Irmão de Nosso Senhor", por causa do parentesco próximo com Jesus Cristo. Era filho de Alfeu e Maria. Era irmão do Apóstolo Judas Tadeu e de Simão, o Zelador. Chamado por Jesus, no segundo ano da sua vida pública, Tiago com o irmão Tadeu, foi incorporado ao Colégio dos Apóstolos.

Nas narrações evangélicas bem poucas vezes encontramos o nome deste Apóstolo. Tanto mais aparece nos Atos dos Apóstolos e lá na primeira linha, como Chefe da Igreja em Jerusalém depois da partida de São Pedro para Roma.

De quão alta estima gozava da parte de Nosso Senhor, prova é ter Jesus Cristo distinguido a S. Tiago, com uma aparição particular depois da gloriosa Ressurreição. Antes de subir ao céu, Jesus Cristo deu ao Apóstolo o dom da ciência, como recompensa da sua extraordinária santidade.

Segundo S. Jerônimo e Epifânio, Nosso Senhor, antes de subir ao céu, teria recomendado a S. Tiago de um modo especial a Igreja de Jerusalém. Certamente por este motivo os Apóstolos, antes da separação, deixaram São Tiago como primeiro Bispo de Jerusalém. Santo Epifânio elogia em São Tiago a grande pureza. Tinha a vida dos Nazarenos, como diz Hegésipo: desde o dia do nascimento consagrado a Deus, não cortava o cabelo, não bebia vinho, usava só roupas de linho, abstinha-se completamente do álcool, não se banhava, nem usava unguento; não comia carne, com exceção do cordeiro pascoal. Viveu vida extraordinariamente santa e austera. De tanto rezar ajoelhado, os joelhos tornaram-se-lhe calosos, de pele tão dura como de camelo. O povo de Jerusalém muitas vezes lhe experimentou o valor da intercessão junto a Deus. A cidade toda de Jerusalém ter-se-ia convertido à religião de Jesus, se a inveja dos fariseus e escribas não tivesse prejudicado a obra do santo Apóstolo.

Junto com o Apóstolo S. Pedro, recebeu em 37 a Paulo na comunhão dos fiéis. Em 42 enviou Barnabás à Antioquia e ele mesmo assistiu ao concílio apostólico em Jerusalém. Neste concílio se pôs de acordo com Pedro, quando se tratou da aplicação aos convertidos do paganismo da lei mosaica da circunscrição. Disse na sua alocução, que aos Irmãos devia-se fazer por escrito a comunicação, que essa lei não era aplicável aos pagãos. S. Paulo, na sua Epístola aos Gálatas diz, que em Jerusalém não viu outro Apóstolo senão Tiago, Irmão do Senhor.

Tinha morrido o governador Festo e o Sumo Sacerdote Anás, filho do ímpio Anás, de que se fala na Paixão de Nosso Senhor, convocou o grande conselho, para que deliberasse sobre os meios de exterminar a religião de Cristo. Tiago também foi convidado a comparecer e fazer declarações a respeito do Messias. O Apóstolo disse então que o Messias tinha vindo, na pessoa de Jesus Cristo. Era tempo da Páscoa e havia muita gente em Jerusalém. Quiseram então os conselheiros, que Tiago falasse do ponto mais alto do templo, para que o povo todo ouvisse. Quando Tiago chegou lá em cima, debaixo lhe gritaram os fariseus e escribas: "Dize-nos, santo homem, o que devemos crer a respeito de Jesus crucificado. O que nos disseres, aceitaremos como a expressão da verdade". O Apóstolo respondeu-lhes em voz alta: "Que pergunta é esta que me fazeis sobre o Filho do Homem? Ele está sentado à mão direita de Deus Onipotente e tornará a vir sobre as nuvens do céu". Ao ouvirem estas palavras, alguns se converteram e começaram a bendizer a Deus em altos brados; "Hosana, Filho de Davi". Os escribas, arrependidos de terem apelado para o testemunho do Apóstolo, contradisseram, exclamando: "Também o Justo está no erro!" Correram para cima, para junto de Tiago e precipitaram-no de grande altura. Da queda o Apóstolo não morreu e pôs-se de joelhos, para orar pelos inimigos. Ouviram-se então vozes, que pediam que o matassem e o grande conselho determinou que fosse lapidado. Um rechabita (*) porém, objetou, dizendo: "Que estais a fazer? Não vedes então que o justo está por vós rezando!?" Mas os judeus a nada mais atendiam e continuaram a atirar pedras contra o Apóstolo. Finalmente veio um pisoeiro e deu-lhe com o pisão na cabeça, matando-o. Tal aconteceu em 10 de abril de 62. Alcançou a idade de 96 anos, sendo 30 de bispo de Jerusalém. Suas últimas palavras foram: "Pai, perdoai-lhes porque não sabem o que fazem". O corpo foi sepultado no lugar do martírio. Oito anos depois, Jerusalém foi destruída. Os judeus reconheceram nisto o castigo de Deus, pela morte injusta de S. Tiago. O corpo foi, em 572, transferido para Constantinopla, e se encontra hoje na Igreja "Dodeci Apostoli" em Roma.

De Tiago possuímos uma epístola, a primeira das sete epístolas do Novo Testamento.

Esta epístola reprovada por Lutero, (que lhe deu a nota de "epístola de palha") é reconhecida autêntica por Clemente de Roma, Hermas Origenes e pela tradição.

(*) Descendente de Rechab; pai de uma tribo nômade, gente religiosa, e por isso considerada entre os judeus.

Reflexões

1. Desde que trouxe o conhecimento de Cristo a S. Filipe, este tudo fez para também conduzir outras pessoas a Nosso Senhor. Deus espera de nós o mesmo: que nos prevaleçamos do conhecimento certo da verdade para aumentar o reino de Cristo na terra. Ai daqueles que não o fizeram ou até que, pelo contrário, trabalharem pela propagação do erro e pelo estabelecimento do reino do príncipe das trevas. Quem uma vez contribuiu com o exemplo e palavra para dar escândalos a outros, motivo tem para chorar a vida toda o mal que fez, e tudo deve fazer para ver se paralisa os efeitos perniciosos de suas ações. Converter os pecadores, reconduzir os errantes ao caminho da verdade é obra de sumo merecimento. "Se alguém, entre vós, se desviar da verdade e algum outro o reconduzir ao bom caminho, deve saber, que aquele que fizer converter-se um pecador do erro do descaminho, salvará a sua alma da morte, e cobrirá a multidão dos pecadores". (Tg. 5, 19, 20). E, pelo contrário: "Ai! de vós, escribas e fariseus hipócritas, que fechais o reino dos céus diante dos homens: pois nem vós entrais, nem aos que entrariam deixais entrar". (Mat. 23, 13). Mais miseráveis e desgraçados serão aqueles, que trabalharem contra o reino de Cristo, afastando as almas do conhecimento da verdade, conduzindo-as à eterna perdição.

2. S. Tiago reza pelos inimigos, cumprindo assim a ordem do Mestre e imitando-lhe o sublime exemplo. Também nós devemos perdoar aos nossos inimigos e rezar por aqueles que nos fizerem mal, se, aliás, queremos ser perdoados por Deus. "Se perdoardes as ofensas que tendes recebido deles: também vosso Pai celestial perdoará os vossos pecados. Mas, se não perdoardes aos homens, tão pouco vosso Pai perdoará os vossos pecados". (Mt. 6, 14, 15). Outro sentido não podem ter as palavras que Nosso Senhor nos manda recitar no Padre Nosso: "Perdoai-nos as nossas dívidas como nós perdoamos aos nossos devedores", isto é, perdoai-nos à medida que nós perdoamos.

Santos, cuja memória é celebrada hoje

No Egito a festa do profeta Jeremias, o segundo na série de grandes Profetas. Santificado já antes do seu nascimento, começou sua missão de profeta na idade de 15, segundo outros, de 20 anos. Jeremias era sacerdote, mestre, profeta e apóstolo. Sua vida foi uma série ininterrupta de sofrimentos e provações. A destruição de Jerusalém determinou sua fuga para o Egito. Parece certo que os judeus o lapidaram; certo também é que o enterraram com todas as honras. Seu livro de profecias prima pela beleza estilística, e profundezas de sentimentos. Seu túmulo era muito visitado pelos fiéis. A areia que dele tiravam, tinha aplicação contra mordedura de cobras.

Na França a memória do subdiácono Andéolo, discípulo de S. Policarpo. Deixou a vida sob os golpes assassinos dos pagãos.

Em Huesca, na Espanha, o martírio de Oriêncio e Pacienclada, mãe do arquidiácono e mártir S. Lourenço, 364.

Em Forli, na Itália, a comemoração de S. Peregrino Lacioso. Antes de sua conversão era homem impulsivo e iracundo. Foi ele quem deu uma bofetada no legado pontifício, S. Filipe Benício. Profundamente impressionado pela mansidão do santo homem, pediu humildemente perdão, que imediatamente lhe foi concedido com a recomendação, porém, de emendar sua vida. Peregrino entrou na Ordem dos Servitas. Certa ocasião foi acometido de um mal gravíssimo, que imperiosamente exigia a amputação de uma perna. Peregrino se arrastou à capela, em ardentes preces diante do SS. Sacramento procurou conformar sua vontade com a de Deus, e adormeceu. Quando acordou, para sua e admiração de todos, estava curada a perna, sem ter deixado cicatriz. 1345.

Em Son-Tay, na China, o martírio do bem-aventurado Agostinho Schoefler, do Seminário de Paris. 1851.

Referência: Na luz Perpétua, 5ª. ed., Pe. João Batista Lehmann, Editora Lar Católico – Juiz de Fora – Minas Gerais, 1959.

Comemoração: 1 de maio.

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