São Gregório Nazianzeno

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Santos de julho

Santo do dia 9 de maio
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São Gregório Nazianzeno

São Gregório Nazianzeno, Bispo e Doutor da Igreja

(† 389)

São Gregório, o "teólogo", um dos três grandes Capadócios, era natural de Nazianza, onde nasceu em 300, de uma família de Santos. O pai, Gregório, a mãe, Nona, os irmãos, Cesário e Gorgônia, figuram no catálogo dos Santos da Igreja. Vivendo em tal atmosfera, não é de admirar que também Gregório enveredasse pelo caminho da perfeição cristã. Moço ainda, teve um sonho extraordinário: "Parecia-me — disse ele — que via duas senhoras formosíssimas, representando uma a castidade, outra a sobriedade. Ambas me acariciaram, como se fosse seu filho e convidaram-me a segui-las. "Vem conosco, disseram-me e nós te levaremos até à luz da imortal Trindade." Desde aquele momento, vivia em Gregório, a resolução de permanecer no estado virginal.

Após os primeiros estudos de gramática, frequentou as escolas célebres de filosofia de Cesaréia, Alexandria e Atenas. Nesta última cidade conheceu São Basílio, com quem se ligou por laços de íntima amizade.

Unidos por uma afinidade de sentimentos, os dois jovens segregavam-se dos estudantes frívolos, evitavam o jogo, fugiam da ociosidade de outros vícios que quase sempre aderem à mocidade, dedicando-se unicamente ao estudo e às práticas de piedade. Terminado o curso, Basílio voltou para sua terra; Gregório, porém, ficou em Atenas, onde lecionou retórica, matéria em que ninguém o alcançava.

Foi neste tempo, que também Juliano que mais tarde veio a ser apelidado o Apóstata, estudava em Atenas. Gregório, ao ver os costumes dissolutos deste príncipe, exclamou: "Que monstro o império romano está criando!" Predisse também que na hipótese de Juliano um dia chegar a subir ao trono, o Cristianismo nele haveria de conhecer o maior inimigo e mais implacável perseguidor. Gregório não se enganou.

Passados alguns anos, Gregório voltou para sua terra, onde recebeu o santo Batismo. O único desejo que nutria então era ter uma vida oculta em Deus, longe das vaidades do mundo. Para ter mais facilidade em dedicar-se às práticas da vida religiosa, procurou o amigo Basílio no deserto, passando com ele alguns dias em exercícios de jejum, oração e leitura espiritual. De pouca duração foi este tempo, cheio de consolações e graças divinas. O pai de Gregório, ancião de oitenta anos, e Bispo de Nazianza chamou-o para perto de si e administrou-lhe o santo sacramento da Ordem.

Gregório retirou-se clandestinamente de Nazianza, para procurar novamente o doce remanso, na companhia de Basílio. A este amigo queixou-se amargamente de o terem feito sacerdote.

Cedendo a repetidos pedidos do pai, voltou para Nazianza, onde, com muito proveito, se dedicou à pregação. O amigo Basílio que por sua vez fôra nomeado Bispo de Cesaréia, pediu, com insistência, que Gregório aceitasse a diocese de Sasina, na Capadócia, onde a marcha progressiva das heresias reclamava enérgica resistência. Gregório aceitou a direção da diocese. Quando, porém, apareceu um outro candidato, com provas problemáticas de direito à mitra de Sasina, Gregório imediatamente lhe cedeu o lugar, para trabalhar como Bispo coadjutor de Nazianza, até a morte do velho pai (373). Como os bispos da província demorassem em nomear um sucessor do Bispo falecido, Gregório retirou-se para Seleucia, metrópole de Isauria, onde viveu cinco anos. Ali o encontrou a notícia dolorosíssima da morte do amigo São Basílio.

Em 378 morreu o imperador Valente, que tinha sido braço forte do Arianismo. Para a Igreja chegou uma época de paz, a qual São Gregório, a pedido de vários Bispos, aproveitou para uma viagem a Constantinopla, onde a heresia, devido à proteção do imperador, tinha feito grandes progressos. Gregório desenvolveu todo o zelo na defesa da fé católica e na conversão dos hereges. Pouco tempo depois foi nomeado Bispo de Constantinopla, com o título de Patriarca.

Com a extraordinária energia, que lhe era própria, com a grande estima de que gozava, junto do imperador Teodósio o Grande, conseguiu Gregório, que todas as igrejas que se achavam em poder dos arianos fossem restituídas aos católicos. Proporções ameaçadoras tomou o ódio dos sectários, os quais resolveram a morte do Patriarca. O assassino, por eles contratado, a título de fazer-lhe uma visita, veio procurá-lo no palácio, Deus, porém, tocou o coração do criminoso, o qual, estando a sós com o Patriarca em vez de se atirar contra ele, caiu de joelhos e, confessando o plano tétrico, pediu humildemente perdão. Gregório disse-lhe: "Pede perdão a Deus, que me salvou. Nada mais exijo, senão que abandones a heresia".

Os sofrimentos não lhe vieram só da parte dos hereges: também os católicos lhe prepararam cruz pesada.

Entre os próprios Bispos surgiu uma grande dissidência, porque alguns consideraram ilegal a elevação de Gregório à Sé Patriarcal.

Gregório fez-lhes ver que, se ocupava a Sé Patriarcal, não era porque a tivesse desejado, mas porque o haviam obrigado a aceitar o cargo. Vendo, porém, que alguns se lhe mostravam inacessíveis às razões e, receando maiores perturbações, por ocasião de uma conferência episcopal, levantou-se e dirigiu-se aos Bispos nestes termos: "Amadíssimos colegas e co-pastores do rebanho de Cristo! Não vos ficaria bem, se vós, que deveis pregar a paz aos outros, quisésseis viver em discórdia. Se achardes que sou o causador desta desunião, atirai comigo ao mar e haverá paz; pois não me julgo mais santo que o profeta Jonas. Minha consciência de nada me acusa e considero-me inocente das culpas de que me acusais, mas para que cesse a discórdia, prefiro sacrificar-me".

Estas palavras Gregório disse-as com toda a calma, humildade e mansidão e, tendo terminado, despediu-se de todos e abandonou o recinto. Imediatamente se dirigiu ao imperador, ao qual comunicou a resolução de renunciar. Não foi sem dificuldade que obteve o consentimento de Teodósio para a retirada.

Pela última vez subiu ao púlpito da catedral e despediu-se dos diocesanos. Aqueles que mais se deviam alegrar com sua saída, aos libidinosos e ímpios, cujos vícios tantas e tantas vezes verberara, sem dó e sem misericórdia, dedicou as seguintes palavras: "Batei palmas e alegrai-vos! Exclamai em altas vozes: esta língua que tanto nos aborrecia e importunava, não mais nos molestará. Sim, nada mais dirá. Mas ficou a mão; pena e tinta não faltarão, para entrar na luta". Terminando, disse: "Peço-vos meus queridos filhos, que guardeis fielmente o que vos ensinei. A graça de Nosso Senhor Jesus Cristo esteja com todos vós. Amém". Este sermão de despedida profundamente impressionou o auditório; muitos choraram. Para impedir-lhe a saída, os diocesanos empregaram todos os meios, mas Gregório ficou firme no propósito, e retirou-se para sua terra, onde fixou residência num sítio chamado Arianzo que herdara do pai.

Gregório alcançou uma idade muito avançada. Doença contínua prendeu-o ao leito, por muitos anos. Em meio dos sofrimentos, achou conforto na oração e na meditação. De quando em vez pegava da pena, para escrever contra o arianismo ou para animar os católicos à perseverarem na fé. Deus permitiu que este santo homem, tão provado na virtude, fosse constantemente perseguido por tentações as mais atrozes, contra a pureza de coração. Na oração e na penitência achou Gregório o meio mais poderoso para as combater.

Foi ainda por permissão de Deus que homens sem consciência, para o desprestigiar, o caluniaram de uma maneira indigna. Chegaram até a acusá-lo perante o Bispo de Tyaner, de vícios depravantes. Gregório sofreu tudo com resignação e paciência, perdoando de coração aos caluniadores.

Gregório morreu santamente, em 389. No tempo das cruzadas as relíquias do Santo foram transportadas para Roma.

Reflexões

1. Por uma pequena falta no falar S. Gregório impôs-se uma penitência de quarenta dias de silêncio. Quantas faltas não cometemos pela língua, e — faltas graves como sejam: mentiras, maledicências, difamações, juízos temerários e injustos, más conversas, etc. etc., muitas vezes nem temos consciência do mal que praticamos, tão enraizado se acha em nós. Nem por isso estamos livres de responsabilidades; nem por isso será mais suave o juízo de Deus, que nos espera. Quem tem mau hábito de pecar pela língua, deve andar sempre de sobreaviso e observar muito bem a si próprio. De grande efeito é esta vigilância, unida à penitência, que se deve seguir, sempre que a nossa consciência nos acusar de uma falta. Penitências que devemos então praticar, são: dar uma esmola, visitar um doente, impor-se um silêncio rigoroso, durante um determinado espaço de tempo, etc.

2. Para evitar rixas e contendas, S. Gregório renunciou à posição de Bispo. Um cristão verdadeiro será sempre fiel conservador da paz e da concórdia. Ódio, rancor, são contrários ao espirito de Cristo, e indignos de quem lhe traz o nome. "Foge das contendas, diz o Espírito Santo, e diminuirás os pecados". (Ecl. 28, 10). "Quem ama a contenda, destrói o amor do próximo e é causador de ódios e inimizades". (S. Lourenço Justiniani). A ira será vencida só pela mansidão e pelo silêncio. "Uma palavra mansa quebra a ira, quando uma resposta áspera provoca o ódio. (Prov. 15, 1). "Para conter e vencer o homem mau e rancoroso, não há como o silêncio. Melhor é ceder ou tolerar, do que pagar ao pé da letra". (S. Crisost.). Observa estas regras e não te hás de arrepender.

Santos, cuja memória é celebrada hoje

Em Roma, a memória de S. Hermas, discípulo dos Apóstolos, de que S. Paulo faz menção na sua epístola aos Romanos. Opina-se que tenha sido bispo de Filipi e um dos 72 discípulos de Nosso Senhor.

Em Cagli, na Via Flamínia, S. Gerôncio, bispo de Cervia. De volta de um sínodo romano foi assassinado perto de Ancona. 501.

Na Pérsia, o martírio de 300 cristãos.

Referência: Na luz Perpétua, 5ª. ed., Pe. João Batista Lehmann, Editora Lar Católico – Juiz de Fora – Minas Gerais, 1959.

Comemoração: 9 de maio.

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