Santa Genoveva, Virgem
(† 511)
Santa Genoveva, a gloriosa Virgem, célebre por seus milagres, nasceu em 422, em Nanterre próximo de Paris. Dos pais, Severo e Gerôncia, recebeu uma educação esmerada, fundamento sólido de sua futura santidade. Contava sete ou oito anos, quando por Nanterre passaram os dois Bispos Germano de Auxerre e Lupo de Troyes, em demanda da Inglaterra, país ainda pagão, onde iam dedicar-se à obra da propaganda da fé. Grande multidão de povo aglomerou-se em redor dos dois apóstolos, pedindo-lhes sua bênção. Estavam presentes também Genoveva e seus pais. S. Germano, por inspiração divina, conheceu a menina e, dirigindo-se a Severo e Gerôncia, disse-lhes: "Felizes de vós, de possuirdes esta menina. Ela será grande diante de Deus e atraídos pela sua virtude, muitos pecadores abandonarão a senda do pecado e seguirão Jesus Cristo". À Genoveva deu o conselho de fugir da vaidade do mundo e procurar a felicidade na prática das virtudes. Em seguida deu-lhe uma medalha de cobre, que trazia a imagem da cruz e disse-lhe: "Leva esta medalha, como lembrança minha. Não ponhas nunca ouro, prata ou pedrarias, nem no pescoço, nem nos dedos, porque se não desprezares o enfeite mundano, jamais alcançarás a beleza eterna". Genoveva com os anos progrediu em virtude e santidade. Diferente das outras crianças, fugia dos divertimentos profanos e das vaidades; o desejo de ver, de ser vista, aliás tão próprio do seu sexo, e finalmente a convivência ou familiaridade com pessoas do outro sexo, a isca perniciosa do pecado, eram para Genoveva coisas completamente desconhecidas. Tinha por único prazer visitar a igreja. Quando uma vez, em dia de festa, a mãe de Genoveva, indo à igreja, não quis que a filha a acompanhasse, esta disse, chorando: "Com a graça de Deus quero cumprir a palavra que dei a S. Germano; irei à igreja, para merecer a honra que ele me prometeu". Gerôncia, num acesso de cólera bateu no rosto da filha. Por castigo veio-lhe uma cegueira, que durou 21 meses. Passado este tempo recuperou a vista, lavando os olhos três vezes com a água que Genoveva tirara da fonte e benzera com o sinal da cruz.
Aos quinze anos, Genoveva fez o voto de castidade, nas mãos do Bispo de Paris, e recebeu o véu sagrado. Desde esse dia, penitências e mortificações lhe ocupavam grande parte do tempo, pois muito bem sabia que a flor delicadíssima da pureza do coração não pode desenvolver o seu encanto numa vida ociosa e de comodidades. Tinha por alimento pão de cevada, por bebida água da fonte, por leito o chão. Apesar da sua vida santa e retraída, não logrou fugir da língua bífida da calúnia e maledicência. Genoveva não se perturbou; antes se encheu de satisfação por poder sofrer alguma coisa pelo nome de Jesus. Passado pelo crisol do sofrimento, ainda mais esplendorosa lhe brilhava a santidade. Deus envergonhou os caluniadores pelos grandes milagres que fez por intermédio de sua humilde serva. O fantasma da fome, que dizimava a população de Paris, retrocedeu em face das orações de Santa Genoveva. Tremiam os parisienses na expectativa de ver a cidade arrasada pelo ímpeto irresistível das hordas de Átila. Genoveva tranquilizou-os, predizendo uma mudança nos planos do temido "flagelo de Deus". De fato Átila viu-se obrigado a sacrificar grandes vantagens e desviar as ondas devastadoras de seu exército. Estes e outros fatos de interesse público fizeram com que todos enxergassem em Genoveva uma grande alma, privilegiada por Deus.
O próprio rei Childerico tinha-a em grande conta. A pedido da Santa, muitas vezes, anistiou a réus, condenados à morte. Clovis, à iniciativa de Genoveva, construiu uma Igreja, dedicada a S. Pedro e S. Paulo.
Genoveva entretinha uma devoção terníssima à Santíssima Virgem e aos Santos Martinho e Dionísio. Mandou construir um templo no lugar onde São Dionísio derramara o sangue, em testemunho da fé. Genoveva morreu na idade de 89 anos.
A cidade de Paris venera-a como padroeira. Em tempos bem críticos, a capital da França tem experimentado a valiosa proteção de sua defensora. Em 1130 apareceu uma epidemia, chamada "o fogo", que transformou a cidade em grande hospital e causou muitas mortes. O povo apavorado fez preces públicas suplicando ao céu misericórdia. Já existiam aproximadamente 1.400 doentes em Paris, quando a população resolveu organizar uma grande procissão, na qual foram levadas as relíquias de Santa Genoveva. A procissão realizou-se e a epidemia extinguiu-se como por encanto.
As relíquias da Santa foram queimadas no ano de 1793 e sua igreja transformada no Pantheon.
Santa Genoveva – Da vida da Santa, editada por Charpentier. Boland. Tillemont, Raeese Welas.
Reflexões
1. Um dos maiores crimes de que os judeus se fizeram culpados, foi o de terem sacrificado os próprios filhos aos hediondos ídolos dos pagãos, uma vez que se desligaram da lei, que os obrigava ao culto do verdadeiro Deus. Jesus Cristo ameaça de maldição eterna aqueles que, dando escândalo aos pequenos, causadores se lhes tornam da perdição. Que sorte será daqueles pais que, esquecidos dos seus deveres mais sagrados para com os filhos, os entregam aos ídolos da vaidade, do orgulho, da sensualidade e do amor ao mundo, implantando-lhes nos corações os princípios ímpios do século moderno! É uma crueldade sem nome praticada por muitos pais, que, em vez de dar aos filhos uma educação sólida, sobre o fundamento da Religião Católica, os educam para o mundo, entregando as almas prediletas de Nosso Senhor, ao demônio da vaidade e da luxúria. A alma da criança é igualmente acessível à vaidade e ao vício. É cera na mão daquele que a formar. Se a criança, em vez de ouvir os doces ensinamentos da religião de Nosso Senhor, receber diariamente instruções sobre moda, sobre a arte de atrair as amizades do mundo, sobre galanteios e namoros; se riqueza, bom casamento e toda a sorte de divertimentos lhe são apontados como os bens mais desejáveis nesta vida, claro está que o caráter da criança em formação se perverte, não havendo mais lugar para a compreensão da vida religiosa, da prática das virtudes por amor de Deus, da imitação dos exemplos grandiosos de virtude como os apresenta a vida dos Santos.
2. Da vida de Santa Genoveva, donzelas e moços podem aprender que, para conservar a inocência, não há melos mais idôneos que estes: a fuga das ocasiões de pecar, amor ao trabalho, dedicação à oração e aversão aos divertimentos profanos. Jovens, que dão toda liberdade aos sentidos, principalmente aos olhos; jovens, que se sentem bem na companhia de pessoas mundanas; jovens, que avidamente se entregam aos divertimentos, por mais licenciosos e perigosos que como tais sejam acoimados; jovens, que não rezam e qualificam a oração de ocupação inútil; se não já perderam a inocência, não estão longe disto. Oxalá todos os jovens queiram aceitar o conselho do Espírito Santo, que diz: "Meu filho, quando os pecadores te chamarem, não lhes dês ouvido!" - 0 veneno do pecado está muitas vezes escondido nas coisas que mais nos agradam, e que adulam aos nossos sentidos. Na prática da virtude, porém, estão depositadas a tranquilidade da consciência, o sossego do espírito, a amizade com Deus e muitas vezes a saúde do corpo e a felicidade cá na terra.
Santos, cuja memória é celebrada hoje
Santo Antero Papa e Mártir. Com grande diligência colecionou as atas dos Mártires. Faleceu em 236.
S. Florêncio, Bispo de Vienne (França). Morreu no exílio, vítima da perseguição de Galliene. Faleceu em 258.
S. Pedro Bálsamo, Mártir. Depois de muitos maus tratos, morreu crucificado em Aulona (Samaria).
Santos Cirino Primo e Theogenes, mártires na província de Hellesponte, Ásia Menor. Faleceu em 320.
S. Daniel, diácono do Bispo S. Prosdócimo de Pádua (Itália), mártir. Padroeiro das famílias, que têm seu chefe na guerra. É invocado para achar objetos perdidos.
Referência: Na luz Perpétua, 5ª. ed., Pe. João Batista Lehmann, Editora Lar Católico – Juiz de Fora – Minas Gerais, 1959.
Comemoração: 3 de janeiro.
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