São João Batista de La Salle

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Santos de julho

Santo do dia 15 de maio
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São João Batista de La Salle

São João Batista de La Salle

(† 1719)

Em Rheims, na rua de l'Arbatete, existe a casa onde S. João Batista de la Salle nasceu, aos 30 de abril de 1651. Seu pai, Louis de la Salle, que ocupou o cargo de conselheiro do supremo tribunal, era descendente de família fidalga, cujas origens remontam aos tempos de Carlos Magno. A mãe, igualmente de nobre estirpe, era filha do Senhor de Moet de Brouillet, conselheiro real do Supremo tribunal.

Ambos nobres de origem, não o eram menos de caráter e de virtude. A vida corria feliz à família de la Salle, e sete eram os rebentos com que Deus enriqueceu o lar abençoado. João Batista era o mais velho dos filhos, quatro homens e três mulheres. Uma das filhas fez-se religiosa do convento de Santo Estevão em Rheims; dois filhos vieram ocupar cargos elevados no clero secular. João Batista, batizado com um dia de idade, evidenciou-se em seguida entre os seus irmãos o mais privilegiado.

A beleza de sua alma cândida produzia seu reflexo natural no olhar angelicamente puro da criança, como em toda a aparência exterior do menino, que desde a mais tenra idade mostrou indícios de futura santidade. A piedosa mãe soube implantar no coração de seu filhinho um grande amor à oração e a tudo que se relaciona ao serviço de Deus. Assim o pequeno João Batista era visto muitas vezes deliciar-se no arranjo de um pequeno altar, no qual, com encantadora simplicidade infantil imitava as cerimonias litúrgicas, como as tinha visto realizadas na casa do Senhor. O primeiro professor do menino foi seu próprio pai. Na família de la Salle cultivava-se a música, tanto a profana como a religiosa, e era desejo do preclaro chefe, que os filhos todos tomassem amor à esta bela arte. Todas as semanas realizava-se uma tarde musical no recinto familiar, e para esses concertos eram convidadas famílias amigas e concorriam os melhores artistas da sociedade de Rheims. Também João Batista havia de tomar e tomava parte nestas exibições de bom gosto artístico, não deixando, porém, a ninguém em dúvida sobre o seu gosto, que dava preferência a peças de caráter religioso. O pai, percebendo esta predileção, e sabendo que seu filho era apreciador do canto dos Cônegos na Catedral, para lá o levava muitas vezes.

Desejavam os pais de João Batista, que seu primogênito seguisse carreira política. Os belos talentos do menino prognosticavam-lhe um brilhante futuro. Quando lhe perguntaram o que queria ser, respondeu-lhes: "Quero me consagrar a Deus e ser Padre". Longe de estranhar esta decisão, o pai replicou: "Pois bem, meu filho, não o disputaremos a Deus; escuta a sua voz e segue para onde Ele te chama. João Batista, depois de ter recebido o sacramento da confirmação, foi incorporado ao número dos coroinhas e, aos onze anos, recebeu a Tonsura. Na idade de 16 anos foi nomeado Cônego da Catedral de Rheims, cargo que o punha a salvo contra possíveis carências econômicas, mas que em nada o fez mudar no seu modo de servir a Deus. Um dos colegas declarou a seu respeito, dizendo: "O Sr. de la Salle é para todos nós modelo em pontualidade e inocência". A educação cristã que de seus pais recebera, fê-lo rapidamente seguir o caminho da santidade, recorrendo para isso a obras de rija penitência. Seu leito eram umas tábuas, e muitas horas da noite passava em oração.

Menino, frequentava boas escolas e com brilho fez os estudos de filosofia. Na idade de 18 anos, com o título de "Mestre das artes livres", se matriculou na célebre Universidade de Paris, "la Sorbonne", e foi residir no Seminário "Saint Sulpice", fundação do Padre Olier.

Foi nesse seminário, que João Batista pela primeira vez teve ocasião de se pôr em contato com a infância, e entre as crianças desenvolver seus talentos de futuro mestre. 4.000 crianças enchiam semanalmente os salões do seminário, e o diretor, Pe. Tronson destacava os seminaristas para dar-lhes aula de catecismo. Além disto, existia entre os clérigos estudantes um Apostolado de oração, instituição para pedir a Deus vocações de bons e virtuosos mestres e professores.

18 meses passou o santo jovem naquela casa de formação e na Universidade, com ótimo aproveitamento nos estudos era sua formação ascética.

Com a saída do seminário, começou para de la Salle uma série, um verdadeiro curso de sofrimentos e provações, que teve seu término no dia da sua despedida deste mundo. Neste curso, com a graça de Deus se aperfeiçoou na prática das mais elevadas virtudes, que o elevavam à culminância da perfeição cristã. No espaço de dois anos, perdeu, pela morte, a mãe e o pai. Contava ele 21 anos. Vontade do pai agonizante foi que João Batista, dos filhos o mais velho, tomasse conta dos seus irmãos menores.

Voltou para Rheims, onde por algum tempo tudo parecia se conjurar contra seu plano de, mais tarde, como sacerdote servir a Nosso Senhor e à Santa Igreja. Entre os próprios parentes houve, quem o acoimasse de esquisitão, carecido de todo o tino administrativo, que, sendo tutor de seus irmãos, antes ele mesmo devia ter quem dele tomasse conta. De la Salle pouco se lhe dava das críticas as mais ousadas e descaridosas, e não perdia de vista seu ideal de um dia ser ministro do Senhor. Em 1678, no Sábado de Aleluia, recebeu o sacramento da Ordem e no dia seguinte celebrou pela primeira vez o sacrifício da santa Missa.

Já no ano de 1679 começou a obra, à qual a Divina Providência o tinha destinado. Com inúmeras dificuldades de toda a espécie, fundou a sua escola, e com verdadeiro espírito apostólico se dedicou à formação dos professores, aos quais deu um regulamento de vida. No meio de todos esses trabalhos achou ainda tempo, para continuar os estudos teológicos, e em 1681 a faculdade teológica de Rheims conferiu-lhe o título de doutor.

A profissão de professor não gozava de grande reputação; e por esta razão não era ambicionada. De la Salle via justamente na formação de professores e mestres a missão, que Deus lhe tinha confiado, e a ela em seguida se dedicou de corpo e alma. Passados poucos anos via-se rodeado de um considerável número de jovens candidatos ao magistério. Em 1684, em número de doze, reuniram-se todos para uma conferência, na qual resolveram fazer um retiro de 17 dias. Terminado este, iriam emitir os votos de obediência, de pobreza e castidade. A grande solenidade se realizou na festa da SS. Trindade do mesmo ano. De la Salle por sua vez fez o voto de obediência pelo tempo de um ano. Feito o voto, foram ao Santuário de N. Sra. de Liesse, para consagrar a nova instituição à Nossa Senhora. "Quero, — declarou de la Salle nesta ocasião — que Maria seja a Rainha e guia das escolas", e os jovens professos tomaram o título de "Frères des écoles chrétiennes", "Irmãos das Escolas Cristãs".

Estava, pois, fundada a Congregação. Reinava nela o espírito de profunda piedade, de abnegação e penitência, e todos eram "um só coração e uma só alma". Em seu Pai e Superior viam o mais perfeito modelo de humanidade, e todos lhe votavam a mais sincera veneração. Grandes eram os sacrifícios que a pobreza lhes impunha, e não raro, eram alvo do escárnio e de maus tratos do poviléu.

A graça de Deus, porém, acompanhava a obra, e a proteção divina tornou-se-lhe visível. Pessoas de destaque social começaram a interessar-se pelas "Escolas Cristãs" de De la Salle; em breve foi preciso realizar fundações em Paris e outras cidades. Em 1700 inaugurou-se um primeiro "seminário", com a finalidade de formar mestres de escolas, que ao mesmo tempo pudessem prestar serviços de sacristão. Neste seminário ensinava-se, além da doutrina cristã, outras matérias a saber: pedagogia, teórica e prática, leitura, escritura, gramática, aritmética, física e canto litúrgico.

Houve um período que a novel Congregação experimentou as malquerenças da classe dos professores leigos, que pela atividade dos Irmãos viam-se prejudicados em seus interesses profissionais. Foi preciso fechar uma série de florescentes estabelecimentos. A calma porém, voltou, e muitos adversários se tornaram amigos e admiradores da obra de De la Salle.

João Batista de la Salle teve a satisfação de ver sua obra florescer em toda a França. Cabe-lhe o grande merecimento de ter elevado o conceito do professorado. Fundou uma Congregação religiosa de professores, à qual se afiliaram milhares de membros. Deu à sociedade contemporânea a grande lição de compreender, que também os filhos mais pobres do povo têm direito a uma sólida instrução e a uma boa educação. Em de la Salle aparece-nos o fundador da escola modelo, das escolas técnicas dominicais. Para os seus religiosos escreveu diversos livros pedagógicos e ascéticos. Sua obra principal é o livro intitulado: "Deveres do cristão", em 3 volumes que foi difundida em centenas de milhares de exemplares. Sem dúvida alguma De la Salle tem sido um dos maiores, senão o maior pedagogo do seu século.

Em 1779 a Congregação contava 750 Irmãos, possuía 114 escolas, frequentadas por 31.000 alunos. A revolução francesa obrigou os religiosos a fechar todos os seus estabelecimentos.

Os Irmãos, cujo número se tinha elevado a 800, se dispersaram; alguns, citados perante tribunais da Comuna, como se negassem a prestar o juramento constitucional, foram executados, outros, sujeitos a bárbaros tormentos nos cárceres provinciais.

Com a morte de Robespierre voltaram tempos mais tranquilos. Os Irmãos puderam voltar, e a 3 de dezembro de 1802 por decreto do cônsul Napoleão, a Congregação foi restabelecida em todos os seus direitos. Os anos de 1830 e 1852 foram ainda de duras provações para os Irmãos das Escolas Cristãs. A Congregação se acha hoje estabelecida em quase todos os países da Europa, e em todos os continentes. Em 1913 se compunha de 13.000 religiosos, distribuídos entre 723 casas.

Os Irmãos das Escolas Cristãs no Brasil se estabeleceram em 1907. Exercem sua nobre atividade no Rio Grande do Sul, no Rio de Janeiro e em Minas Gerais.

S. João Batista de la Salle teve uma santa morte na Sexta-Feira Santa, aos 7 de abril de 1789. Suas relíquias descansam na Capela da "Casa Generalícia", em Roma.

Em 19 de fevereiro de 1888, o Papa Leão XIII publicou o decreto da sua beatificação e em 24 de maio de 1900 o mesmo Papa Leão XIII, inseriu seu nome no catálogo dos Santos. Sua festa é celebrada em 15 de maio.

Santos, cuja memória é celebrada hoje

Na Espanha, os Santos Torquato, Ctesifon, Secundo, Hesíquio, Eufrásio e Imalécio, todos sagrados bispos pelos próprios apóstolos e primeiros missionários da Espanha.

Em Evora, Portugal, o mártir São Mâncio. É opinião de muitos, que, tendo sido denunciado pelos judeus, foi condenado à morte e executado por ordem do Imperador Trajano. (ca. 100).

Referência: Na luz Perpétua, 5ª. ed., Pe. João Batista Lehmann, Editora Lar Católico – Juiz de Fora – Minas Gerais, 1959.

Comemoração: 15 de maio.

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