Santo Agostinho de Canterbury

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Santo Agostinho de Canterbury

Santo Agostinho de Canterbury, o Apóstolo da Inglaterra

(† 604)

Agostinho, o santo Beneditino, é na história das Missões conhecido como o Apóstolo da Inglaterra. Verdade é, que já antes do império de Constantino o cristianismo fizera sua entrada naquele país, como testemunham os três bispos de York, Londres e Lincoln, quando presentes no concílio de Arles (314). Os aborígenes da Inglaterra, os bretões celtas, estavam bem organizados cristãmente, mas sentindo-se constantemente molestados pelos vizinhos pagãos, os Pictos e Scotos, chamaram em sua defesa os anglo-saxões, como estes, pagãos. Os anglo-saxões que vinham do norte da Alemanha de defensores que deviam ser, tornaram-se senhores do país, e deslocaram os primitivos habitantes das suas propriedades, obrigando-os a se estabelecer nas províncias do oeste, em Wales, Cornal e Norte da França, chamado Armorica, que teve seu nome mudado em "Bretagne", denominação que lhe ficou até os nossos dias. Com esta invasão de elementos pagãos estava o cristianismo condenado a desaparecer e desapareceu. Quem iria levar aos audaciosos conquistadores pagãos as bênçãos do cristianismo, se a Santa Sé para isto não tomasse a iniciativa? Esta iniciativa foi tomada, e é ao Papa, que a Inglaterra deve sua civilização cristã, de que foi portador o monge beneditino Agostinho.

Governava a Igreja o grande Gregório, da mesma Ordem de S. Bento. Teve ele notícia do enlace de Etelberto de Kent, do mais poderoso monarca da heptarquia anglo-saxônica, com a cristã Berta, filha de Ceriberto, rei de Paris, falecido na excomunhão. Gregório, quando abade do seu mosteiro em Roma, ardia em desejo de como missionário ser enviado a Inglaterra para pregar a doutrina de Cristo aos Anglos. Não lhe foi dado, realizar em pessoa esta missão, mas elevado a cadeira pontifícia, com seu sucessor Agostinho insistiu, para que este se incumbisse da tarefa de apóstolo da Inglaterra. Agostinho, com 39 monges, em 596, pôs-se a caminho, e por cautela, foi primeiro ter com alguns Bispos e Grandes da Glória, que todos, unanimemente por diversos motivos lhe desaconselharam prosseguir viagem e realizar fundações na Inglaterra. Disto sendo o Papa informado, com mais empenho insistiu no prosseguimento da missão; muito animou os missionários e muniu-os de valiosas recomendações.

Levaram consigo bons intérpretes e no mesmo ano chegaram à ilha de Tanet, onde o próprio rei os veio visitar, e licença lhes deu para encetar sua atividade missionária. Fez mais: convidou-os para fazer uma fundação na capital Doroverno, hoje chamada Canterbury, onde existia uma igrejinha dedicada a S. Martinho, na qual a rainha costumava fazer exercícios de piedade. Em breve a cidade de Doroverno veio a ser o centro da missão e já em junho de 597 o rei recebeu o sacramento do batismo.

Ao Vigário Apostólico das Gálias, ao arcebispo Virgílio de Arles, Agostinho se pôde apresentar, portador do mais lisonjeiro relatório da missão beneditina na Inglaterra. O mesmo Prelado, por ordem do Papa, conferiu-lhe a sagração episcopal. De Roma vieram missionários em maior número, ricamente provisionados pelo próprio Papa. Já na festa do Natal de 597 foram batizados 10.000 anglos. A Missão se desenvolveu admiravelmente, tanto que Gregório em 601, enviou ao zeloso missionário o Palium, com as faculdades de criar dioceses na Inglaterra. Existia o plano de estabelecer duas Metrópoles, as de Londres e York com 12 bispados sufragâneos. Sendo, porém, Canterbury o centro político, permaneceu a sede arquiepiscopal até no ano de 1850, quando foi criada a arquidiocese de Westminster. Das outras criações efetivaram-se apenas duas, a da diocese de Londres (604) sendo Melito o primeiro Prelado, e a de Rochester, com o primeiro Bispo Justo.

Agostinho se conservou sempre em vivo contato com o Papa Gregório, quer por correspondência, quer por comissários e delegados. De Sua Santidade pediu instruções, as mais minuciosas. Célebres tornaram-se as decisões do Papa sobre a liceidade de acomodações a usos e tradições dos pagãos.

Regras e determinações regulamentares deste gênero datadas daquele tempo tiveram sua aplicação em outros campos da ação missionária medieval, e são novamente tomadas em consideração.

Santo Agostinho possuía o dom de milagres. Referindo-se a este carisma, o Papa lembrou-se da misericórdia de Deus que a confere não como um privilégio pessoal, mas antes para converter os pagãos e fortificar os fiéis na fé, que abraçaram. Aos sacerdotes bretões, por se terem negado a lhe prestar auxílio na obra da conversão dos anglo-saxões, predisse grave castigo que sobre eles viria. Disse-lhes: Não quisestes comunicar a vida aos Anglo-saxões; pois serão eles que vos trarão a morte". Pouco tempo depois o rei Etelfredo de Northumbria atacou os bretões e mandou passar pelo fio da espada 1.200 sacerdotes por terem tomado parte numa campanha contra ele. O mosteiro de Bangar foi reduzido a um montão de ruínas.

Santo Agostinho morreu em 604. Sua memória é celebrada em 28 de maio.

Reflexões

Na vida e no apostolado de Santo Agostinho temos mais uma prova de que a maior parte do povo inglês deve a sua civilização cristã ao Papado, do qual tão atrozmente se viu separado no século 16 pela apostasia do seu rei. Muito se tem rezado e muito se reza pela recatolização da Inglaterra, e há bons indícios de a nação inglesa encontrar o caminho da feliz volta.

Referência: Na luz Perpétua, 5ª. ed., Pe. João Batista Lehmann, Editora Lar Católico – Juiz de Fora – Minas Gerais, 1959.

Comemoração: 28 de maio.

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