São Bernardino de Siena

Letra inicial

Santos de julho

Santo do dia 20 de maio
Procurar:
São Bernardino de Siena

São Bernardino de Siena, O.F.M.

(† 1444)

São Bernardino, de que o Martirológico romano afirma ter sido um astro luminoso para toda a Itália, por causa de sua doutrina e santidade, nasceu em Massa, perto de Siena, em 1380. Cedo perdeu os pais e sua educação foi confiada a uma tia, de nome Diana, mulher de grandes e sólidas virtudes.

Menino ainda, manifestou Bernardino uma predileção declarada pela oração, pela vida religiosa e pelo estudo. Grande era o amor que tinha à pureza do coração. Não dando mau exemplo aos companheiros, também não tolerava que proferissem uma palavra sequer contra o pudor. Bastava-lhe a presença, para contê-los na linha. "Silêncio, aí vem Bernardino!" diziam interrompendo a conversa, pois sabiam que lhes importava uma repreensão.

Um homem que se atrevera a dizer palavras obscenas em presença de Bernardino, dele recebeu um tapa no rosto, com a intimação de não continuar a proferir obscenidades. Contra um outro despudorado recrutou um bando de meninos, que a pedradas o perseguiram até fora da cidade.

Diana tinha uma filha piedosíssima, de nome Tobia. Bernardino visitava-a de vez em quando, com o fim de receber salutares instruções. Um dia, lhe disse Bernardino que se achava enamorado de uma donzela formosíssima e lhe faltaria a paz e sossego, se não a procurasse diariamente. A piedosa Diana, ao ouvir esta declaração, não pouco se assustou, sem, porém, dar demonstração de desassossego. Para descobrir o segredo de Bernardino, observou-o atentamente e qual não foi a alegria e o consolo que sentiu, quando soube que a querida de Bernardino era Maria Santíssima, a Virgem Imaculada, cuja imagem belíssima se achava às portas da cidade. Para lá se dirigia Bernardino diariamente e permanecia em oração aos pés da imagem. Mais tarde confessou à prima, que era a Santíssima Virgem Maria, a quem devotava todo o amor e a quem invocava, sem cessar, para merecer-lhe a proteção no combate contra a tentação. Por amor de Maria o jovem jejuava aos sábados e praticava muitas obras pias e caridosas, em honra da divina Mãe. Aconteceu um dia que a tia despachasse um pobre, sem lhe dar uma esmola. Bernardino, vendo isto, disse-lhe: "Não despacheis este pobrezinho, sem lhe dar alguma coisa, por amor de Deus. De boa vontade dispenso o meu jantar, mas não deixeis o pobre passar fome".

Bernardino contava 20 anos, quando sua terra foi visitada pela peste. Com a maior dedicação tratou dos doentes no hospital, e esse exemplo generoso foi imitado por outros companheiros. Quatro meses durou este serviço hospitalar, quando se sentiu acometido por violenta febre. Reconvalesceu, porém, e foi morar num subúrbio de Siena. Com mais fervor ainda se entregou às práticas de piedade, para conhecer a vontade de Deus relativamente à sua vocação. Após longo exame, decidiu-se pelo estado religioso; pediu o hábito de S. Francisco, e foi admitido na Ordem. Terminando o noviciado, recebeu a ordem de pregar a palavra de Deus. Com todo o fervor se entregou a esta obrigação, e em pouco tempo adquiriu uma popularidade tal, que era chamado o Apóstolo da Itália.

De todas as cidades recebia convites para que as visitasse e se fizesse ouvir. As igrejas eram pequenas para comportar o povo, e em muitos lugares, as práticas eram feitas ao ar livre.

Em determinada cidade atacou com tanto vigor a jogatina, que não mais havia quem quisesse pegar no baralho. Apresentou-se queixoso ao Santo um homem, que vivia do fabrico das cartas de jogo; pois, tendo-se fechado as espeluncas, não mais vendia os dantes tão procurados artigos. Bernardino consolando-o, recomendou-lhe que fabricasse santinhos e objetos de devoção, no que foi atendido, e o homem, em vez de continuar queixoso, muito lhe agradeceu o bom conselho, pois muito maior lhe foi em seguida o lucro, com a venda destes produtos.

Também na própria Ordem, foi grande o bem que Bernardino fez, como pregador. Em todos os conventos franciscanos restabeleceu o espírito primitivo, concorrendo assim valorosamente para o incremento espiritual dos mesmos.

Entre as virtudes em que mais se distinguiu, cumpre frisar a humildade, a paciência e a pureza.

Três vezes foi-lhe oferecida a dignidade episcopal; uma vez pelo próprio Papa. Bernardino, porém, se negou a aceitá-la, alegando que esperava fazer maior bem no apostolado da pregação.

Mais de uma vez foi acusado de ter espalhado ideias heréticas. O Papa Martinho V, tendo dado crédito àquelas acusações, cassou-lhe a faculdade de pregador. O humilde frade sujeitou-se, sem protesto, a esta ordem duríssima, que pouco depois foi retirada, devido a melhores informações, fornecidas ao Papa.

Inimigos surgiram-lhe nas pessoas que mais se sentiram melindradas pelas suas verberações francas e evangélicas. Da parte destes vieram muitas calúnias e perseguições atrozes. Bernardino, porém, não se deixou intimidar. Curta e clara era sua defesa, e o resto entregava a Deus.

Quando pela primeira vez, em companhia de um irmão leigo, passava com a sacola pelas ruas de Siena, pedindo esmolas, uns meninos mal-educados os escarneceram e atiraram-lhes pedras. O companheiro, indignado com esta desconsideração, quis reagir e dar-lhes a merecida paga. Bernardino, porém, disse-lhe: "Deixa os meninos divertirem-se. Que mal faz? Não nos ajudam a ganhar o céu, dando-nos ocasião de praticar a paciência?

Em certa ocasião foi convidado por uma fidalga a procurá-la no seu palacete, Bernardino, na boa fé de receber uma esmola, para lá foi. Teve, porém, grande decepção. Em vez da esmola, como esperava lhe fosse dada, recebeu da mulher propostas indecorosas, com a ameaça de gritar por socorro e denunciá-lo, caso não quisesse atendê-la. O Santo empalideceu. Na sua ânsia e indignação, procurou um meio de sair-se desta horrível emboscada. Curta foi-lhe a hesitação. Tirou do bolso um azorrague e curtiu tão desapiedadamente a própria pele, que a tentadora não mais se lembrou da ideia infame e pediu-lhe humildemente perdão. Assim salvou Bernardino sua inocência.

No ano de 1444 o Santo se achava a caminho de Nápoles, onde ia pregar uma Missão. Chegando a Aquila, sentiu-se muito doente, tão doente, que pediu os Santos Sacramentos da Extrema Unção e do Viático. Pressentindo o desenlace, pediu que o deitassem no chão, sobre cinza, elevou os olhos ao céu e nesta posição entregou a alma ao Criador.

Seis anos depois da sua morte, em 1450, o Papa Nicoláu V o canonizou. O túmulo de S. Bernardino que se acha na igreja dos Franciscanos em Aquila, tem sido glorificado por muitos e grandes milagres.

Reflexões

1. S. Bernardino era inimigo de conversas impuras. Não só não profanava a língua com tais conversações, como também fugia das pessoas que tinham este vício detestável. Quem quer salvar a alma, deve evitar a impureza também nas palavras. Do que o coração está cheio, transborda a boca. Um coração impuro não pode agradar a Deus e é do Apóstolo São Paulo a palavra: "nenhum impuro entrará no reino dos céus". Lembra-te da presença de Deus, e estarás livre do perigo de cometer pecados contra o sexto mandamento.

2. Como a impureza, S. Bernardino combatia o jogo. S. Cipriano chama o jogo uma invenção diabólica, e chega a afirmar que um jogador não merece o nome de cristão e não pode ser amigo de Nosso Senhor. — Em si o jogo não é coisa condenável; mas há nele muitos perigos, que nos aconselham a maior cautela a respeito. Quem se entrega ao jogo, facilmente descuida das obrigações do próprio estado, desperdiça o tempo. Além disso dá o jogo ocasião a muitos pecados, como sejam: mentira, fraude, deslealdade, contendas, conflitos, blasfêmias e — suicídio. Feliz aquele que, como Sara, a mulher do piedoso Tobias, pode afirmar: "Nunca me meti entre os jogadores". (Tob. 3, 17).

Santos, cuja memória é celebrada hoje

Em Roma, o martírio de Santa Basília, Virgem, de sangue real, noiva contra sua vontade de um jovem de alta aristocracia, mas pagão. Insistindo ela na solução do contrato, o noivo denunciou-a pelo crime de pertencer a uma seita inimiga da pátria. Posta diante o dilema de contrair matrimônio com o acusador, ou morrer pela espada, Basília se decidiu pela segunda parte. A sentença, foi executada em 257.

Em Nimes, na França, o mártir S. Baudélio, descendente de família nobre. Colocado diante da intimação de abandonar sua religião e de prestar culto às divindades pagãs, confessou francamente sua convicção de cristão, embora soubesse que esta declaração lhe era a morte certa. Foi decapitado.

Em Bourges, na França, a memória do Bispo Confessor Santo Austregésilo.

Em Roma, a festa de Santa Plautila, mãe de Santa Flávia Domitila. Batizada por S. Pedro Apóstolo, discípula de S. Paulo, com este se encontrou, quando era conduzida ao lugar do suplício. Plautina se lhe recomendou, e Paulo pediu-lhe cedesse o véu, para na hora da execução ter com que vedar o olhos. Este véu tinto de sangue, o apóstolo, depois lhe restituiu numa visão. Plautina, crescendo de virtude a virtude, morreu na paz com Deus.

Referência: Na luz Perpétua, 5ª. ed., Pe. João Batista Lehmann, Editora Lar Católico – Juiz de Fora – Minas Gerais, 1959.

Comemoração: 20 de maio.

Produtos recomendados:

Compartilhe:

Assuntos