Santo Estanislau

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Santos de julho

Santo do dia 7 de maio
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Santo Estanislau

Santo Estanislau, Bispo e Mártir

(† 1079)

Polonês de origem, nasceu Estanislau em Sczepenow, de pais piedosos e ricos, que consideravam o primogênito como um presente do céu, visto que o matrimônio tinha ficado sem filhos, durante trinta anos. Estanislau recebeu uma educação primorosa, graça esta que retribuiu com um procedimento exemplaríssimo, dando, criança ainda, provas indubitáveis de futura santidade. Amor à oração, delicadeza de consciência e uma grande compaixão pelos pobres, eram-lhe os traços característicos da alma juvenil.

Para completar os estudos, os pais mandaram-no para Paris. Passados uns anos, na volta para Polônia, não encontrou mais os pais em vida. Tomou a resolução de realizar um plano, havia muito por ele acariciado: de entrar para o convento. Com este intuito, fez a distribuição de seus bens entre os pobres. O Arcebispo de Cracóvia, Lamberto, porém, conhecendo o grande talento de Estanislau e julgando-lhe utilíssima a cooperação na diocese, ofereceu-lhe o título de cônego. Neste encargo trabalhou até à morte do santo bispo, quando foi eleito sucessor do mesmo.

Nesta nova posição, tinha a preocupação única de cumprir bem o dever, dirigir bem a arquidiocese, ganhar almas para o céu e santificar a sua própria alma. A caridade quase excessiva que tinha para com os pobres e necessitados, a dedicação sem limites ao clero e fiéis, a vida austera e modelar, fizeram com que em toda a arquidiocese fosse conhecido como o "Santo Bispo".

Rei da Polônia era Boleslau II, monarca tirânico e devasso, odiado pela nação. Não havia, porém, quem tivesse tido coragem de abrir-lhe os olhos. Estanislau teve esta franqueza apostólica. Em audiência, que obteve de Boleslau, com todo respeito e muita clareza, chamou a atenção do rei para os escândalos que o mesmo dava, e pediu-lhe que, por amor de Deus, salvasse a sua alma, Boleslau prometeu emendar-se; continuou, porém, com a vida escandalosa de antes. Quando a desfaçatez lhe chegou ao ponto de raptar a mulher de um fidalgo e desonrá-la, Estanislau, qual outro S. João Batista, disse-lhe: "Não te é lícito ter a mulher de teu próximo". Estas palavras fizeram amadurecer no coração do rei o plano de livrar-se do censor importuno. Um fidalgo tinha com consentimento do rei, vendido ao Arcebispo um terreno e recebido a importância da venda. Três anos o Arcebispo tinha estado de posse tranquila da propriedade, legitimamente adquirida. Boleslau instigou os herdeiros do falecido fidalgo, antigo proprietário do terreno em questão, a processar o Arcebispo por ter-se apossado indevidamente daquela propriedade e prometeu-lhes apoio incondicional naquela demanda. Os herdeiros fizeram intimação ao Arcebispo para que restituísse a propriedade ou fizesse o pagamento da mesma. Estanislau, por sua vez, protestou contra a injusta acusação, e citou em seu favor testemunhas. Estas, porém, nada depuseram, porque o rei lhes tinha proibido testemunhar.

"Pois bem", disse o Arcebispo ao rei e aos seus conselheiros — "se minhas testemunhas não querem ou não podem falar, daqui a três dias hei de apresentar-lhes uma, a quem deverão dar crédito — o vendedor mesmo". O rei riu-se desta ameaça, porque o antigo proprietário tinha morrido havia dois anos; no entanto, aceitou o desafio do Arcebispo. Estanislau passou três dias em oração e jejum. No terceiro dia, logo após a Missa, revestido das vestes episcopais, se dirigiu à sepultura do falecido proprietário, mandou que se retirasse a terra e exclamou em alta voz: "Pedro" — era este o nome do defunto — "em nome da SS. Trindade, ordeno-te que te levantes e dês testemunho da verdade!" E eis que, na presença de muito povo, o morto se levanta e acompanha o santo Bispo, até a presença do rei e do conselho, Estanislau apresentou-o e disse: "Aqui está a testemunha, que prometi trazer à vossa presença. Ela vos dirá a verdade". Pedro levantou a voz e disse bem alto e claro: "Sim, senhores, vendi ao Arcebispo meu terreno livremente e recebi a paga à vista. Meus herdeiros não têm razão". Dito isto, Pedro voltou à sepultura, para continuar o sono eterno. O Arcebispo, bem contra a vontade do rei, foi absolvido e teve sossego por algum tempo.

Boleslau, por seu turno, continuou a vida desregrada até que os grandes do país, cansados de ver o triste exemplo do rei, se dirigiram ao Arcebispo, com o pedido de apresentar ao monarca seus protestos e, em seu nome, exigir-lhe emenda de vida. Estanislau prometeu-lhes procurar o rei e para isto se preparou pela oração e jejum, durante alguns dias. Assim se apresentou novamente ao rei, falou-lhe do grande perigo que corria, de perder a alma, da condenação eterna, certa e inevitável, caso não quisesse converter a Deus. Vendo, porém, que tudo era debalde, e o rei recebia as admoestações com mofa e escárnio, ameaçou-o com a excomunhão. De fato, excomungou-o, por que o proceder de Boleslau, em vez de melhorar, se tornava dia a dia mais escandaloso.

O tirano resolveu então sem mais outros preâmbulos a morte do Arcebispo. Destacou para este fim um grupo de homens que deviam assassinar o Arcebispo, na hora da Santa Missa. Efetivamente os algozes entraram na capela arquiepiscopal, com a intenção de cumprir a ordem régia. Tomados, porém, de um pânico inexplicável, fugiram do santo lugar e declararam ao rei ser-lhes impossível levar a efeito a ordem por ele dada.

Boleslau mandou outros homens, e assim por três vezes seguidas, sem que conseguissem dar cumprimento à tarefa. Que acontece? O rei, possesso de ódio, ele mesmo se dirige à capela do Arcebispo, sequioso do sangue da sua vítima. Estanislau estava a celebrar o santo sacrifício da Missa, quando Boleslau entrou e com um golpe terrível de espada, feriu a cabeça do santo Arcebispo, o qual morreu instantaneamente. O tirano não satisfeito, com a obra, ordenou que o corpo da vítima fosse arrastado para fora e cortado em pedaços, a fim de que servisse de pasto aos corvos. A Divina Providência, porém, dispôs contra a vontade do carrasco. Apareceram quatro águias, que se puseram de sentinela e guarda do corpo despedaçado do mártir, até que alguns homens tivessem a coragem de juntar as relíquias, para dar-lhes honesta sepultura. Deu-se ainda outro milagre. No momento em que os membros do corpo mutilado foram conjuntados, uniram-se, perfeitamente, de modo que apareceu o corpo intacto do santo mártir. Este foi sepultado na Igreja de S. Miguel, em Cracóvia, onde ficou dez anos. Agora descansa na Catedral de Cracóvia. O martírio de Santo Estanislau deu-se no ano de 1079.

Reflexões

1. Santo Estanislau procurou salvar o rei da perdição eterna. Baldados foram-lhe os esforços, apesar de ter muitas vezes apontado para a condenação eterna, que infalivelmente seria a sorte do impenitente. Boleslau é o tipo do pecador que despreza os avisos de Deus e se entrega ao vício, sem temor e relutância. O ímpio chega ao ponto de não mais ligar importância ao pecado. "O coração endurece-lhe (Job 41, 14, 15.) como a bigorna do ferreiro". "Será oprimido de males no fim". (Es. 3, 27), diz o Espírito Santo. Quem estiver em pecado, trate de sair deste triste e perigoso estado. Peça a Deus que lhe dê a reta compreensão e a graça de livrar-se das cadeias, que o levam para o inferno.

2. Deus nem sempre castiga o pecado no momento em que este é cometido. Para muitos é isto motivo para mais livremente se entregarem às praxes pecaminosas, quando deviam aproveitar-se da graça, que Deus lhes oferece, para fazer penitência em tempo. "O castigo será tanto mais doloroso e terrível, quanto mais tempo Deus lhes deu para a conversão". (Santo Agost.) "Se Deus protela o castigo, não queiras protelar também a penitência". (Santo Agost.). "A misericórdia que Deus te oferece, dando-te tempo para fazeres penitência, é limitada. Não te é dado saber-lhe a extensão, quanto à medida, nem quanto ao tempo". (Origenes).

Santos, cuja memória é celebrada hoje

Em Terracina, na Campagna Romana, a morte da Virgem-Mártir Flávia Domitila, sobrinha do cônsul Flávio Clemente. Fez a sua consagração nas mãos do Papa Clemente. Na perseguição dominicana foi exilada com muitos cristãos para a ilha Ponza, onde sofreu muitas privações. Levada a Terracina, foi uma verdadeira apóstola de Nosso Senhor pela sua palavra e pelos numerosos milagres que fazia. Foi esta a razão por que o juiz pagão mandou pôr fogo à habitação da Santa, que assim colheu a palma do martírio junto com as duas companheiras Eufrosina e Teodora.

Referência: Na luz Perpétua, 5ª. ed., Pe. João Batista Lehmann, Editora Lar Católico – Juiz de Fora – Minas Gerais, 1959.

Comemoração: 7 de maio.

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