São Nicolau de Flüe (de Rupe), Eremita
(† 1487)
S. Nicolau de Flüe, também chamado da Rocha ou Berger, nasceu em 1407, na Suíça, em Sachslen, pequena aldeia do Cantão Unterwalden. Passou a mocidade na casa paterna, ajudando ao pai nos trabalhos do campo. Sem cultura espiritual, possuía Nicolau profunda piedade. Embora seu desejo fosse viver afastado de tudo e de todos, cumprindo a vontade dos pais, casou-se com Dorotéa Wissling, moça muito religiosa e virtuosa. Deus deu ao casal dez filhos. Descendentes desta família existem ainda, e um dos filhos de Nicolau foi vigário em Sachslen. Na descendência se contam até hoje mais de 30 sacerdotes, Nicolau ocupou, por muitos anos, o cargo de juiz. Convidado diversas vezes para ser presidente do Cantão, sempre declinou de si esta dignidade. Tomou parte ativa em diversas guerras, como por exemplo na expedição de Zurich, numa expedição contra os austríacos e na guerra de Turgau. Como soldado, vivia sempre honestamente, não dispensando nunca as práticas de piedade. Aos companheiros, além do bom exemplo, dava conselhos, repreendendo-os quando se entregavam a excessos lastimáveis.
O desejo de viver na solidão nunca mais abandonou, afinal conseguiu esse ideal. De combinação com a mulher, tendo feito as disposições necessárias na família, separou-se de todos, e procurou um lugar onde, só com Deus e só para Deus pudesse viver. Depois de, por diversas vezes, ter mudado de paradeiro, ficou morando em um lugar ermo e abandonado, nas margens do Melcha, distante um quarto de hora de sua casa. Os seus construíram-lhe ali uma capela e uma pequena cela e ele mesmo fundou em 1482, uma capelania. Nicolau passou o resto da vida naquele lugar. Extraordinariamente rigoroso para consigo, a vida decorreu-lhe no meio de orações, penitências, jejuns e toda a sorte de mortificações. Tinha por cama uma tábua e de travesseiro servia-lhe uma pedra. A cela era tão baixa, que Nicolau, homem de alta estatura, mal podia andar nela. Nos domingos e dias santos ia assistir à Missa em Sachslen e, por mais frio que fizesse, nunca ia de outro modo, senão descalço e com a cabeça ao léu. Oração e Meditação eram-lhe ocupações contínuas. Diversas vezes fez romarias a Einsiedeln e Engelberg. Nicolau naquele ermo se tornou o conselheiro e consolador de muita gente, e não eram só as pessoas da vizinhança que o vinham procurar. A fama do Santo transpôs os limites da Suíça e por toda a parte gozava da maior estima e veneração. De Strassburgo, Halle, Ulm, da Renánía e Itália vinham pessoas de posição, pedir conselho ao eremita, buscar consolo nas mágoas. Nicolau recebia a todos com muita bondade e ninguém o deixava, sem se sentir consolado. Amável, hospitaleiro e versado, não se implicava em negócios do século, e era inacessível a mexericos e intrigas. Deus o distinguiu com graças extraordinárias. Durante todo o tempo da vida de eremita, isto é, 22 ½ anos, não tomou alimento de espécie alguma. O corpo de Nosso Senhor, na sagrada Comunhão, dava-lhe o sustento sobrenatural, conservando-lhe também a vida material. Este fato extraordinário mereceu a atenção da autoridade civil e eclesiástica. O Bispo auxiliar de Constança, com o governo federal, organizaram, independente um do outro, comissões examinadoras, que sujeitaram o Santo à mais rigorosa observação. O exame terminou com o reconhecimento do fato.
Muitos outros milagres Deus obrou por intermédio de seu humilde servo. A muitos pecadores Nicolau desvendou o estado da consciência, convidando-os a voltar para Deus. A um jovem, que se lhe apresentou em trajes que acusavam muita vaidade, disse-lhe: "Quem tem boa consciência não precisa de enfeite. Tua consciência estaria em melhores condições, se não fosse tão vaidoso". A um menino predisse muita vida, a um outro morte próxima. Um terrível incêndio ameaçava a destruição da aldeia de Saen; Nicolau subiu a uma montanha, fez o sinal da cruz sobre a povoação e no mesmo instante a fúria do elemento desencadeado cessou. Grandes e funestas dissensões entre cidadãos e partidos foram pacificamente resolvidas com a intervenção de Nicolau.
E significativa a maneira como queria que se tratasse sacerdotes notadamente indignos: "Aos sacerdotes deveis respeito e obediência aos conselhos que vos dão, embora a vida de alguns seja inedificante e culposa; como a água limpa da fonte não altera seu valor passando por encanamentos de chumbo ou cobre, de prata ou ouro, assim recebeis a graça de Deus pelos sacerdotes, quer sejam bons ou maus".
O grande eremita morreu santamente na idade de 70 anos, em 21 de março de 1487. O corpo foi sepultado em Sachslen. Nicolau foi beatificado por Clemente IX, em 1669 e canonizado por Pio XII na Festa da Ascensão em 1947.
Reflexões
1. O jejum não goza de popularidade, e logo no princípio da quaresma chovem os pedidos aos confessores, para que deem dispensa desta penitência. Quem não está em condições de poder jejuar, também não tem obrigação de observá-lo. O aborrecimento do jejum pode não ser muito natural, mas não é comum entre os Santos, que, sem exceção ao jejum recorriam como a um dos melos mais eficazes de restabelecer-se na graça de Deus, e munir-se contra as Insídias do inimigo. "Se Cristo fez o sacrifício de morrer por nós, não podemos também fazer um sacrifício por seu amor e observar pelo menos algum jejum, praticar alguma mortificação, cujo resultado é muito mais vantajoso ao corpo enfraquecido?
2. Sentindo-se seriamente doente, Nicolau de Flüe não esperou até que lhe lembrassem de receber os santos Sacramentos; ele mesmo reclamou que lhes trouxessem. Se um dia Deus te mandar uma doença mais grave, um dos teus primeiros cuidados deve ser providenciar a recepção dos santos Sacramentos. Tolos são os que em vez de reclamar a presença do sacerdote, tudo fazem para afastar-lhe a visita e protelar a recepção dos Santos Sacramentos que tanto bem fazem à alma do enfermo ou moribundo. Rejeitar os santos Sacramentos ou é ignorância ou ingratidão, descuido ou maldade. Ingratidão é rejeitar uma graça que Deus Nosso Senhor nos mereceu pelo seu sangue derramado na cruz; maldade é resistir por vontade ao chamamento de Deus, que quer a salvação do pecador.
Santos, cuja memória é celebrada hoje
Em Terracina, Santo Epafrodito, discípulo dos Apóstolos, bispo sagrado por São Pedro e companheiro de S. Paulo (Fl. 2, 25 e 4, 18).
Em Angora (Ásia Menor) o sacerdote S. Basilio. Morreu mártir no tempo do imperador Juliano, o apóstata.
Em Cartago o arcedíago Otaviano, que, com muitos cristãos, foi morto pelos vândalos.
Na Galácia as santas mártires Calínica e Basilissa. Faleceram em 252.
Em Cártago S. "Deogratias". Bispo daquela cidade, que libertou muitos cristãos, das mãos dos vândalos.
Em Roma a santa viúva Léa, cuja vida foi escrita por S. Jerônimo. Faleceu em 348. Padroeira das viúvas.
Em Gema a santa viúva Catarina, da célebre família dos Feschi. Converteu seu marido e como viúva dedicou-se ao serviço hospitalar. Foi um anjo de caridade quando em 1479 e 1501 grassava a peste em Gema. São muito apreciados seus "diálogos espirituais entre a alma e Deus".
Referência: Na luz Perpétua, 5ª. ed., Pe. João Batista Lehmann, Editora Lar Católico – Juiz de Fora – Minas Gerais, 1959.
Comemoração: 22 de março.
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