São Pacômio, Eremita
(† 348)
São Pacômio é o primeiro organizador da vida monástica. Nasceu no ano de 292 na Tebaida, no Egito. Os pais eram pagãos e deram ao filho uma educação, como outra não era de esperar-se: pagã e cheia de superstições. Pacômio, porém, desde menino mostrou grande aversão à idolatria, e aos respectivos usos culturais. Mais de uma vez perturbou as sessões do oráculo, tanto que os espíritos se negaram a dar sentença, enquanto Pacômio estivesse presente. Na idade de vinte anos foi obrigado ao serviço militar, no exército do imperador Maximino.
Na viagem à Europa travou relações com cristãos, cuja religião até então lhe era desconhecida. Por curiosidade indagou dessa doutrina, cuja simplicidade e beleza lhe agradaram tanto, que fez o voto de converter-se. Finda a guerra contra Licínio e Constantino, Pacômio voltou para o Egito, onde recebeu o sacramento do Batismo.
Um dia ouviu falar de um ancião de nome Palemon, que morava no deserto, servindo à Deus na solidão. Para lá foi Pacômio, pedindo ao eremita que o aceitasse como companheiro. Palemon opôs-se ao pedido do jovem. "Meu filho" — disse-lhe o eremita — "a vida monástica não é fácil, como talvez penses. Muitos a experimentaram e não perseveraram. Antes de eu te aceitar, é preciso que faças penitência num mosteiro. O meu único alimento é pão e sal; a metade da noite, passo-a em oração e recitação dos salmos".
Ao ouvir estas palavras, Pacômio apavorou-se, mas ainda assim insistiu que fosse aceito. Palemon, vendo esta firmeza, atendeu ao moço e aceitou-o por companheiro.
Pacômio dedicou-se com grande fervor ao trabalho e à oração. Tendo um dia se afastado bastante da cela do mestre, ouviu uma voz dizer-lhe na oração: "Fica aqui, Pacômio, e funda um mosteiro. Muitos virão para tua companhia, e tu os guiarás pela regra que te darei".
Apareceu-lhe um Anjo, que lhe deu instruções sobre a vida monástica. Pacômio comunicou ao mestre o que vira e ouvira e, com licença e aprovação do mesmo, pôs mãos à obra e fundou um convento em Tabena, onde Palemon morou algum tempo com o discípulo. Sentindo-se estar no fim da vida, voltou para a ermida, onde morreu pouco tempo depois, nos braços de Pacômio.
O primeiro que se associou a Pacômio, foi seu irmão João, que se fez cristão, e, tendo dado toda a fortuna aos pobres, viveu e morreu pobre e santamente no convento de Tabena.
Após a morte do irmão, vieram muitos monges e eremitas, que pediram admissão no convento de Pacômio. Esta benção foi sem dúvida a recompensa da perseverança e firmeza que Pacômio mostrou, na luta contra terríveis tentações, que o assaltaram.
Em poucos anos Pacômio fundou oito grandes conventos, que agasalharam sete mil monges. Todos viviam na observância da regra que o fundador lhes dera. Cada convento obedecia a um abade, e todos eram sujeitos à direção de um superior geral. Os monges vestiam um hábito de linho grosso, sem mangas e um cordão. Nos ombros levavam uma pele de cabra, a tal chamada Melote, e na cabeça tinham um capuz, com desenhos de cruzes pequenas. Era este o hábito que usavam dia e noite; quando iam à Comunhão, depunham o cordão e a Melote. No convento havia repartições separadas, conforme os ofícios dos religiosos. Cada repartição tinha um Prior. Os monges eram classificados por letras, sendo a letra A que significava os mais santos e perfeitos, quando a letra X denunciava os menos fervorosos. Sempre três monges ocupavam uma cela. A comunidade toda se reunia só para as orações em comum e para as refeições, as quais eram tomadas em silêncio.
A irmã de Pacômio, seguindo-lhe o exemplo, abandonou o mundo e sob a direção do santo irmão, fundou um convento, que em pouco tempo contou quatrocentas religiosas.
A fama da santidade de Pacômio espalhou-se por todo o Egito e na Ásia Menor. Deus o distinguiu com o dom da profecia, e milhares de pessoas da todas as condições vinham para ouvir-lhe os conselhos e buscar lenitivo aos sofrimentos.
Pacômio morreu no ano de 348 e com ele cem monges, todos vitimados pela peste. A grandiosa obra do Santo persistiu. Setenta anos depois da sua morte, contava cinquenta mil religiosos. No século 12, existiam ainda quinhentos monges da Ordem de S. Pacômio. A Ordem prestou grandes serviços à Igreja Católica, nos tempos agitadíssimos das heresias orientais.
Reflexões
S. Pacômio passava noites em oração. Também lemos na Bíblia que Jesus Cristo passava noites inteiras rezando. Prova isto que a oração deve ser coisa preciosíssima e necessária. Uma vida verdadeiramente cristã não é imaginável, sem que seja uma vida de oração. Os santos todos eram amigos e cultivadores do espírito de oração. Para perder as almas, o demônio procura tirar-lhes o gosto, o amor pela oração. O cinema, os divertimentos, a paganização da moda, a má imprensa, o jogo e muitas outras coisas ainda têm sido e são instrumentos na mão de Satanás, para afastar os fiéis da prática da oração. Quem não reza, cai em tentação, como aconteceu aos Apóstolos, no horto das Oliveiras. Não só cairá em tentação: é capaz de perder a fé e com a fé, todo o fundamento religioso. A oração é o termômetro da vida da alma.
Santos, cuja memória é celebrada hoje
Na Argélia, o martírio dos missionários diáconos Timóteo, Pólio e Eutíquio. Em Córdoba, na Espanha, o mártir Secundino.
No mesmo dia, os mártires Sinésio e Teopompo.
Em Cesaréia Filipi, os mártires Nicostrato e Antióquio, oficiais do exército e com eles muitos outros militares.
Em Fokien, na China, o martírio do Vigário Apostólico Mons. Pedro Sanz, dominicano espanhol, 1747.
Referência: Na luz Perpétua, 5ª. ed., Pe. João Batista Lehmann, Editora Lar Católico – Juiz de Fora – Minas Gerais, 1959.
Comemoração: 21 de maio.
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