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São Conrado de Parzham

São Conrado de Parzham, Capuchinho

(† 1894)

Segundo a asserção do Apóstolo São João "tudo no mundo é concupiscência da carne, concupiscência dos olhos e soberba da vida". Para dar remédio a esta tríplice concupiscência da qual procedem todos os frutos venenosos do pecado, o nosso Redentor opôs o contraste de sua morte e, quebrando o antigo jugo do pecado, elevou os homens que não puserem obstáculo à vida nova de sua graça.

Coisa admirável, ao mundo soberbo, porém inteiramente incompreensível, é que a verdadeira grandeza do homem tem origem e medida na vida interior da caridade; assim é que aqueles que se têm em conta de pequenos e vis, chegam às culminâncias da vida sobrenatural, que é a vida verdadeira; ao passo que aqueles que ao mundo aparecem no maior brilho de glória, perante Deus muitas vezes são objetos de vergonhosa miséria e abjeção.

São Gregório escreve: é sabedoria dos justos não ostentar hipocrisia, exprimir com a palavra o próprio sentimento, amar a verdade, fugir da mentira, fazer o bem desinteressadamente, antes suportar o mal do que praticá-lo, não procurar vingança das injúrias sofridas. Mas esta simplicidade dos justos é ridicularizada, porque a candura da alma pelos sábios deste mundo é reputada loucura.

Por estes documentos da sabedoria celeste S. Conrado de Parzham modelou a sua vida.

Seus progenitores, Bartolomeu Birndorfer Gertrudes Niedermayer, ambos religiosíssimos e de costumes exemplares, habitantes de Parzham, na Baviera, tinham dez filhos, que educaram exemplarmente no temor e no amor de Deus. O penúltimo foi João, que a 22 de dezembro de 1818 com o nascimento recebeu a regeneração espiritual pelo santo batismo. Unindo à piedade, abundantemente herdada dos pais, a firmeza do propósito e a fortaleza de espírito, própria dos bávaros, operou maravilhosos progressos na perfeição cristã.

Todo o tempo livre da escola, frequentada pelo menino, e após os labores campestres, o dedicava à oração, especialmente na igreja paroquial, onde abstrato deste mundo, parecia com toda alma absorto em Deus. A grande pureza dos costumes, parecia transpirar do seu rosto angélico, tanto que em sua presença ninguém ousara fazer inconveniências.

Aos quatorze anos de idade, João perdeu a mãe, e dois anos depois o pai. O jovem órfão dirigiu então com maior fervor ainda sua alma ao Pai celestial, e começou a refletir sobre o modo mais seguro de conseguir a perfeição cristã, insistindo para este fim por alguns anos com a oração. Deus ouviu suas súplicas e chamou-o para a Ordem dos Capuchinhos, e João, prontamente, tudo abandonando, seguiu a vocação divina. Distribuiu seu rico patrimônio entre obras pias, e em 1849 entrou no convento. Após um biênio de provação no mosteiro de Altoetting, no humilde estado de Irmão leigo, passou para o Convento do Noviciado de Laufens, tomando o nome de Conrado, e em 1852, no dia da Festa do Pai seráfico São Francisco, pronunciou os votos solenes. Por causa das suas já eminentes virtudes, pouco depois, foi-lhe confiado o ofício de porteiro de Santa Ana Altoetting, ofício que ocupou até à morte.

O Convento de Santa Ana "se distingue de todos os outros conventos da Província pela numerosa família, pelas suas oficinas, suas atividades na cura das almas", como se lê nas "Analetas da Ordem dos Frades Capuchinhos".

Anexo a este Convento está o celebérrimo santuário de Maria Santíssima, a que anualmente chegam algumas centenas de milhares de romeiros, não só da Baviera, como também da Áustria, da Boêmia, Morávia, Ratênia e de outras regiões. Como a maior parte desses peregrinos costuma ir ao Convento dos Capuchinhos a procura de auxílio espiritual e temporal, é fácil fazer-se ideia, de quanta paciência, quanta mansidão, especialmente com certos indivíduos fastidiosos e incontentáveis, quanta caridade com os pobres, quanta presteza e prudente discrição, quanta humildade não se exige de um porteiro para poder desempenhar bem seu ofício.

Todos que conheceram São Conrado, unanimemente afirmam que todas estas virtudes nele brilhavam em grau heroico. Não conhecia fingimento, não procurava vingar-se de injúrias sofridas, observava a mais estrita pobreza e a mais perfeita castidade, virtude que cultivava e defendia com a mais rude penitência.

Nunca se excedeu em palavras, não dizia coisas inúteis ou supérfluas, e não se podia nele descobrir defeito que tivesse sombra de pecado, embora só venial. As três e meia já estava na Igreja para rezar ou ajudar a missa. Com o máximo cuidado cumpria seu dever desde a manhã até a noite. Não protelava nenhum trabalho, não dava ao seu corpo já cansado algum repouso, senão à noite, para se levantar novamente à meia noite e recitar as Matinas, findas as quais, muitas vezes, continuava em oração, até ao romper do dia. Nas horas vagas, corria, para fazer visita ao Santíssimo Sacramento, ou ao altar da Santíssima Virgem, para dar expansão aos sentimentos de sua piedade filial.

Manter constantemente este árduo método de vida durante quarenta e três anos, voltando dia por dia ao mesmo trabalho, requer grande força, de vontade e sólida virtude. Contudo, São Conrado, não procurando o interesse próprio, mas o de Jesus Cristo, afrontou as dificuldades do trabalho com ânimo forte e generoso, convencido de assim cumprir a vontade dos Superiores é obedecer a Deus. Sua paciência e caridade foram tais, que não se pode calcular quantas amarguras não dulcificou, a quantos míseros não socorreu não só materialmente, mas também com sua palavra de salvação; quantos extraviados com sua doçura não colocou outra vez no caminho reto; quantos com sua palavra ardente não consolidou na prática da virtude; assim em breve tempo a porta do Convento que o piedoso leigo guardava, se transformou em fértil campo de apostolado.

"Jesus Crucificado — dizia — é meu livro". Constantemente unido ao seu Amor crucificado, chegou a retratar em si próprio aquela ardente caridade, a ponto de parecer totalmente transformado em Jesus Crucificado.

Alquebrado já pelo peso dos anos e das mortificações, no dia 18 de abril de 1894, com dificuldade se arrastou à cela do Guardião e com toda a humildade disse-lhe: "Padre, não posso mais". Três dias depois, tendo recebido com a máxima piedade os últimos sacramentos, tranquilamente, e muito conformado adormeceu no Senhor.

Se foi humilde a vida de Conrado, mais gloriosa foi sua morte. Fileiras intermináveis de pessoas, movidas pelo sentimento de devoção, foram visitar sua sepultura. O Senhor não deixou de premiar a confiança piedosa dos fiéis a seu servo com inúmeras graças, especialmente espirituais.

Em 1914 foi iniciado o processo da causa de Beatificação que teve sua conclusão em 1930. Observados novos milagres obtidos pela intercessão do servo de Deus, tratou-se da canonização, que teve lugar na Festa de Pentecostes de 1934.

Reflexões

Na homilia que o Sumo Pontífice, Pio XI, fez na missa que seguiu a canonização de Conrado de Parzham disse o seguinte. "No jardim da Igreja militante não faltam as flores purpurinas de martírio, nem as árvores gigantescas e frutíferas de grandes personalidades; ao lado destas vemos as mimosas e humildes violetas rescendendo puríssimo perfume.

Destas, com sua humildade extraordinária é Conrado de Parzham, a quem hoje, no dia de Pentecostes, não sem uma especial Providência de Deus, adornamos com o diadema de santidade.

Se há quem sempre e generosamente correspondeu às aspirações do Espírito Santo, e em todas as circunstâncias da vida com justiça pode a si aplicar a palavra do Senhor: "Eu faço sempre o que for de seu agrado" (Jo 8, 29) é Conrado de Parzham. O humilde cargo de porteiro, que os Superiores do Convento lhe tinham confiado, ofício que requer muita paciência, circunspeção e prudência, dele se desempenhou com um zelo, uma dedicação tal, que galgou a culminância da santidade. Não admira, se em sua vida nada se encontre de extraordinário, mas em tudo deixou-se guiar fielmente pela lei da caridade, da obediência e pelo amor de Deus. "Tudo que fez, fê-lo bem". (Mc. 7, 37). Por isso pode-se dizer, que a perfeição cristã não é privilégio de alguns poucos, mas dever de todos; que é exigida não somente dos distinguidos por grandes faculdades intelectuais e dons de graça, mas de todos os fiéis cristãos, de acordo com a ordem divina: "Sede perfeitos, como eu sou perfeito" (1 Pet. 1, 16) e: "Sêde perfeitos como vosso Pai celeste é perfeito". (Mat. 5, 48).

De que modo e com que meios nosso Conrado alcançou a perfeição heroica da vida verdadeiramente cristã? Sabeis da sua pureza virginal, que embelezava sua alma, que como esplendor angélico, fulgurava do seu pobre corpo, parecendo refletir as belezas escondidas do céu. Conheceis a sua humildade, à mão da qual punha em prática o conselho de Cristo: "Aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração, e encontrareis paz para Vossa alma". (Mt. 11, 29) ... Não vos é desconhecido, que nosso Santo ardia de amor de Deus e do próximo; sua delícia era permanecer dia e noite, e de joelhos, diante do Santíssimo Sacramento em fervorosa oração; embora seu cargo obrigasse a uma atividade cheia de distrações, sua alma ficou sempre unida a Deus. Com igual zelo procurava, a medida de suas forças, e com toda a delicadeza de sua alma, o bem espiritual e material do próximo.

Assim surja diante dos nossos olhos esta imagem de verdadeira santidade, do humilde Frade Capuchinho. A todos ele ensina e exorta, como estão longe do caminho da verdade todos aqueles que pretendem renovar e exaltam, costumes e praxes pagãs, e rejeitam e desprezam a doutrina cristã, quando é esta, que unicamente leva o homem a ser virtuoso e nos traz o verdadeiro progresso da cultura. De Deus o novo Santo nos alcance luz e graça, para que finalmente se realize o que a Igreja hoje canta e do Espírito Santo implora: "Dobra o que achares rígido. Aquece o quanto é frígido. Rege o que errado for. Amém".

Referência: Na luz Perpétua, 5ª. ed., Pe. João Batista Lehmann, Editora Lar Católico – Juiz de Fora – Minas Gerais, 1959.

Comemoração: 21 de abril.

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Santo Anselmo

Santo Anselmo, Bispo de Canterbury, O.S.B.

(† 1109)

Anselmo, filho de Gondulfo e Ermengardes, ambos de nobre estirpe lombarda, o grande arcebispo de Candelburgo ou Canterbury nasceu em Aosta no Piemonte, em 1033. A piedosa mãe soube implantar no coração do filhinho um amor profundo à virtude, e Anselmo jamais se esqueceu dos sábios conselhos. Privilegiado de talento primoroso, fez Anselmo belos progressos nos estudos. Não tendo ainda 15 anos de idade, manifestou desejos de dedicar-se à carreira eclesiástica e neste intuito procurou um abade, o qual porém, prevendo o protesto do pai, lhe negou a admissão. Anselmo entristeceu-se muito com este insucesso e adoeceu gravemente. Na doença renovou o propósito de filiar-se a uma Ordem religiosa. Restabelecido da moléstia, Anselmo não mais se lembrou do que se propusera; pelo contrário, mudou de ideias de tal maneira, que, em vez de servir a Deus, procurou o bem estar nos divertimentos e prazeres mundanos. Por infelicidade perdeu o amor do pai, que começou a tratá-lo com aspereza. Anselmo, não querendo sujeitar-se às arbitrariedades e injustiças do progenitor, ausentou-se do país e passou três anos na Borgonha julgando que, com a ausência, as coisas melhorariam.

De fato melhoraram, voltando ao jovem o antigo amor ao estudo. Tendo-lhe chegado ao conhecimento que o célebre mestre, seu compatrício Lanfranc, se dedicava ao magistério no convento de Bec, a ele se dirigiu pedindo admissão entre seus discípulos. Sob a direção de Lanfranc, fez progressos tais, que em poucos meses se distinguiu entre todos os condiscípulos.

Voltou também ao coração de Anselmo o amor à virtude e à oração. Tomou novo vulto a antiga resolução de ser sacerdote. Desta vez a pôs em execução. Na idade de 27 anos, tomou o hábito de S. Bento. A mudança de vida foi tal, que, passado o tempo de noviciado e mais três anos de professo, foi eleito sucessor do mestre Lanfranc, no cargo de Prior. Houve quem, com inveja e malquerença observasse o progresso do jovem religioso, mas Anselmo, com paciência, delicadeza, amor e justiça, soube desarmar todos os desafetos.

O dia passava, instruindo os discípulos nas ciências profanas e divinas, para dedicar à oração as horas silenciosas da noite. Aos doentes dispensava um cuidado particular. Não só os visitava frequentes vezes, mas com as próprias mãos lhes prestava os serviços que o seu estado exigia.

Profundo e constante era o seu amor à Sagrada Paixão e Morte de Jesus Cristo. Copiosas e amargas lágrimas derramava, chorando os desvarios da mocidade. Deus deu-lhe um horror tal ao pecado, que preferia precipitar-se no inferno, a ofender a Deus. Do pecado, por menor que fosse, fugia com todo escrúpulo, porque, vendo nele uma ofensa a Deus o considerava um grande mal, capaz de prejudicar os interesses da alma.

Grande devoção tinha à Santíssima Virgem Maria. Entre os grandes escritores da Igreja, figura Anselmo entre os primeiros que ensinaram e defenderam a Imaculada Conceição. Muitas obras escreveu em honra da excelsa Rainha do céu, da Bem-aventurada Mãe de Deus.

Em atenção a sua grande atividade e ao seu talento como escritor e mestre, deu-se-lhe o título de "precursor" ou "pai da escolástica".

Quando morreu o abade Herluino, em 1073, a comunidade de Bec elegeu a Anselmo seu sucessor. Nesta nova dignidade, nada modificou o seu modo de vida, a não ser de ainda mais se dedicar aos exercícios da vida interior.

Negócios do Convento reclamavam-lhe muitas vezes a presença na Inglaterra. Serviu-lhe esta circunstância para estreitar cada vez mais os laços de amizade, que o ligavam a Lanfranc, que tinha sido eleito Arcebispo de Canterbury. A fama de santidade e ciência de Anselmo tinha já passado as fronteiras da França. O abade de Bec gozava de geral simpatia, entre os príncipes seculares e eclesiásticos. O próprio Papa Gregório VII, por diversas vezes, se recomendou às orações de Anselmo. Guilherme, o Conquistador, temido e odiado pelos ingleses e homem que a poucos se dignava de dizer uma palavra, achava o maior agrado em poder conversar com o santo Abade. Da grande influência, que possuía, Anselmo se serviu para o bem do reino de Deus e a salvação das almas. A prudência e a extraordinária amabilidade fizeram com que os mais rebeldes lhe abrissem o coração.

Tinha morrido o grande amigo de Anselmo, o Arcebispo de Canterbury. Para poder apoderar-se dos riquíssimos rendimentos do arcebispado, o rei se opôs à eleição de um sucessor de Lanfranc. Deus mandou-lhe uma doença gravíssima que fez modificar o pensar do monarca. Roído de remorsos, nomeou a Anselmo arcebispo, no que deste mesmo achou a maior resistência.

"Queres desgraçar-me na eternidade?" Perguntou-lhe o rei. "A salvação de minha alma está em tuas mãos. Não dando eu um bispo a Canterbury, receio não merecer a graça de Deus". Os bispos e grandes do reino apoiaram a opinião do rei e insistiram com Anselmo, para que não opusesse resistência: "Tua oposição — disseram-lhe eles — serve-nos de escândalo, e se persistires na tua resolução, responderás diante de Deus por todos os males, que sobrevierem". Anselmo, porém, persistiu na recusa. Só depois da formal declaração do rei, de reconhecer a legitimidade de Gregório VII, como Papa, e da promessa de fazer restituição dos bens, ilegalmente tirados à arquidiocese de Canterbury, aceitou a dignidade, que lhe fora oferecida.

Mal tinha o rei recuperado a saúde, esqueceu-se dos bons propósitos. No intuito de conquistar a Normândia, exigiu dos súditos novos impostos. Anselmo deu-lhe duzentas libras de prata, soma avultadíssima naqueles tempos. Quando, porém, o rei exigiu a contribuição de outras duzentas libras, respondeu-lhe Anselmo, que não era lícito dispor dos bens da Igreja, por serem bens dos pobres.

Outros abusos e irregularidades que existiam e que uma reforma reclamavam, Anselmo recomendou-as ao rei, com a maior insistência. Em vão. Diversas abadias continuavam sem abade, aos bispos era negado o direito de se reunirem em conferências, para tratarem dos interesses das dioceses. O rei começou a enxergar em Anselmo, um conselheiro importuno, um empecilho incômodo na execução dos seus planos. O mesmo, que tanto se empenhara em elevá-lo à dignidade de arcebispo, pôs agora em ação todos os recursos para fazê-lo renunciar. Para este fim, organizou uma propaganda tenaz, entre o clero superior e os Grandes do Reino, contra Anselmo, e não trepidou em ganhar o Sumo Pontífice para essa causa.

Nada porém conseguiu. Teve o desgosto de ver fracassarem os seus planos um por um. Restava-lhe só recorrer à força, e por este meio se apoderou dos bens da arquidiocese de Canterbury. Deixando seu protesto nas mãos do rei, Anselmo afastou-se da Inglaterra, apresentou-se ao Papa Urbano II o qual lhe tomou a defesa contra o procedimento ilegal e arbitrário de Guilherme, sem, porém, conseguir que este abandonasse a política injusta. Urbano, vendo a contumácia do monarca, teria lançado a excomunhão contra ele se Anselmo não tivesse insistido, com empenhadas súplicas, que tal pena não fosse aplicada. Pouco tempo depois, recebeu a notícia da morte subitânea do rei.

O sucessor de Guilherme II, Henrique I, parecia ser animado de ideias mais conciliadoras. Um dos seus primeiros atos foi convidar Anselmo para que voltasse para a Inglaterra. O retorno do Santo à sua diocese revestiu-se do maior brilho, e a audiência que teve com o monarca, correu na maior cordialidade. Tudo fazia crer, que a paz estava restabelecida. Os fatos, porém, não justificaram esta doce esperança. Henrique consentiu que Anselmo retomasse o governo da arquidiocese de Canterbury com a condição, porém, do arcebispo aceitar o poder das mãos do monarca, e prestar-lhe o juramento de vassalagem. Anselmo, baseando-se na decisão do último concílio, celebrado em Roma, que condenou o abuso da investidura, se opôs a esta exigência do rei. Henrique negou-se a reconhecer a competência desse Concílio, e apelou para o Papa.

Estavam as coisas neste pé, quando no horizonte político surgiu ameaçadora uma nova tempestade. Roberto, duque de Normandia, irmão de Henrique, achando-se de volta de uma campanha na Palestina, queixou-se amargamente da injustiça que lhe fora feita, de o terem pretendido, na sucessão do trono da Inglaterra. Não satisfeito com as razões justificativas, resolveu fazer valer seus direitos à coroa, e declarou guerra ao irmão. A situação tornou-se assaz crítica para Henrique, visto que elevado número dos Grandes tomou o partido de Roberto. Neste grande embaraço, pediu a intervenção de Anselmo, prometendo-lhe, nunca mais se imiscuir em negócios eclesiásticos. Devido à grande autoridade e ao extraordinário prestígio do arcebispo, os Grandes desistiram da política e resolveram guardar fidelidade a Henrique. Bem depressa se esqueceu este das promessas, e a luta pela investidura recomeçou. Anselmo se dirigiu novamente a Roma, onde encontrou todo o apoio. Proibido de voltar para a Inglaterra, ficou Anselmo na França, onde achou fraternal acolhimento da parte do arcebispo de Lion.

A luta da investidura terminou em 1106. Achou-se uma fórmula, satisfatória para ambas as partes. Anselmo pôde voltar para a arquidiocese, onde foi recebido com grandes manifestações de alegria geral. Poucos anos pôde Anselmo gozar em paz. O peso dos anos já se fazia sentir, e em 21 de abril de 1109, na idade de 76 anos, entregou a alma para o descanso eterno. Numerosos e grandes milagres foram observados no seu túmulo. Um fidalgo, sofrendo de lepra, recuperou a saúde, tendo bebido da água em que o Santo tinha lavado as mãos, depois da celebração da santa Missa. O Papa Clemente XI deu a Anselmo o título honroso de Doutor da Igreja. 

Reflexões

Santo Anselmo tinha pavor do pecado. "Se de um lado visse o pecado — dizia ele — e do outro as portas do inferno abertas, e devendo escolher entre um e outro, eu preferia lançar-me no inferno, sem cometer um pecado". Como Santo Anselmo pensam todos aqueles, que tem compreensão do pecado e de sua grande maldade. Qual é teu conceito em relação ao pecado? Tens dele pavor e aborrecimento? Melhor que a boca, teu modo de viver responder-te-á. Se com toda facilidade cometes pecados, onde está então o medo, o pavor de ofender a Deus? E medo, pavor do pecado não tens, porque te falta a compreensão da maldade dele. Que deves fazer para alcançar este pavor? Pedir a Deus, como o cego do Evangelho. "Senhor, fazei que veja!" Dai-me a graça de conhecer a maldade do pecado. "Conhecer e chorar os pecados é o início da salvação". (S. Jerônimo).

Santos, cuja memória é celebrada hoje

Na Pérsia, o bispo Simeão, e com ele grande número de fiéis arrebataram a palma do martírio por se terem negado a adorar o sol como divindade. Assim aconteceu no ano de 345, sob o governo do imperador Xapur.

Nos cárceres de Alexandria morreram o sacerdote Aratof e com ele Fortunato, Felix, Silvio e Vitalis, vítima da perseguição diocleciana.

Referência: Na luz Perpétua, 5ª. ed., Pe. João Batista Lehmann, Editora Lar Católico – Juiz de Fora – Minas Gerais, 1959.

Comemoração: 21 de abril.

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