São Panfilo, Sacerdote e Mártir
(† 309)
Grande é o valor da ciência, quando tem por objeto a glória de Deus. Foi este o intuito de S. Panfilo, quando se dedicou ao estudo das ciências. Panfilo, natural de Berito, na Fenícia, era filho de pais ricos e considerados. Tendo feito o estudo de ciências que ensinavam nas escolas daquele país, ocupou altas posições no serviço do Estado. Uma vez que conheceu Jesus Cristo, toda a atenção se lhe dirigiu para a própria salvação. Retirou-se do mundo e dedicou-se exclusivamente ao estudo da Sagrada Escritura, da qual fez diversas cópias, distribuindo-as entre diversas pessoas, gratuitamente. Mestre que era, não considerou desonroso associar-se aos discípulos do Piério, sucessor do grande Orígenes na escola de Alexandria. Depois se estabeleceu em Cesaréia, na Palestina, onde, à própria custa, organizou uma biblioteca riquíssima de mais de 3.000 obras, entre as quais figuravam todas dos autores antigos. Desta fonte se aproveitou Eusébio, quando lhe escreveu a história.
Em Cesaréia abriu Panfilo uma Academia para os estudos da Bíblia, da qual publicou uma edição esplendida. Admirador de Orígenes, defendeu-o admiravelmente. O que mais causa admiração na vida de S. Panfilo, é sua grande humildade. Para alcançar um completo desapego de tudo que é deste mundo, distribuiu entre os pobres a herança paterna e retirou-se para a solidão.
Numa perseguição organizada pelo governador Urbano, Panfilo foi metido no cárcere. Com muita eloquência defendeu a fé, o que lhe importou cruel flagelação. Urbano caiu no desagrado do Imperador Maximino, foi cruelmente arrastado pelas ruas da cidade e decapitado. Firmiliano, que substituiu o tirano, continuou a perseguição aos cristãos. Citou perante o tribunal a Panfilo, o Diácono Valente, que sabia de cor toda a Bíblia, e o cristão Paulo, os quais, como não quisessem renegar a fé, foram condenados à morte. Porfirio, que tinha pedido licença para enterrar os corpos dos mártires, por ser cristão, teve de sofrer a mesma pena; foi esquartejado e o corpo atirado ao fogo. Teodolo, amigo de Firmiliano, foi crucificado imediatamente, por ter abraçado um dos pobres cristãos condenados à morte. Juliano, ainda catecúmeno, sofreu morte pelo fogo, por ter beijado os corpos dos mártires. Panfilo e os companheiros sofreram o martírio pela decapitação em 16 de fevereiro de 309. Os corpos ficaram insepultos. Passados quatro dias, foram encontrados intactos pelos cristãos que os sepultaram com todas as honras.
O martirológio menciona-lhes os nomes no dia de hoje.
Reflexões
Que os fiéis e dedicados amigos de Deus passam por maiores provações, é fato que se observa diariamente. Poderia parecer ingratidão e injustiça da parte de Deus, se assim remunerasse os serviços que Lhes são prestados. Os Santos, porém, longe de fazerem tão desfavorável conceito, enxergam nos sofrimentos a mão caridosa de nosso Pai, que está nos Céus. Os Apóstolos e os mártires consideram grande distinção poder sofrer neste mundo. S. Panfilo suportou com a maior conformidade as penas do martírio. Também nós sofreríamos com mais paciência, se quiséssemos compreender a bondade de Deus, que nos convida a levarmos a nossa cruz. Se, apesar do seu amor paternal, nos faz sofrer, é claro que tem em mira bens superiores. E de fato: o sofrimento, mais que a alegria, nos leva para Deus, e faz com que evitemos o pecado e nos conservemos na humildade. As provações são, além disto, ocasião oportuna de penitenciar os nossos pecados e obter-lhes o perdão, como a remissão das penas. Tendo sempre esta verdade diante dos olhos, mais fácil nos será aceitar de boa mente o sofrimento, que a Divina Providência nos quiser enviar.
Santos, cuja memória é celebrada hoje
Em Autun, na França, o bispo S. Reveriano, o sacerdote Paulo com dez companheiros martirizados sob o governo de Aurélio.
Em Perúgia, os santos Felino e Graciano, ambos soldados, que depois de terem sofrido vários tormentos, tiveram morte gloriosa do martírio.
João Martinez, da Ordem de S. Domingos, missionário nas ilhas Filipinas, depois no, Japão, onde morreu no cárcere de Omura. 1619.
No Japão, o mártir João Tomaki com seus quatro filhos, todos da Ordem III de S. Domingos. O pai foi queimado vivo; os filhos tiveram morte pela espada. 1619.
No mesmo ano o martírio pelo fogo do bem-aventurado João Xoun.
Em 1628 o glorioso martírio de João Imamura em Nagasaki.
O bem-aventurado dominicano Afonso Navarete e o agostiniano Fernando de São José foram executados na ilha de Taka-Chima, Japão. 1617.
Referência: Na luz Perpétua, 5ª. ed., Pe. João Batista Lehmann, Editora Lar Católico – Juiz de Fora – Minas Gerais, 1959.
Comemoração: 1 de junho.
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