
Festa de São Joaquim, pai de Maria Santíssima
Constituit eum dominum domus suae, et principem omnis possessionis suae —“Constituiu-o senhor da sua casa e por príncipe de tudo o que possuía” (Sl 104, 21)
Sumário. A glória que São Joaquim e Santa Ana gozam no céu é muito grande, porque é proporcionada aos seus merecimentos e à sua dignidade. Para formarmos uma ideia da eficácia do seu patrocínio, basta esta reflexão: São os pais de Maria, a tesoureira de todas as graças. Como, pois, poderá esta filha deixar de atender aos seus pais, quando estes rogam pelos seus devotos? Avivemos nossa devoção para com os santos cônjuges, e rendamos graças à Santíssima Trindade pelas prerrogativas a eles concedidas. Assim ao mesmo tempo honraremos a Santíssima Virgem.
I. Considera a grandeza da glória que São Joaquim e Santa Ana gozam no céu. A sua glória é proporcionada ao lustre dos seus merecimentos e à excelência da sua dignidade. Como pais de Maria Santíssima, a Rainha do céu, como avós de Jesus Cristo, o Rei dos reis, os santos cônjuges são na pátria bem-aventurada, por assim dizer, príncipes de sangue. E por isso, sentados sobre dois tronos entre os mais altos, gozam a familiaridade íntima da sua santíssima Filha e de Jesus Cristo; são por eles como que reverenciados.
Para formarmos uma ideia da grandeza do seu poder, basta esta reflexão: Maria Santíssima é a tesoureira de todas as graças celestiais, pois que Deus quer que todas passem pelas mãos dela, como diz São Bernardo: Nulla gratia venit de coelo in terram, nisi transeat per manus Mariae. Ora, será possível que uma tal Filha repila os pedidos de pais tão santos, quando estes rogam por seus devotos?
Destes santos Esposos bem se pode dizer o que diz São Bernardo acerca da Santa Virgem, com relação a Jesus Cristo: Santa Ana apresenta-se à sua Filha, mostrando-lhe o seio que a trouxe durante nove meses, o peito que tantas vezes a alimentou, ao passo que São Joaquim lhe lembra o amor que lhe teve, os beijos que lhe deu e a solicitude que por ela teve. Com estas recordações Maria não pode negar nada a seus pais, que assim obtêm tudo para nós. Felizes, portanto, daqueles que são devotos de São Joaquim e de Santa Ana, e mais feliz daquele que se esmera em propagar esta devoção!
II. Para mereceres o patrocínio eficaz de São Joaquim e Santa Ana, deves professar uma devoção especial para com eles. Ama-os, portanto, como se eles fossem teus pais, rende graças à Santíssima Trindade pelas prerrogativas a eles concedidas, celebra todos os anos a sua festa pela recepção dos santos sacramentos e recomenda-te cada dia à sua proteção, rezando ao menos um Pai Nosso e uma Ave Maria. A fim de que te sejam mais propícios, habitua-te a sufragar frequentemente àquelas almas do purgatório que em vida se distinguiram por esta devoção. Será ao mesmo tempo um modo de honrares a Santíssima Virgem, que, como diz Santo Afonso, e Maria diversas vezes revelou, se compraz sumamente nas homenagens que são tributadas a seus santos pais.
Ó grande e glorioso Patriarca, São Joaquim, quanto regozijo me causa o pensamento que de entre todos os santos fostes escolhido para cooperar nos mistérios divinos e enriquecer o mundo com a grande Mãe de Deus, Maria Santíssima! Por este privilégio singular, sois poderosíssimo para com a Mãe e o Filho, de modo que não há graça, por grande que seja, que não possais alcançar. Nesta confiança recorro à vossa valiosíssima proteção, e recomendo-vos todas as minhas necessidades, tanto espirituais como corporais, bem como as da minha comunidade, ou família; em particular vos recomendo a graça especial que desejo e espero obter pela vossa paternal intercessão. E já que fostes um modelo perfeitíssimo da vida interior, alcançai-me o recolhimento de espírito, o desapego de todos os bens passageiros desta terra e um ardente e perseverante amor para com Jesus e Maria. Obtende-me também a dedicação e obediência à santa Igreja e ao Sumo Pontífice que a governa; a fim de que eu viva e morra na fé, esperança e caridade perfeita, invocando os santíssimos Nomes de Jesus e Maria, e seja salvo.
“E Vós, ó meu Deus, que, entre todos os vossos santos, escolhestes o Bem-aventurado Joaquim para ser pai da Mãe do vosso divino Filho: concedei-nos propício, que, honrando-o devotamente sobre a terra, sintamos o efeito da sua intercessão no céu” (1). Fazei-o pelo amor do mesmo Jesus e de Maria Santíssima.
Referência: (1) Or. festi.
(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo III: Desde a Duodécima semana depois de Pentecostes até ao fim do ano Eclesiástico. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p. 350-352)
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Maria Santíssima é o refúgio dos pecadores
Convenite et ingrediamur civitatem munitam; et sileamus ibi – “Ajuntai-vos, e entremos na cidade fortificada, e guardemos aí silêncio” (Jer 8, 14)
Sumário. Nas cidades antigas de refúgio, não achavam abrigo todos os delinquentes, nem para toda a espécie de delitos. Mas debaixo do manto da proteção de Maria, todo o pecador acha refúgio, seja qual for o crime cometido; porquanto foi esta a vontade de Deus constituindo-a Refúgio dos pecadores. Não desanimemos, pois, meu irmão; mas, seja qual for o nosso estado, chamemos a divina Mãe em nosso auxílio e acha-la-emos sempre pronta a ajudar-nos em todas as necessidades. Invoquemo-la especialmente sob o título que ela preza tanto, de Mãe do Perpétuo Socorro.
I. Um dos títulos com que a santa Igreja nos manda recorrer a Maria, e que mais anima os pobres pecadores, é o titulo de Refúgio dos pecadores. Antigamente havia na Judéia umas cidades de refúgio, aonde iam parar os delinquentes para ficarem livres do castigo que mereciam. Agora não há tantas cidades de refúgio como então, mas há uma só, que é Maria, da qual está escrito: Gloriosa dicta sunt de te, civitas Dei (1) — “Coisas gloriosas se têm dito de ti, ó cidade de Deus”. Há, porém, uma diferença. Nas cidades antigas não havia refúgio para todos os delinquentes, nem para toda a espécie de delitos; mas, debaixo do manto de Maria todos os pecadores acham refúgio; seja qual for o delito que hajam cometido: basta que a ela recorram para se refugiarem. Pelo que São João Damasceno a faz dizer: “Eu sou a cidade de refúgio para todos aqueles que vêm a mim.” O Bem-aventurado Alberto Magno aplica à Virgem Maria estas palavras de Jeremias: Ajuntai-vos, e entremos na cidade fortificada.
Logo que alguém entrar nesta cidade mística, recuperará a graça divina. Nem sequer lhe é preciso falar para ser salvo. Et sileamus ibi — “Guardemos aí silêncio”. Sim, porque a Virgem piedosa, vendo-nos sem ânimo de pedir ao Senhor, falará por nós, e tão eficazmente, que, conforme a revelação de Jesus Cristo à Santa Brígida, ela obteria o perdão mesmo para Lúcifer, se (coisa aliás impossível) o espírito orgulhoso se humilhasse a pedir-lhe proteção.
Numa palavra, conclui São Bernardo, que Maria não tem horror de qualquer pecador, por imundo e abominável que seja. Contanto que recorra a Maria e lhe implore misericórdia, ela, o Refúgio dos pecadores, não hesitará em lhe dar a mão piedosa, afim de o arrancar do fundo da desesperação. Oh! seja sempre bendito e louvado nosso Deus, que nos deu uma Mãe tão doce e tão benigna. — ó Maria, infeliz de quem não vos ama! Infeliz de quem não recorre a vós, não confia em vós.
II. Meu irmão, seja qual for o estado da tua alma, ouve como São Basílio te anima: “Não desanimes”, diz o Santo, “mas em todas as tuas necessidades recorre a Maria; chama-a em teu auxílio, sempre a acharás pronta a te socorrer; pois que é esta a vontade de Deus, que ela socorra a todos e em todas as necessidades.”
Invoca-a especialmente sob o título que lhe é tão caro, o de Mãe do Perpétuo Socorro. — Esta Mãe de misericórdia tem tão grande desejo de salvar os pecadores mais perdidos, que ela mesma os vai procurando para os auxiliar. Quanto mais, portanto, não auxiliará aos que a ela recorrem! Só se perde quem não recorre a Maria; mas quem jamais se perdeu depois de ter recorrido a ela e posto nela a sua confiança?
† Ó Mãe do Perpétuo Socorro, eis aqui a vossos pés um pobre pecador, que recorre a vós e em vós confia, ó Mãe de misericórdia, compadecei-vos de mim. Eu ouço como todos vos chamam refúgio e esperança dos pecadores; sede, pois, meu refúgio e esperança minha. Socorrei-me pelo amor de Jesus Cristo; estendei a mão a um pobre pecador que se vos recomenda e para sempre se consagra ao vosso serviço. Eu dou graças e louvores a Deus, que na sua misericórdia me inspirou esta confiança em vós, a qual eu considero como penhor da minha eterna salvação. Se até agora tantas vezes tenho caído, foi por não ter recorrido a vós. Sei que por meio do vosso auxílio vencerei, e também que vós me acudireis, sempre que vos invocar; mas o que temo é esquecer-me de vós nas ocasiões do pecado, e assim me perder. Eis, pois, a graça que vos peço e encarecidamente vos suplico, de recorrer sempre a vós em todos os assaltos do inferno, dizendo: Ó Maria, valei-me; ó Mãe do perpétuo socorro, não permitais que eu perca a meu Deus (2).
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