São Beda, o Venerável, Confessor e Doutor da Igreja
(† 753)
Beda, natural de Jarrow, menino de 7 anos, foi confiado aos cuidados do santo Abade Benedito de Wearmouth. Mais tarde, com o abade Ceolfredo foi transferido para o novo mosteiro de Jarrow, onde, com 19 anos, recebeu o diaconato e, com 30 anos, o presbiterato. Toda a sua vida Beda passou-a estudando, escrevendo e ensinando, sendo para todos sempre modelo de ótimo religioso, cumpridor dos seus deveres e observador fidelíssimo das prescrições da santa Regra. Via-se sempre rodeado de muitos discípulos e de amigos de alta categoria. Não havia ponto de doutrina, em que não se achasse admiravelmente versado; mas, principalmente, era a Sagrada Escritura objeto das suas meditações e de perseverante estudo. Dominava perfeitamente o grego e o hebraico. Rica biblioteca que o abade Ceolfredo pôde adquirir em Roma para o mosteiro de Jarrow, foi em seguida um manancial preciosíssimo para as pesquisas científicas do estudioso Beda. Por amor aos seus estudos rejeitou por diversas vezes, e constantemente a dignidade e o cargo de abade. Em seis grossos volumes, por ele compostos e escritos, documentou o seu rico saber, sua perícia em todos os ramos de ciência naquele tempo conhecidos.
Nesta grandiosa obra são encontrados tratados sobre a gramática, métrica, retórica, matemática, física, meteorologia, astronomia, música, poesia, hagiografia; contém cartas, 50 homilias, comentários exegéticos da Sagrada Escritura do Antigo e Novo Testamento. A obra principal, porém, que lhe importou o título de "pai da historiografia inglesa" é sua "História eclesiástica dos povos dos Anglos".
Grande luminar que foi nas ciências teológicas como profanas, não menos eminente se evidenciou na piedade e na prática das virtudes cristãs e monásticas. A fama da sua sabedoria e não menos da sua santidade em breve transpôs os limites da sua terra natal. S. Bonifácio, Bispo, e Mártir chama-o "luz da Igreja; Lanfranc dá-lhe o título de "doutor dos Anglos"; o concílio de Aix-la-chapelle confere-lhe o grau de "doutor admirável". Seus escritos eram lidos em público nas igrejas. Como não era lícito denominá-lo Santo, apelidaram-no de Venerável, título que lhe ficou até hoje.
Alquebrado pela idade e pelo trabalho incessante, doente por cinquenta dias, nem por isso se dispensou do estudo dos Santos Livros; e tempo ainda achou para verter em ângulo o Evangelho de S. João. Sentindo a aproximação da morte pediu que lhe fossem administrados os sacramentos da Igreja.
Deitado no chão, dos seus confrades se despediu. "Glória ao Padre, e ao Filho e ao Espírito Santo" foram suas últimas palavras; pronunciadas estas, entregou o seu espírito. Seu corpo, que exalava delicioso perfume, foi sepultado no mosteiro de Jarrow e mais tarde transladado para Durham.
Na Ordem dos Beneditinos e em outras famílias religiosas desde havia muito considerado Doutor, o título de Doutor da Igreja Universal foi-lhe concedido pelo Papa Leão XIII em 1899.
Reflexões
Em São Beda, o Venerável, vemos o Santo estudioso, sábio, entregue ao afanoso trabalho de vasculhar ricas bibliotecas para de dia para dia mais completar o tesouro da sua ciência. Mas em todo este seu laborioso tentâmen se orientou sempre pelas grandes máximas, condutoras que são de uma vida tendente à perfeição, à mais estreita união a Deus. Santo Afonso faz delas o seguinte elenco, imutáveis e aplicáveis a todos os tempos.
"Tudo neste mundo acaba: os prazeres e as dores; a eternidade não passará jamais. — De que servem na hora da morte todas as grandezas deste mundo? — O que nos vem de Deus seja prosperidade, seja adversidade, tudo é bom; tudo é para o nosso bem. — É preciso deixar tudo para adquirir tudo. — Sem Deus, não se pode ter verdadeira paz. — Só uma coisa é necessária: amar a Deus e salvar a alma. — Só uma coisa se deve temer: o pecado. — Perdido Deus, tudo está perdido. — Quem nada deseja neste mundo, é senhor do mundo inteiro. — Quem ora, salva-se; quem não ora, se perde. — Custe Deus quanto queira; nunca é caro. — Toda a pena é leve para quem mereceu o inferno. — Tudo sofre quem olha para Jesus na cruz. — Tudo o que não se faz para Deus, torna-se um tormento. — Quem só quer a Deus, possui todos os bens. — Feliz de quem pode dizer de coração: Jesus, só a vós quero e nada mais. Quem ama a Deus, achará doçura em tudo; quem não o ama, em coisa alguma encontrará verdadeiro prazer".
Santos, cuja memória é celebrada hoje
Em Silistria, na Bulgária, o martírio de S. Juliano, veterano do exército do império, mas soldado ativo também na milícia de Cristo. Seu protesto contra o culto pagão trouxe-lhe o prêmio do martírio.
Referência: Na luz Perpétua, 5ª. ed., Pe. João Batista Lehmann, Editora Lar Católico – Juiz de Fora – Minas Gerais, 1959.
Comemoração: 27 de maio.
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