Santa Juliana Falconieri, Virgem
(† 1340)
Florença é a cidade natal de Santa Juliana Falconieri. Os pais de Juliana pertenciam à nobre família dos Falconieris. Casados, havia muitos anos, Deus não lhes concedera filhos, o que muito os entristecia. Foi-lhes ouvida a oração e em 1270 nasceu Juliana. Não pouparam esforços os pais, para darem à menina uma ótima educação. Muito piedosos e tementes a Deus, implantaram no coração da filhinha as virtudes mais belas e encaminharam-na para uma vida de perfeição evangélica. A menina tanto correspondeu aos desejos dos pais, que Aleixo, tio de Juliana e sacerdote da Ordem dos Servitas, afirmou à mãe que ela havia dado a vida, não a uma menina, mas a um anjo. Com efeito, Juliana era tão recolhida e concentrada, que parecia ser antes Anjo do que criatura humana. Ninguém jamais vira Juliana olhar para uma pessoa do outro sexo, muito menos fixar o olhar num homem de um modo menos recatado ou prudente.
Tal horror tinha ao pecado, que só em ouvir um nome de ofensa a Deus, começava a tremer, e só a referência de um crime lhe fazia perder os sentidos.
Mal tinha quinze anos quando, desprezando os bens deste mundo, depôs nas mãos de S. Filipe Benício o voto de castidade e, como primeira religiosa, entrou para a Ordem das Servitas. Este exemplo teve a imitação de muitas donzelas, das famílias mais distintas. As religiosas que se associaram à Juliana, dedicavam-se ao serviço dos doentes nos hospitais e a outras obras de misericórdia, Juliana elaborou um regulamento para a comunidade, obra que revela grande sabedoria, circunspeção e santidade.
Essa fundação tem o nome de "Congregação das Servas de Maria".
Entre as virtudes que lhe adornavam o coração, estava em primeiro lugar a humildade. Com a maior prontidão auxiliava nos serviços mais humildes da casa. A santidade revelava-se-lhe também numa dedicação extraordinária à oração. O tempo não ocupado pelo trabalho e pela oração, dava-o aos pobres doentes ou empregava-o na conversão dos pecadores.
A caridade, fora do comum, que fazia ao próximo, correspondia um excessivo rigor contra si mesma. O chão servia-lhe de leito, e eram reduzidas ao mínimo as horas que dedicava ao sono. O uso do cilício era ininterrupto, e o sábado era dia de jejum a pão e água. Duas vezes por semana recebia a sagrada Comunhão e nesses dias a abstinência era completa. Estas práticas de penitência — que se recomendam à admiração, não, porém, à imitação — tiveram por consequência vir Juliana a contrair uma fraqueza do estômago, que lhe causou os maiores tormentos.
Pelo fim da vida, quando contava 70 anos, a doença chegou a tal ponto, que os vômitos eram contínuos e alimento algum o estômago retinha. Para Juliana era isto um martírio, porque se via privada da Santa Comunhão. Com todo o ardor da alma pedia a Deus não a deixasse morrer sem o consolo do Viático. Como se tivesse tido uma comunicação direta de Deus de ter sido ouvida, pediu ao sacerdote que lhe trouxesse a Santa Comunhão ou pelo menos lhe mostrasse a Santa Hóstia. O sacerdote atendeu a esse humilde pedido e, quando chegou com a sagrada espécie, pondo-a perto da enferma, desapareceu-lhe das mãos, sem saber como tal se dera. Pela alegria e íntima satisfação que se estamparam no rosto de Juliana, concluíram os assistentes que Deus lhe concedera uma grande graça. Enquanto o sacerdote estava preocupadíssimo com o desaparecimento da sagrada Hóstia, Juliana entregou o espírito a Deus, sem o menor sinal de agonia. Quando prepararam o corpo para a sepultura, descobriram no lado esquerdo do peito o sinal duma hóstia, com a imagem de Jesus crucificado nitidamente impressa na carne. Por este fenômeno conheceu-se que Deus tinha se servido de um meio extraordinário, para proporcionar à sua serva a graça do santo Viático. A esse milagre seguiram-se muitos outros, que fizeram com que Juliana gozasse de grande veneração entre o povo católico.
O corpo de Santa Juliana achou o último repouso naquela belíssima igreja, que o pai erigira em honra da Santíssima Virgem. Quatrocentos anos depois do trânsito, foi Juliana canonizada pelo Papa Clemente XII.
Reflexões
A educação que o homem recebe na infância é de suma importância para toda a vida. Na formação moral e intelectual tudo depende das primeiras impressões, que a criança recebe. Partindo deste são princípio, os pais de Juliana deram à filha uma educação primorosa, não descurando as menores circunstâncias. Justiça, caridade, paciência, amor à pobreza, modéstia, humildade e piedade, são virtudes que a criança deve aprender, desde a mais tenra infância. Oxalá todos os pais se lembrassem dessa verdade, e não só afastassem dos filhinhos os maus exemplos e perniciosas influências como também lhes ensinassem a praticar a virtude, todas as vezes que para isso ocasião se lhes oferece.
Uma educação sólida, baseada nos princípios da religião, é a maior fortuna, a herança mais abençoada, que os pais podem deixar aos filhos. Uma educação falha, porém, projeta os maus efeitos sobre toda a vida e difícil se torna, para não se dizer impossível, corrigir-lhe as faltas ou lacunas que deixa.
Santos, cuja memória é celebrada hoje
Em Milão, o martírio dos irmãos Gervásio e Protásio no 2.º séc. Seus corpos foram descobertos por Santo Ambrósio num estado de perfeita conservação. Um cego que estava presente, recuperou a vista, e alguns possessos ficaram curados.
Em Arezzo, os mártires Gaudêncio, bispo e o diácono Culmácio. Ambos foram vítimas do fanatismo pagão.
Referência: Na luz Perpétua, 5ª. ed., Pe. João Batista Lehmann, Editora Lar Católico – Juiz de Fora – Minas Gerais, 1959.
Comemoração: 19 de junho.
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