São Pedro de Verona

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Santos de julho

Santo do dia 29 de abril
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São Pedro de Verona

São Pedro de Verona, O.P., Mártir

(† 1252)

Pedro nasceu em Verona no ano de 1205, sendo filho de pais maniqueus. Não havendo em Verona outra escola senão a católica, os pais confiaram-no a mestres católicos que além de conhecimentos profanos, lhe ensinaram a doutrina católica. Pedro, desde menino, teve uma grande aversão contra a heresia, negando-se até a brincar com meninos hereges. Tendo sete anos, ao sair da escola, se encontrou com um primo maniqueu, o qual lhe perguntou o que tinha aprendido na escola. Pedro respondeu: "O símbolo. Creio em Deus Padre Todo-Poderoso". "Cala-te, — disse-lhe o primo — e não andes a dizer tolices. Não foi Deus, mas o demônio o criador do mundo". Pedro, porém, não se deixou enganar e ao primeiro artigo da fé acrescentou os demais. O primo chamou a atenção do pai de Pedro sobre este fato, mas este não lhe ligou importância. De Verona passou Pedro para Bologna, com o fim de lá continuar os estudos. Em Bologna conheceu o fundador da Ordem Dominicana, o qual a seu pedido, o aceitou como sócio na sua nova instituição. Concluídos os estudos, foi promovido ao sacerdócio e incumbido da missão de pregador. Nesta qualidade percorreu a Itália toda, deixando por toda parte a fama de seu talento e de sua santidade.

Para aumentar os merecimentos do seu Servo, permitiu Deus, que fosse vítima de vil calúnia. Inventaram alguns confrades que Pedro, contrário às regras da Ordem, tinha recebido na cela visitas de amigos e até pessoas de outro sexo. Pedro repeliu esta invenção como uma calúnia. Parecendo-lhe, porém, que essa atitude, aliás justa, ia de encontro aos ditames da humildade, preferiu calar-se, o que concorreu para prestigiar a asserção dos acusadores. Em seguida, foi-lhe interdita a pregação e determinada a remoção para um outro convento. Pedro aceitou esta medida humilhante, sem dizer uma palavra de queixa, confiando em Deus, que um dia lhe faria patente a inocência. Meses passaram-se e ainda pesava sobre a pobre vítima a nuvem da suposta falta. O desânimo começou a ralhar-lhe o espírito. Um dia, quando se sentia como que esmagado e profundamente acabrunhado, lançou-se aos pés da imagem de Jesus crucificado disse: e "Meu Jesus, ignoras que sou inocente? Porque me deixas sofrer tanto? Porque não defendes a minha inocência? Sabes que nada fiz". A estas palavras veio a resposta de Nosso Senhor: "Que mal fizera eu, Pedro, quando me pregaram na cruz? Não desanimes. Aprende de mim a paciência nos teus sofrimentos, que não se comparam com os meus", Pedro, ao ouvir isto, sentiu a alma invadida de uma grande vergonha e ao mesmo tempo confortada e desejosa de sofrer ainda mais, por amor de Jesus.

Deus pôs à luz a inocência de seu servo. Pedro não só pôde voltar para Bologna, mas teve a satisfação de ser recebido pelos confrades com os sinais da mais alta estima. Continuou a pregação e Deus se dignou de corroborar por grandes milagres a palavra do santo missionário. Muitos pecadores fizeram penitência, e grande número de hereges voltaram ao seio da Igreja.

Tudo isto não impediu que ao demônio fosse dado poder de inquietar e perseguir o Santo, com graves tentações contra a fé. Pedro enfrentou as com a máxima energia e recorreu a Maria Santíssima, como era costume seu, em todas as questões de importância. De fato, a divina Mãe não o abandonou. Um dia, quando se achava em fervorosa oração aos pés do altar, ouviu Maria dirigir-lhe as palavras de Jesus Cristo a S. Pedro: "Roguei por ti, Pedro, para que tua fé não desfaleça. Tu, porém, anima teus irmãos". Desde então não mais sofreu importunação alguma daquelas tentações.

Grande resistência encontrou ainda da parte dos hereges, os quais, desesperados ao verem os grandes milagres e admiráveis profecias do santo missionário, procuraram de todos os modos desprestigiá-lo, como enganador e embusteiro. Em determinada ocasião recorreram ao seguinte estratagema: Um deles, havia de fingir-se doente, enquanto os outros iam chamar Pedro, para que o curasse. Pedro, iluminado por Deus, disse ao enfermo: "Jesus Cristo, cuja doutrina prego, dê-te a saúde, se estiveres na verdade doente; caso, porém, queiras enganar-me, dê-te uma doença verdadeira". Imediatamente o indivíduo foi acometido de febre fortíssima, confessou a maldade e pediu perdão. Pedro não só lhe perdoou, mas restituiu-lhe a saúde e recebeu-o no grêmio da Igreja Católica.

Por revelação divina, soube o Santo que lhe estava próximo o fim e esperava a coroa do martírio. Numa prática, que Pedro fez em Milão, disse textualmente: "Sei que os hereges empenharam muito dinheiro, para se verem livres de mim. Sei que os assassinos já estão contratados. Saibam, porém, que maior felicidade não poderiam proporcionar-me do que esta, de eu poder dar a vida em testemunho de minha fé em Jesus Cristo. É esta a graça que peço a Deus, há muito tempo, na santa Missa. Nada ganharão com minha morte".

Quinze dias depois, fez Pedro uma viagem, de Como para Milão. No caminho foi, de emboscada, agredido pelos assassinos. Um deles vibrou-lhe, com o machado, um golpe na cabeça. O Santo caiu por terra e, molhando o dedo em seu sangue, escreveu no chão a palavra: "Credo". Depois elevou os olhos ao céu, dizendo: "Senhor, em vossas mãos encomendo o meu espírito" e exalou a alma. Um dos assassinos cravou-lhe ainda o punhal no peito.

O corpo de S. Pedro foi transportado em triunfo para Milão e depositado na igreja de Santo Eustórgio. O assassino, de nome Carin, mais tarde confessou o crime e entrou, como penitente, para o convento dominicano de Forli. Pedro foi canonizado por Inocêncio IV. O túmulo tornou-se glorioso, pelos milagres que nele se observaram.

Reflexões

"Que fiz, Pedro, para que me crucificassem?" — Perguntou Jesus Cristo a Pedro, que se queixava de sofrer perseguição injusta. Lembra-te desta palavra, quando te vires mergulhado nas amarguras da provação; quando vires tua honra ofendida, teu nome desrespeitado, ou quando sofreres qualquer perseguição injustamente. Por inocente que sejas, mais inocente era Jesus. E Jesus sofreu de tal maneira, que todos os teus sofrimentos desaparecem aos dele comparados. Se, porém, sofreres com justiça, tua própria consciência acusando-te de graves faltas, nenhuma queixa devias fazer, mas, com o profeta, dizer: "De bom grado suportarei a ira do Senhor, porque contra Ele pequei". (Mich. 7, 9). A lembrança dos teus pecados fará com que, mais conformado, leves a tua cruz. É uma grande verdade, que nos diz a Sagrada Escritura: "Deus nos castiga conforme os nossos pecados". (Jud. 7, 17).

Por mais grave e mais doloroso que este castigo nesta vida seja, na eternidade seria maior.

Santos, cuja memória é celebrada hoje

Em Pafona, ilha de Chipre, a comemoração de S. Tichio, um dos discípulos do apóstolo São Paulo, por este chamado o amado irmão, o servo fiel e seu companheiro no serviço do Senhor. Em Pisa, na Toscana, o santo mártir Torpes, que ocupava alta posição na corte imperial de Nero. É um daqueles de que S. Paulo na sua epístola aos Filipenses diz: Saúdem-vos todos os Santos, principalmente os que são da casa de César. (4, 22). Descoberta a sua conversão ao Cristianismo, foi barbaramente açoitado e atirado às feras, que não o ofenderam. Finalmente foi executado pela espada.

Referência: Na luz Perpétua, 5ª. ed., Pe. João Batista Lehmann, Editora Lar Católico – Juiz de Fora – Minas Gerais, 1959.

Comemoração: 29 de abril.

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