São Pedro Canísio

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Santos de julho

Santo do dia 27 de abril
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São Pedro Canísio

São Pedro Canísio, S. J.

(† 1597)

Pedro Canísio, nasceu no ano de 1521, em Nimwegen, no ducado de Geldern. O pal era conselheiro e preceptor dos filhos de Lorena. A mãe era uma senhora distinta, de grande virtude e santidade. Como geralmente acontece a menino: chamados por Deus ao seu santo serviço, também Pedro Canísio se distinguiu entre os companheiros pela piedade, pureza e amor ao estudo. Menino ainda, passava horas inteiras ao pé do Crucifixo e durante a noite se levantava, para rezar. Devendo às vezes comparecer a banquetes, abstinha se do vinho, para assim fazer penitência pelos excessos, que via outros cometer. As vezes reunia os companheiros e explicava-lhes as cerimônias da santa Missa e dava-lhes instruções na doutrina cristã. Nas conversas observava o maior recato; as faces cobriam-se-lhe de rubor, ao ouvir uma palavra ofensiva à virtude da pureza. Uma pessoa privilegiada por Deus predisse ao menino de treze anos que seria membro de uma nova Ordem, na qual muito trabalharia pela salvação das almas, contra a nova heresia. Tendo quinze anos, começou os estudos na universidade de Colônia, onde se confiou ao célebre teólogo Dr. Nicoláu Esch. Este grande mestre da ciência divina e da vida interior adiantou muito o discípulo em ciência e santidade. Pedro, ainda na velhice, com gratidão se lembrava do bom mestre. Esch tomou grande interesse pelo discípulo, como prova o seguinte fato. Certa vez que Pedro estendera as férias demasiadamente e parecia esquecer-se dos princípios da vida religiosa, Esch procurou-o pessoalmente e levou-o a voltar ao primitivo fervor. Entre as doutrinas que incutia no discípulo, figurava esta como fundamental: servir a Deus é reinar; servir a Deus traz a paz, tudo mais é vaidade. De Esch Pedro aprendeu o costume de ler todos os dias um trecho da Bíblia, da vida dos Santos e fazer meditação. As instruções do mestre produziram os mais belos frutos. Pedro adquiriu um grau tão alto de caridade para com o próximo, que por diversas vezes vendeu os livros, para poder socorrer os necessitados. Na sua mesa havia uma caveira, para lembrar-lhe continuamente a futilidade desta vida terrestre. Tendo apenas dezenove anos, recebeu o título de doutor em filosofia. Grandes eram as esperanças que o pai nutria, para o futuro de seu filho. Um casamento muito vantajoso, que lhe ofereceu, Pedro não aceitou, porque seu ideal era dedicar-se ao serviço de Deus e retirar-se completamente do mundo. Na idade de vinte e um anos fez o voto de castidade perpétua.

A fama de que gozava o célebre discípulo de Santo Inácio de Loiola, Padre Pedro Faber, atraiu também a Pedro Canísio que se dirigiu a Mogúncia, onde fez os exercícios espirituais, sob a direção deste sábio sacerdote. O resultado deste retiro foi que Pedro Canísio pediu admissão na Companhia de Jesus. Com ele entraram ainda outros jovens. Mandado por Pedro Faber, voltou para Colônia onde fundou uma nova residência da Ordem. Em Colônia, começou os estudos teológicos e recebeu as ordens maiores. Logo depois, o vemos lecionar teologia e pregar a palavra de Deus A atividade dirigiu-se-lhe principalmente contra a heresia do protestantismo. Tão grande era-lhe o prestigio, que a universidade e o cabido metropolitano o incumbiram de representá-los junto ao imperador, que se achava em Worms. Pedro Canísio justificou perfeitamente a confiança nele depositada e conseguiu a deposição do arcebispo de Colônia, Germano de Wied, que favorecia, escandalosamente a heresia nova. Naquela ocasião conheceu o Cardeal Otão de Augsburgo, o qual o delegou para substituí-lo no Concílio de Trento. Pedro Canísio assistiu às sessões do Concilio e seguiu viagem depois para Roma, para onde Santo Inácio o tinha chamado. Passados cinco meses foi mandado a Messina onde lecionou teologia durante um ano. Em 1549 voltou para Roma, onde a 8 de setembro fez os votos perpétuos. Do Superior recebeu então ordem de seguir novamente para a Alemanha.

Durante três anos trabalhou com muito zelo em Ingolstadt. O rei Fernando, conhecendo-lhe os grandes merecimentos, alcançou de Santo Inácio a transferência de Pedro para Viena, onde o protestantismo tinha causado grandes descontentamentos. Com muito trabalho, lutando sempre com inúmeras dificuldades, conseguiu levantar um pouco a vida católica na cidade dos Habsburgos. Incansável no púlpito e no confessionário, animou os católicos à resistência contra a onda invasora do protestantismo. Fundou Colégios em Viena e Praga, administrou a diocese de Viena pelo espaço de um ano, recusando, porém, aceitar a dignidade episcopal. A pedido do rei Fernando compôs o célebre catecismo, cuja primeira edição foi publicada em 1554. O catecismo de Pedro Canísio alcançou 200 edições e foi traduzido em 15 línguas. Em 1556 voltou para Baviera, fundou o Colégio de Ingolstadt e foi por Santo Inácio nomeado Provincial da Ordem na Alemanha e Áustria.

Pela influência que exercia sobre o Cardeal Otão de Augsburgo e o rei Fernando, tornou-se realizável uma forte resistência contra a política fraca, indecisa e conciliadora, que outro resultado não podia ter e teve, senão o fortalecimento da "confissão Augustana", a qual Pedro jocosamente denominava a "confusão Augustana". Neste sentido trabalhou como pregador em Ratisbona, combateu o plano das discussões religiosas com os protestantes e respondeu com muita vantagem a Melanchton em Worms, descobrindo desapiedadamente a cisão interna, que reinava no campo luterano. Os estados católicos reanimaram-se e readquiriram nova força na luta contra as agressões do protestantismo. No ano de 1557 fundou um colégio em Colônia, visitou Strassburg, Friburgo, a Baviera, e em 1558 tomou parte na eleição de um novo Superior geral da Ordem. A Companhia de Jesus contava naquela ocasião 1.000 membros, distribuídos em nove províncias.

Em companhia do Núncio Apostólico, Camilo Mentuat foi à Polônia, onde, com bom resultado, defendeu os interesses da Igreja Católica. Outra vez lhe foi reclamada a presença na Alemanha, quando se realizou a dieta de Augsburgo. Em uma série de sermões, defendeu a doutrina da Igreja sobre as indulgências, e conseguiu que multos protestantes se convertessem ao catolicismo. Quando se reabriram as sessões do Concilio de Trento, Pedro Canísio recebeu convite para nelas tomar parte, e foi devido à sua grande habilidade, que o Concílio teve uma conclusão satisfatória. Em viagens, que ainda fez ao Tirol e à Baviera, fundou colégios em Innsbruck e Dillingen. Em 1565 morreu o Superior Geral, Pe. Laynez. Pedro Canísio tomou parte no Capítulo que elegeu Francisco Borgia para sucessor. Nomeado Visitador das províncias austríacas e alemã, e encarregado de missões importantes pelo Papa Pio V, Canísio outra vez percorreu a Áustria, o Sul da Alemanha e os Países Baixos. É admirável ver como, no meio de tantos trabalhos, teve tempo para escrever livros teológicos, apologéticos e ascéticos, homiléticos e catequéticos, que todos dão testemunho do seu grande preparo e de uma profunda santidade. Uma congestão cerebral condenou-o a uma inatividade de 6 anos. Deus, porém, permitiu que recuperasse a saúde, por algum tempo. No ano de 1597 adoeceu novamente e entregou a alma a Deus. Pedro Canísio viveu 76 anos, dos quais 54 anos na Companhia de Jesus.

S. Caníslo pode ser considerado o segundo apóstolo da Alemanha. Para arrancá-la das garras da nova heresia, que por resultado teve, destruir a união religiosa daquela nação e assim aniquilar em grande parte o fruto do trabalho de oito séculos. Canísio, o primeiro jesuíta de nacionalidade alemã, empenhou todas as energias de que física e moralmente dispunha, e desenvolveu uma atividade que era de pasmar.

Aos seus talentos naturais, ao seu preparo intelectual e científico, se aliavam as virtudes de homem religioso, sacerdote segundo o coração de Deus. Dispunha de um completo domínio sobre si próprio, que o fazia pospor os interesses seus pessoais. Profunda humildade deu-lhe força para resistir às mais persistentes insinuações em aceitar altas dignidades hierárquicas, assegurando assim para si liberdade incondicional de ação no seu apostolado. Admiráveis em Canísio eram sua paciência imperturbável, a firme persistência em levar a efeito seus planos e a obediência verdadeiramente heroica. Por diversas vezes a obediência arrancou-o de lugares e ocupações que se tinham tornado caras ao seu coração.

Por último a obediência exigiu do venerável ancião que se retirasse da Alemanha para fixar sua residência em Friburgo, na Suíça, naquele tempo lugar sem maior importância. Este sacrifício ele fez sem a mínima resistência da sua parte. Grande era também sua piedade. Não era só um homem sábio como também piedoso, homem da oração. Só assim se explica a bênção divina, que foi sua fiel companheira nos trabalhos do seu apostolado.

Estimado pelos Papas do seu tempo e pelos contemporâneos, Santo Inácio, Francisco Borgia, Felipe Neri, Carlos Borromeu, Francisco de Sales e Estanisláo Kostka, gozava Pedro Canísio também da confiança ilimitada do povo católico, que nele venerava um grande Santo e Taumaturgo. Gregório XVI beatificou-o em 1843. Pio XI, no santo ano do Jubileu de 1925, o inscreveu entre os santos canonizados e entre os Doutores da Igreja, e designou o dia 27 de abril para a celebração da sua festa.

Reflexões

Das obras principais deste grande Santo a mais importante é o seu catecismo, que foi traduzido em quase todas as línguas. Este catecismo tem sido a arma mais poderosa contra as heresias do século 16. A ele se deve, ter o poro ficado fiel à Religião Católica, numa grande parte dos países da Europa (Baviera, Austria, Tirol, Suábia, Suíça, Boêmia). Hoje são outros inimigos, que furiosamente atacam a Igreja de Deus sobre a terra. Não são tanto as heresias (que aliás também não dormem) que combatem a Igreja de Cristo, trabalhas do também para a ruína da sociedade: são o capitalismo sem alma nem consciência e seu antagonista, o comunismo que definitivamente baniu do seu programa a justiça e a caridade. Nessa luta titânica, que ameaça a civilização cristã, é só do catecismo que se pode esperar a salvação. Embora pequeno, é esse o livrinho que, em páginas reduzidas, ensina as verdades mais sublimes, desvenda os mistérios mais profundos e cuja leitura satisfaz a todos: a ricos e pobres, a sábios e ignorantes. O Catecismo é o livrinho que encerra a mais alta sabedoria e aponta o caminho que devem seguir o indivíduo, a família, o estado, a humanidade toda, para alcançar a felicidade. O Catecismo é que nos ensina o que devemos fazer, para agradar a Deus e ganhar o céu. É ele que nos responde a todas as perguntas e resolve todas as dúvidas. É o leite dos pequenos e o pão dos fortes: é o alimento da criança, como do adulto; é um tesouro para todos, na vida e na morte. Troplong, presidente do senado francês, grande sábio e um dos advogados mais hábeis da França, quando estava para morrer, fez esta declaração: "Depois de ter visto muito, estudado bastante, vivido muitos anos, estando a morte a bater à porta, chega-se à convicção de que só o Catecismo é que diz a verdade". — Trabalhemos, pois, pela difusão da doutrina cristã, cada um em seu lugar, e consideremos uma distinção muito grande podermos ensinar o Catecismo aos pequenos.

Santos, cuja memória é celebrada hoje

Em Nicomédia, no tempo da perseguição diocleciana, o martírio do bispo Antimo e de muitos cristãos daquela cidade. Um incêndio que irrompeu no palácio imperial, deu o pretexto para se livrar dos cristãos. 303.

Em Bolonha, o santo bispo Tertaliano, que passou por muitas provações no tempo da migração dos povos.

Em Tunkin, o bem-aventurado Lourenço Nguyen de Huon, sacerdote indígena decapitado em 1837.

Referência: Na luz Perpétua, 5ª. ed., Pe. João Batista Lehmann, Editora Lar Católico – Juiz de Fora – Minas Gerais, 1959.

Comemoração: 27 de abril.

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