São Justino

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Santos de julho

Santo do dia 14 de abril
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São Justino

São Justino, Mártir

(† 162)

Justino, de origem grega, nasceu em 103, na Palestina, na cidade de Sichem. Nascido nas trevas do paganismo, cursou as escolas filosóficas de sua terra e dedicou-se especialmente ao estudo da filosofia de Platão. Para poder-se aprofundar cada vez mais no sistema do grande sábio grego, retirou-se para a solidão.

Um dia se lhe apresentou um ancião, que não lhe era conhecido, mas cuja aparência era sumamente simpática. Entre os dois, entabulou-se uma conversa sobre a filosofia. O velho mostrou a Justino a insuficiência do sistema Platônico, que não satisfazia o desejo do espírito, de conhecer a verdade sobre a existência de Deus. Mostrou-lhe mais, que os antigos filósofos se basearam em princípios falsos e, não tendo uma ideia clara de Deus e da alma humana, não podiam servir de guias no caminho da verdade. Justino, ávido de conhecer a verdade, pediu ao hóspede que lhe indicasse o meio pelo qual pudesse chegar ao conhecimento da verdade. O ancião respondeu-lhe: "Muito antes dos filósofos, existiam no mundo homens, amigos de Deus e ilustrados pelo Espírito divino. São os profetas, que predisseram as coisas futuras, e essas profecias se cumpriram ao pé da letra. Os livros que deles possuímos, contêm doutrinas cheias de luz, sobre a origem e fim de todos os seres. Ensinam a fé em Deus Uno e Trino, Criador do céu e da terra, que mandou seu Filho Unigênito, para salvar o gênero humano. Eleva tua alma em profunda oração ao céu, para que se te abram as portas do Santuário da verdade e da vida. As coisas de que te falei, são incompreensíveis, a não ser que Jesus Cristo, o Filho de Deus, nos dê delas compreensão". Ditas estas palavras, o ancião desapareceu. Justino, muito impressionado com aquilo que tinha ouvido, ao mesmo tempo ávido de conhecer a verdade leu os livros dos profetas, cuja leitura lhe fez luz no espírito e o conduziu ao conhecimento de Jesus Cristo. Não muito tempo depois, teve ocasião de observar e admirar a virtude e constância dos cristãos por ocasião de uma grande perseguição de que foram vítimas. Justino fez-se cristão, dirigiu-se para Roma, envidou todos os esforços na propaganda da fé entre os pagãos e na defesa da mesma contra os inimigos. Em um memorando, dirigido ao imperador romano, procurou desfazer os graves preconceitos que existiam contra os cristãos. "Os cristãos — escreveu ele — vivem na carne; mas não segundo a carne; perseguidos pelo mundo, amam a todos; nos outros são condenados os vícios, que neles se descobrem; nos cristãos é perseguida a inocência, que não é reconhecida; são martirizados até a morte, e a morte dá-lhes a vida; pobres, que são, enriquecem a muitos outros; falta-lhes tudo, e possuem tudo em abundância; são tratados com desprezo, e com isto se sentem honrados".

S. Justino é o primeiro "Padre da Igreja" depois dos "Padres Apostólicos"; é o primeiro e o mais antigo, de que possuímos obras maiores, de grande valor apologético.

Os escritos que deixou, apresentam a doutrina em toda a pureza, mostram os santos mistérios em toda a beleza e majestade, e conservam as fontes puríssimas da tradição apostólica.

A vida de S. Justino estava em perfeita concorrência com seus escritos. Seu zelo verdadeiramente apostólico mereceu-lhe o desagrado de muitos filósofos do seu tempo, entre eles de Trifon e Crescenelo. O primeiro, o judeu mais sábio de sua raça, teve que reconhecer a superioridade da argumentação de Justino; o segundo, filósofo cínico e ímpio, ficou tão desmoralizado, que perdeu a estima de todos e do próprio imperador Antonino. Crescêncio jurou vingança a Justino e denunciou-o ao imperador Marco Aurélio, por causa da religião cristã. Justino, citado perante o tribunal, respondeu: "Outro Deus não reconheço a não ser aquele que criou o céu e a terra". A censura do prefeito Rústico, de ser discípulo de Jesus Cristo, replicou: "Não pode ser censurado aquele que obedece às leis de Jesus Cristo. Para mim é uma grande honra e prefiro antes morrer, que o negar". Rústico pergunta-lhe ainda: "Crês que entrarás no céu?" Justino: "Não só creio, eu o sei e disto tenho tanta certeza, que não me cabe a menor dúvida". A ameaça de ser condenado à terrível flagelação, Justino respondeu firmemente: "Um homem de bem não abandona a fé para abraçar o erro e a impiedade. Maior desejo não tenho, senão de padecer por aquele que entregou a vida por mim. Os sofrimentos enchem a nossa alma de confiança na terrível justiça divina de Nosso Senhor Jesus Cristo, perante o qual por ordem de Deus, todo o mundo deverá comparecer. Faze o que tencionas fazer; inútil é insistir conosco para que prestemos homenagens aos deuses". A estas palavras seguiu-se a flagelação e decapitação de Justino, de muitos outros cristãos, no ano de 162.

Justino sem ser sacerdote deixou à Igreja livros preciosíssimos, escritos por ele, os quais constituem um tesouro inigualável do tempo apostólico, um monumento indestrutível da doutrina imutável de nossa santa Igreja. 

Reflexões

S. Justino não achou contentamento na religião pagã. Que satisfação podia oferecer um culto, que incensava os vícios, exigia vítimas humanas e cujos mistérios mais acatados eram orgias e bacanais da pior espécie? De fato: a religião dos povos mais civilizados adorava deuses, que eram símbolos dos vícios mais abjetos, Roma, Atenas, Corinto tornaram-se centros da mais revoltante idolatria. Só na Grécia existiam nada menos que noventa templos dedicados à luxúria. Dos sábios Egípcios dizia-se, com escárnio, que semeavam os deuses nos jardins. Que aproveita toda a sabedoria, se falta a luz do céu e se os homens, cegos pelas paixões, preferem as trevas do paganismo à luz das verdades eternas? Muitas graças devemos a Deus, que nos libertou da tirania de satanás, tendo-nos dado pais cristãos, que nos educaram na luz da religião divina. Quem muito recebe, grande conta deve dar a Deus. Se em vez de filhos das trevas, somo filhos de Deus, como tais devemos viver, se não quisermos que nos espere um juízo pavoroso. Graves são as palavras do Evangelho: "Ai de ti, Corozaim! Ai de ti, Bethsaida! Porque se em Tiro e Sidônia tivessem sido feitas as maravilhas que se realizaram em vós, há muito tempo que elas teriam feito penitência em cilício e em cinza. Todavia eu vos digo: Para Tiro e Sidônia haverá menos rigor, no dia do juízo do que para vós. E tu, Cafarnaum, porventura elevar-te-ás até ao céu? Hás de ser abatida até ao inferno: porque se nas cidades de Sodoma e Gomonha se tivessem feito os milagres que se fizeram em ti, talvez existissem ainda hoje". (Mt. 11). Tudo isto nos será aplicado, se a nossa vida não estiver de acordo com a nossa santa religião, e com as graças que recebemos dia por dia.

Santos, cuja memória é celebrada hoje

Na África a memória dos mártires Masilianos, em cujo aniversário Santo Agostinho fez um grande panegírico.

Na Judeia a memória de Santa Maria, mulher de Cleofas, mãe dos Apóstolos Tiago, o menor, e de Judas Tadeu, como também de José Barsabas e de S. Simeão, bispo de Jerusalém. Era uma das piedosas mulheres que assistiram a morte de Nosso Senhor, e prepararam seu corpo para o túmulo. Um anjo lhe comunicou a Ressurreição de Jesus Cristo. Do resto da sua vida nada se sabe. Suas relíquias foram transportadas para Veroli na Campagna romana.

Na viagem para a China foram assaltados e mortos pelos Sarracenos o bem-aventurado Tomás de Tolentino com três companheiros. 321.

Referência: Na luz Perpétua, 5ª. ed., Pe. João Batista Lehmann, Editora Lar Católico – Juiz de Fora – Minas Gerais, 1959.

Comemoração: 14 de abril.

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