Meditação de 17 de dezembro

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2º Dia da Novena de Natal – Tristeza do Coração de Jesus no seio da Virgem Maria

2º Dia da Novena de Natal – Tristeza do Coração de Jesus no seio da Virgem Maria

Tristeza do Coração de Jesus no seio da Virgem Maria

Hostiam el obationem noluisti, corpus autem aptasti mihi – Não quiseste hóstia nem oblação, porém me formaste um corpo (Hb 10,5) 

Sumário. Tudo quanto Jesus Cristo padeceu no correr da sua vida, foi-lhe posto diante dos olhos quando ainda se achava no seio de sua Mãe; e Jesus aceitou tudo por nosso amor. Porém, naquela aceitação e na repressão da repugnância natural, ó Deus, que aflição devia experimentar o seu Coração! Se Jesus, embora inocente, desde princípio da vida começou a sofrer por nós, não é justo que nós, que somos pecadores, padeçamos alguma coisa por seu amor e em desconto dos nossos pecados? 

I. Considera a grande amargura de que o coração de Jesus Menino devia sentir-se atormentado e oprimido no seio de Maria, quando no primeiro instante da encarnação o Pai Eterno lhe mostrou toda a série de desprezos, de dores e de angústias que no correr da sua vida deveria sofrer, afim de livrar os homens do seu estado de miséria – Eis o que ele falou pela boca do profeta Isaías: Mane erigit mihi aurem – Pela manhã (o Senhor) levantar-me o ouvido. Isto é: no primeiro instante da minha encarnação, meu Pai me fez conhecer a sua vontade, que eu levasse uma vida de sofrimentos para ser finalmente sacrificado na cruz. Ego autem non contradico; corpus meum dedi percutientibus (1) – Eu não contradigo; entreguei o meu corpo aos que me feriam. Ó almas, aceitei tudo pela vossa salvação e desde então entreguei o meu corpo para receber os açoites, os pregos e a morte.

Pondera que tudo o que Jesus Cristo sofreu no correr da sua vida e em sua Paixão, foi-lhe posto diante dos olhos quando ainda se achava no seio de sua Mãe. Jesus aceitou tudo com amor. Mas naquela aceitação, e na repressão de sua repugnância natural, ó Deus, que angústias e que aflição não devia experimentar o Coração inocente de Jesus! Desde então compreenderia bem quanto teria de sofrer, primeiro nascendo numa gruta fria, pousada de animais; em seguida, tendo de morar trinta anos desconhecido na loja de um simples oficial. Já então viu que os homens haviam de tratá-lo de ignorante, de escravo, de sedutor, de réu de morte, digno da mais infamante e dolorosa morte destinada aos celerados. Tudo isso o nosso amante Redentor aceitou-o cada instante, mas cada vez que renovava a aceitação, tornava a sofrer juntas todas as penas e todas as humilhações que depois deveria sofrer até a morte. E para que? Para salvar-nos da morte eterna, a nós, miseráveis pecadores.

II. Ó meu amado Redentor, quanto Vos custou, desde a vossa primeira entrada neste mundo, tirar-me da miséria que tinha atraído sobre mim pelos meus pecados! Para me livrardes da escravidão do demônio, a quem de livre vontade me tinha vendido, Vós sujeitastes a ser tratado como o mais vil de todos os escravos. E eu, sabedor disso, tive ânimo de amargurar tantas vezes o vosso amabilíssimo Coração, que tanto me amou! Mas, já que Vós, que sois inocente e sois o meu Deus, aceitastes por meu amor uma vida e uma morte tão penosas, aceito, por vosso amor, ó Jesus meu, toda a pena que me vier das vossas mãos. Aceito-a e abraço-a por vir daquelas mãos que um dia foram transpassadas, afim de livrar-me do inferno tantas vezes merecido pelos meus pecados. Ó meu Redentor, o amor que mostrastes em oferecer-Vos a sofrer tanto por mim, constrange-me demais a aceitar por vosso amor toda a pena, todo o desprezo. Ó meu Senhor, pelos vossos merecimentos dai-me o vosso santo amor; este tornar-me-á suaves e amáveis todas as dores e todas as ignomínias. Amo-Vos sobre todas as coisas, amo-Vos de todo o meu coração, amo-Vos mais que a mim mesmo.

Durante toda a vossa vida me tendes dado provas demasiadamente grandes do vosso afeto para comigo. Eu, ingrato, já tenho vivido tantos anos nesta terra e quais são as provas de amor que Vos mostrei? Fazei, ó meu Deus, que ao menos nos anos de vida que me restam, Vos dê alguma prova de meu amor. Não tenho coragem de comparecer na vossa presença, quando vierdes a julgar-me, tão pobre como agora me acho, sem ter feito alguma coisa por vosso amor. Mas, que posso fazer sem a vossa graça? Nada senão pedir-Vos que me socorrais, e este mesmo pedido ainda é uma graça da vossa parte. Jesus meu, socorrei-me pelos merecimentos de vossas penas e do sangue que por mim derramastes.

Maria Santíssima, recomendai-me a vosso Filho, peço-o pelo amor que lhe tendes. Lembrai-vos que sou uma daquelas ovelhas pelas quais vosso Filho morreu.

Referências: (1) Is 50, 4-6

OBS: Santo Afonso indulgenciou esta Novena da seguinte forma: para cada dia da Novena, recebemos Indulgência de 300 dias. Para o dia do Natal ou num dia da Oitava, recebemos Indulgência Plenária se fizermos e cumprirmos as obras prescritas da Confissão e da Comunhão.

(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo I: Desde o Primeiro Domingo do Advento até a Semana Santa Inclusive. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p. 58-60)

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Jesus, fonte de graças

Jesus, fonte de graças

QUARTA-FEIRA

Haurietis aquas in gaudio de fontibus Salvatoris – Tirareis com gosto águas das fontes do Salvador.

Sumário. Consideremos as quatro fontes de graças que possuímos em Jesus Cristo. Ele é uma fonte de misericórdia, na qual nos podemos limpar de nossas imundices; uma fonte de paz, que nos dá pleno contentamento; uma fonte de devoção, que nos faz prontos, na obediência à voz divina; afinal, uma fonte de amor, que nos abrasa no fogo de amor divino. Aproximemo-nos com confiança, e vamos frequentemente apagar a nossa sede nessas fontes inesgotáveis.

I. Considera as quatro fontes de graça que possuímos em Jesus Cristo, segundo a contemplação de São Bernardo. A primeira fonte é a de Misericordia, na qual nos podemos limpar de todas as imundices dos nossos pecados. O Redentor fez-nos manar esta fonte com as suas lágrimas e o seu sangue: Dilexit nos et lavit nos a peccatis nostris in sanguine suo – Ele nos amou e nos lavou de nossos pecados em seu sangue.

A segunda fonte é de Paz e de consolação em nossas tribulações. Invoca-me, diz o Senhor, no dia da tribulação, e eu te consolarei. – Invoca me in die tribulationis, eruam te (2). Quem tem sede das verdadeiras consolações, também nesta terra, venha a mim e eu o saciarei – Si quis sitit, veniat ad me (3). Quem prova a água de meu amor, aborrecerá para sempre todas as delícias do mundo. Qui autem biberit ex aqua, quam ego dabo ei, non sitiet in aeternum (4) – O que beber da água que eu lhe der, nunca mais terá sede. E ficará plenamente satisfeito, quando entrar no reino dos Bem-aventurados, porquanto a água da minha graça o fará subir da terra ao céu: Fiet in eo fons aquae salientis in vitam aeternam (5) – Virá a ser nele uma fonte de água que jorre para a vida eterna. A paz que Deus dá as almas que o amam, não é como a paz que o mundo promete nos prazeres sensuais, que deixam atrás de si mais amargura da alma do que paz. A paz que Deus dá, leva vantagem a todos os gozos dos sentidos. Bem-aventurados, pois, aqueles que suspiram por esta fonte divina: Beati qui esuriunt et sitiunt institiam (6) – Bem-aventurados os que tem fome e sede da justiça.

A terceira fonte é de Devoção. Oh! Como se torna devoto e diligente em obedecer à voz divina, e como vai sempre crescendo em virtude, aquele com frequência medita em tudo o que Jesus Cristo tem feito por nosso amor! Será como a árvore plantada junto às correntes das águas: Erit tanquam lignum, quod plantatum est secus decursus aquarum (7).

II. Enfim, Jesus Cristo é fonte de amor. In meditatione mea exardescet ignis (8) – Na minha meditação se abrasará o fogo. Não é possível que o que medita nos sofrimentos e nas ignomínias que Jesus padeceu por nosso amor, não seja abrasado no fogo sagrado, que ele veio acender na terra. E assim se verifica inteiramente, que o que se aproveita das fontes benditas, que possuímos em Jesus Cristo, tirará com gosto águas das fontes do Salvador: Haurietis aquas in gaudio de fontibus Salvatoris (9).

Ó meu doce e amado Salvador, quanto Vos devo! Como me constrangestes a amar-Vos! Vós fizestes por mim o que nunca um filho teria feito por seu pai, nem um criado por seu senhor. Se, pois, me haveis amado mais que qualquer outro, é justo que Vos ame sobre todos os outros. Quisera morrer de dor, pensando que tanto padecestes por mim, e que chegastes a aceitar por meu amor a morte mais dolorosa e ignominiosa que um homem pode padecer, ao passo que eu tantas vezes tenho desprezado a vossa amizade. Quantas vezes Vós me haveis perdoado e eu Vos tornei a desprezar! Mas os vossos merecimentos são a minha esperança. Agora estimo a vossa graça, mais do que todos os reinos do universo. Amo-Vos e por vosso amor aceito qualquer pena, qualquer morte. Se não sou digno de morrer pela mão do algoz para defender vossa glória, aceito ao menos de boa vontade aquela morte que me tenhais destinado; aceito-a do modo e no tempo que tenhais marcado. – Minha Mãe, Maria, impetrai-me a graça de viver e de morrer no amor de Jesus.

Referências: (1) Ap 1, 5 (2) Sl 49, 15 (3) Jo 7, 37 (4) Jo 4, 13 (5) Jo 4, 14 (6) Mt 5, 6 (7) Sl 1, 3 (8) Sl 38, 4 (9) Is 12, 3

(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo I: Desde o Primeiro Domingo do Advento até a Semana Santa Inclusive. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p. 50-52)

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