Festa de Santo Tomás de Aquino

Festa de Santo Tomás de Aquino

Festa de Santo Tomás de Aquino

Quasi sol refulgens, sic ille effulsit in templo Dei – “Como o sol resplandecente, assim ele resplandeceu no templo de Deus” (Ecle 50, 7)

Sumário. É com justa razão que os fiéis dão a este Santo o nome de Sol; porquanto, assim como o sol material alumia e aquece a terra, Santo Tomás nos aquece com os seus exemplos e nos alumia com sua doutrina. Rendamos graças a Deus, por nos ter concedido este Astro benfazejo, e roguemos-lhe a graça de aproveitarmos o seu influxo salutar. Lembremo-nos, porém, de que a sabedoria celestial se adquire mais pela oração do que pelo estudo. I. Não é sem justa razão que os fiéis dão a Santo Tomás o nome de Sol; porquanto, assim como o sol material ilumina e aquece a terra, o Santo nos aquece com os seus exemplos e alumia-nos com sua doutrina.

Ele é em primeiro lugar um belo modelo de devoção à Virgem Santíssima. Desde criança se distinguiu pelo amor a nosso Senhor, engolindo um papelzinho no qual estava escrito a Ave-Maria, e que com suas lágrimas obteve que lh’o restituíssem depois de lh’o terem tirado das mãos. Desde então a grande Mãe de Deus tomou posse daquele coração inocente.

– É o Santo modelo de assiduidade na oração. Sendo ainda menino, o que mais desejava era que lhe ensinassem quem é Deus, e desde a idade de dez anos passava cada dia duas horas em oração, e afim de tratar mais livremente com Deus, tomou o hábito na Ordem de São Domingos, quando tinha apenas quatorze anos de idade.

É igualmente modelo de desapego do mundo e de firmeza heroica. Para lhe tirarem a resolução de se fazer religioso, os parentes o maltrataram e encerraram num cárcere; chegaram mesmo a mandar para junto dele uma mulher perdida afim de perverter. Mas o santo jovem venceu tudo. Não podendo fugir, como fez José, repeliu de si aquela mulher impudente com um tição em braça. Em recompensa disso os anjos cingiram-no com a cinta de perpétua virgindade.

É ainda modelo de caridade e de zelo pela glória de Deus e pela salvação das almas, promovendo-a por meio da pena, da palavra e da oração; acolhendo todos com mansidão e consolando e socorrendo onde pudesse.

É modelo de humildade; não fazendo nunca ostentação da sua sabedoria, nem afagando pensamentos de vaidade, pelo que no princípio o tiveram por pouco talentoso.

Finalmente, Santo Tomás é modelo de amor para com Deus. O que o Santo provou claramente, quando, perguntado por Jesus Cristo que galardão desejava por haver tão bem escrito sobre Ele, respondeu:

“Senhor, não quero senão só a Vós mesmo” (1)

– Regozija-te com o Santo, e promete ser-lhe sempre devoto. Lembra-te, porém, do que diz Santo Agostinho:

A verdadeira devoção consiste na imitação das virtudes do Santo por quem o venera – Vera devotio est imitari quem colimus

II. Santo Tomás é chamado de Sol, não só porque nos aquece pelos seus exemplos, mas também, e mais ainda, porque nos alumia com a sua doutrina. As muitas obras com que enriqueceu a Igreja, são outros tantos monumentos da sua profunda ciência humana e divina. Cada artigo é um prodígio de sabedoria, cada linha uma sentença, digna de ser escrita em letras de ouro. Baste-nos saber que o Concílio de Trento não hesitou em se servir das próprias palavras do Santo para formular as suas decisões.

– Numa palavra, é tão vasta a ciência do Santo, que mereceu o título de Doutor Angélico, de Padroeiro das escolas católicas. Jesus Cristo mesmo se dignou tecer-lhe elogio com estas palavras notáveis:

Bene scripsisti de me, Thoma – “Tomás, escreveste bem sobre mim” (2)

Agradece a Deus o ter feito surgir na sua Igreja este novo Astro, que alumiará até ao fim dos séculos, e pede-lhe pelos méritos do Santo a graça de aproveitares as suas luzes. Para este fim é necessário que imites a Santo Tomás, que adquiriu tamanha ciência não só pelo estudo, mas também e muito mais pela oração assídua, acompanhada de penitências e jejuns: Nunca o Santo se pôs a estudar sem que primeiro recorresse ao Pai das luzes:

Da mihi, Domine, sedium tuarumassitricem sapientiam – Dá-me aquela sabedoria que está ao pé de ti no teu trono (3)

“Ó Deus, que ilustrastes a vossa Igreja com a erudição admirável de Santo Tomás, e a fecundastes com as suas santas obras, concedei-me compreender com minha inteligência o que ele ensinou, e imitar o que fez” (4). Fazei-o pelo amor de Jesus Cristo, e pela intercessão de Maria Santíssima.

Referências: (1) Lect. II Noct. (2) Lect. II Noct. (3) Sb 9, 4 (4) Or. Festi.

(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo I: Desde o Primeiro Domingo do Advento até a Semana Santa Inclusive. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p. 438-441)

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