São Benedito ou Benezet

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Santos de julho

Santo do dia 15 de abril
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São Benedito ou Benezet

São Benedito ou Benezet

(† 1184)

Pastorzinho pobre e desconhecido do mundo, foi Benedito um instrumento na mão de Deus, para pôr em execução uma obra, que causou grande admiração a todos que o conheciam. Tinha Benedito ou Benezet doze anos quando, achando-se no campo, vigiando o rebanho, ouviu três vezes dizer estas palavras: "Meu querido Benedito, ouve a voz de Jesus Cristo". O menino olhou em redor, sem poder descobrir pessoa alguma. Disse então, em voz alta: "Quem é que fala comigo? Ouvi uma voz, mas não vejo ninguém". A voz continuou: "Não tenhas medo, menino. Sou eu, Jesus Cristo, teu Deus, que fala contigo". "Que quereis, Senhor, que eu faça?" "Quero — respondeu Jesus Cristo — que abandones teu ofício de pastor e construas uma ponte sobre o Rodano". — "Não conheço tal rio, respondeu Benedito e não posso deixar os meus carneirinhos". "Faze o que te digo replicou Jesus Cristo, eu mesmo tomarei conta do teu rebanho. Virá alguém, que te levará ao Rodano. Faze o que estou te dizendo". "Mas, como hei de fazer a ponte? Tenho apenas três centavos: com três centavos nada faço". "Confia em mim, disse-lhe Cristo, e não te incomodes com estas coisas". Benedito, obedecendo à ordem que recebera, pôs-se a caminho, quando viu diante de si um jovem que lhe dirigiu estas palavras: "Estou aqui, para te acompanhar até o rio, onde deves fazer a ponte".

Chegando ao Rodano e vendo Benedito o grande volume d’água, disse ao companheiro: "Como hei de fazer uma ponte aqui?" O jovem, porém, que era um Anjo, respondeu: "Não tenhas medo e faze o que Deus te mandou. Põe-te naquela canoa e passa para a outra banda do rio. Vai à cidade de Avignon e dize ao Bispo que ordem trazes de Deus". Tendo dito isto, o Anjo desapareceu.

Benedito foi a Avignon, apresentou-se ao Bispo e pô-lo ao par do que lhe havia acontecido. O Bispo, julgando tratar-se da ideia de um tresloucado, nenhuma importância ligou ao plano do pastorinho. Este, então, se dirigiu ao Prefeito da cidade, e lhe expôs o mesmo projeto. "Senhor, disse-lhe: Deus mandou-me cá, para fazer uma ponte sobre o Rodano; é preciso que me deis vosso auxílio". Havia lá perto uma pedra enorme, que as forças de várias pessoas unidas não conseguiam mover do lugar. O prefeito, como se quisesse livrar daquele importuno, disse a Benedito: "Se queres fazer uma ponte, tira aquela pedra, que pode servir para o fundamento". Benedito fez o sinal da cruz sobre a pedra, tirou a do lugar, pô-la na cabeça e levou-a até à margem do rio; tudo isto com uma agilidade e facilidade, como si se tratasse de um peso de poucos quilos. O prefeito e o Bispo, vendo aquele prodígio, não mais duvidaram que fora mesmo Deus o autor da ideia da construção da ponte, e Benedito servira de simples instrumento. Se não bastasse este fato extraordinário, para convencê-los da verdade do que dissera Benedito, outras coisas, não menos maravilhosas, dissipariam por completo a última hesitação, se a tivesse havido. Doentes, que tocavam nas mãos ou na roupa de Benedito, recuperavam a saúde no mesmo instante. Logo no primeiro dia foram registrados dezoito casos desta natureza. Não havia, pois, dúvida alguma de que o menino era um enviado de Deus, para serem executados os planos da Providência.

Não houve quem negasse auxilio à obra a se fazer. Os trabalhos começaram em 1137, e Benedito dirigiu-os. Onze anos levou a construção toda. Benedito morreu antes de completar a obra, no ano de 1184. O seu corpo foi sepultado numa Capelinha, que tinha construído sobre ponte que ainda existe. 500 anos lá ficou, até que em 1669, grande parte da ponte ruiu. O corpo do Santo foi encontrado intacto, sem o menor sinal de decomposição. Os intestinos e os olhos acharam-se em estado de perfeita conservação, o que é tanto mais de se admirar, porque o gradil de ferro, que cercava o túmulo de Benedito, estava completamente estragado pela ferrugem.

Em 1674 foi aberto novamente o túmulo e encontrado o corpo no mesmo estado de conservação. O Arcebispo de Avingnon ordenou então a transladação do corpo para o Convento dos Celestinos. A esta transladação compareceram muitos bispos e numerosos representantes da alta aristocracia do país.

Embora Benedito não fosse canonizado, goza da veneração de Santo no condado de Venaissin, na Provence e no Languedoc. Os Papas, que residiram em Avignon, não só não se opuseram à devoção popular, de que Benedito era objeto, mas estimularam-na por generosas doações.

Qual foi o plano de Deus, na vocação tão extraordinária de Benedito? Não podia ser outro senão aquele em que todas as obras divinas se baseiam: a glória divina e a salvação das almas. Antes da existência da ponte, era aquele lugar teatro de muitos crimes e desordens. Sendo bem desenvolvido o comércio de cá e de lá do Rodano, os negociantes e viajantes dependiam muito da arbitrariedade dos canoeiros, que cometiam as maiores injustiças, sujeitando os fregueses a sofrerem contínuos prejuízos e perigos. Para pôr fim àqueles abusos, Deus se serviu do pobre pastorzinho, o qual ajudado de uma maneira admirável por Deus e pelos homens, conseguiu construir uma ponte num lugar, em que ninguém antes julgava fosse possível levar a fim tal obra, por causa da largueza do rio e da forte correnteza.

Reflexões

O pastorzinho Davi libertou o povo da tirania dos Filisteus. São Benezet foi por Deus chamado para realizar uma obra que aos grandes engenheiros do seu tempo parecia impossível de fazer-se. Estes exemplos mostram que a divina onipotência escolhe às vezes instrumentos fracos, para executar obras importantes. Pode parecer-nos difícil e acima de nossas forças a tarefa que Deus de nós exige no estado em que decorre a nossa vida. No entanto, é certo que Deus ajuda a todo aquele que conscienciosamente emprega as forças e em tudo procura cumprir a sua santa vontade. David pusera confiança em Deus e disse: "É em nome do Senhor que venho a ti". (I Reg. 17, 45). Contando com o auxílio divino e empregando os meios a seu alcance, aceitou a luta com Golias. Imita este exemplo: Confia em Deus e cumpre teu dever.

Santos, cuja memória é celebrada hoje

Em Roma a memória de Santa Basilissa e Santa Anastácia, ambas discípulas dos Apóstolos S. Pedro e S. Paulo. Os sicários de Nero cortaram-lhes os seios, arrancaram-lhes a língua, amputaram-lhes os pés e finalmente as decapitaram. 66.

No mesmo dia, os santos mártires Maro, Eutiches Vitorino. Desterrados Santa Flávia Domitila para a ilha de Ponza, puderam mais tarde voltar para Roma, onde converteram muitos pagãos ao Cristianismo. Foi por este motivo que as autoridades do governo de Trajano os condenaram à morte. 1.° sec.

Em Mira, na Ásia Menor, S. Crescêncio, que por ser cristão, foi queimado vivo.

Referência: Na luz Perpétua, 5ª. ed., Pe. João Batista Lehmann, Editora Lar Católico – Juiz de Fora – Minas Gerais, 1959.

Comemoração: 15 de abril.

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