Meditação de 26 de julho

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Festa de Santa Ana, Mãe de Maria Santíssima

Festa de Santa Ana, Mãe de Maria Santíssima

Laudemus viros gloriosos et parentes nostros in generatione sua — “Louvemos aos varões gloriosos e aos nossos pais na sua geração” (Eclo 44, 1)

Sumário. A dignidade de Santa Ana e de São Joaquim é tão grande, que a inteligência humana não a pode compreender. São os pais de Maria Santíssima e portanto os avoengos de Jesus Cristo quanto à natureza humana. A sua santidade é proporcionada à sua dignidade, porquanto é fora de dúvida que Deus lhes comunicou graças proporcionadas ao ofício ao qual os quis destinar. Alegremo-nos com os santos esposos e vejamos se lhes temos uma devoção especial, pela imitação das suas virtudes, especialmente do seu espírito de sacrifício e do seu amor para com Deus e o próximo.

I. A dignidade de Santa Ana e São Joaquim é tão grande, que a inteligência humana não a pode compreender. São eles os pais de Maria Santíssima, quer dizer: eles deram a vida àquela que por um prodígio inaudito foi, de certo modo, admitida ao consórcio da Santíssima Trindade, por ser a verdadeira Mãe do Verbo encarnado, a Filha primogênita do Pai Eterno, a Esposa puríssima do Espírito Santo. Por causa destas exímias prerrogativas afirmam graves autores que desde a eternidade Santa Ana e São Joaquim foram, depois de Maria Santíssima, e em união estreita com ela, objeto de uma predestinação especial da parte de Deus, e unidos ao próprio Jesus Cristo, que foi feito da estirpe de Davi segundo a carne (1).

Eles são também inseparáveis da sua Filha nas promessas, nos vaticínios e nos símbolos misteriosos que a anunciaram nas Sagradas Escritura. Se Maria é aquela mulher excelsa, anunciada por Deus mesmo desde o princípio do mundo, a qual em seu tempo havia de esmagar a cabeça da serpente infernal, Santa Ana e São Joaquim são os que, dando-lhe a existência natural, fizeram esta heroína, por assim dizer, sair a campo e entrar em combate com o antigo adversário. Se Maria é o arco-íris celeste da aliança perpétua entre o céu e a terra, Santa Ana e São Joaquim são a nuvem fecunda, da qual esta íris magnifica irradia em todo o seu esplendor.

A joia, porém, mais preciosa da coroa que orna a cabeça veneranda destes santos esposos, é que, pela sua eleição para pais de Maria, foram feitos avoengos de Jesus Cristo segundo a carne. Na qualidade de avoengos aproximaram-se mais do que todos os outros santos Patriarcas, da paternidade natural do Filho de Deus e merecem mais do que eles a nossa veneração e afeto especiais.

II. Proporcionada à sua dignidade foi a santidade de São Joaquim e Santa Ana; pois é regra da Providência que Deus, elegendo alguém para algum ofício particular, lhe comunica todas as graças para o cumprir com decência. Eis porque os Padres e Doutores não se cansam de lhes elogiar as sublimes virtudes: a sua fé viva e esperança firme no Messias vindouro; a sua ardente caridade para com Deus e o próximo; a sua perfeita resignação à vontade de Deus, e sobretudo o seu espírito de sacrifício em privar-se da sua filha amantíssima, para consagrá-la ao Senhor no templo. Regozija-te com os santos cônjuges e também com a Santíssima Virgem pela glória que possuem; agradece ao Senhor em nome deles, e vê se tens uma devoção especial para com eles e lhes imitas as virtudes.

Com o coração cheio de filial veneração, prostro-me diante de vós, ó Bem-aventurada Santa Ana. Vós sois aquela criatura privilegiada e predileta que pelas vossas virtudes e santidade extraordinárias merecestes de Deus a graça suprema de dar a vida à Tesoureira de todas as graças, à Bendita entre as mulheres, à Mãe do Verbo encarnado, à Santíssima Virgem Maria.

Em atenção a tão sublimes favores, dignai-vos, ó piedosíssima Santa, aceitar-me no número dos vossos verdadeiros devotos, como protesto ser e quero ser durante toda a minha vida. Protegei-me com o vosso poderoso patrocínio e alcançai-me de Deus a imitação das virtudes que vos ornaram tão copiosamente. Obtende-me a graça de conhecer e detestar os meus pecados, um amor ardentíssimo a Jesus e Maria, a força para cumprir fiel e constantemente os deveres do meu estado. Preservai-me de todo o perigo durante a minha vida e assisti-me na hora da minha morte, a fim de ir ao paraíso para louvar convosco, ó ditosíssima Mãe, o Verbo de Deus feito homem no seio da vossa filha puríssima, a Virgem Maria.

“E Vós, ó Deus, que Vos dignastes conferir a Santa Ana a graça de merecer ser mãe da mãe de vosso Filho unigênito: concedei-me propício que, celebrando a sua festividade, seja ajudado pelo seu patrocínio” (2). Fazei-o pelo amor de Jesus Cristo.

Referências: (1) Rm 1, 3. (2) Or. festi.

(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo III: Desde a Duodécima semana depois de Pentecostes até ao fim do ano Eclesiástico. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p. 337-340)

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Maria Santíssima é a medianeira dos pecadores para com Deus

Maria Santíssima é a medianeira dos pecadores para com Deus

Facta sum coram eo quasi pacem reperiens – “Tenho-me tornado na sua presença como uma que acha a paz” (Ct 8, 10)

Sumário. É com razão que Maria Santíssima é comparada ao íris; porque é a medianeira e o penhor da paz entre Deus e os homens. Com efeito, quantos pecadores que agora são grandes Santos no céu, estariam talvez ardendo no inferno, se Maria não tivesse intercedido junto ao Filho para lhes obter perdão! Seja qual for o estado da nossa alma, recorramos com confiança a esta querida Mãe e seremos salvos. Lembremo-nos, porém, que para merecermos a sua proteção especial, é preciso que tenhamos ao menos a vontade de nos emendar.

I. O principal ofício que foi dado a Maria, quando veio à terra, consistiu em levantar as almas decaídas da graça divina e reconciliá-las com Deus. Eis como o Espírito Santo a faz falar nos sagrados Cânticos: Eu me tornei diante dele como uma que achou a paz. Eu sou, diz Maria, a defesa daqueles que a mim recorrem, e a minha misericórdia é, em benefício deles, como uma torre de refúgio, porque o Senhor me fez medianeira de paz entre os pecadores e Deus. — Oh, quantos daqueles que são agora grandes Santos no paraíso, estariam talvez a arder no inferno, se a Virgem não tivesse intercedido junto ao Filho para lhes obter perdão!

Por isso, os Santos Padres comparam Maria Santíssima, não só com a arca de Noé, onde acharam abrigo todos os animais, figuras dos pecadores; mas ainda com a pomba, que, saída da arca, para ela voltou, trazendo no bico o ramo de oliveira, em sinal da paz que Deus concedia aos homens.

Foi também figura expressiva de Maria o iris, que, na visão de São João, cercava o trono de Deus: Et iris erat in circuitu sedis (Apoc 4, 3). Sim, porque, na explicação de um intérprete, a Santa Virgem sempre assiste no tribunal divino para mitigar a sentença e o castigo devido aos pecadores; ou ainda, porque, segundo diz São Bernardino de Sena, como Deus à vista do arco-íris se lembra da paz prometida à terra, assim também, pelos rogos de Maria, perdoa aos pecadores as ofensas feitas, e faz pazes com eles.

Tinha, pois, São Bernardo razão de exclamar: Age gratias ei, qui talem tibi mediatricem providit — «Rende graças a Deus que te concedeu tal medianeira». Ó pecador, por muito que estejas enlodado de culpas, e envelhecido no pecado, não desconfies. Dá graças a teu Senhor, que, para usar contigo de misericórdia, não só te deu o Filho por advogado, mas para te inspirar mais ânimo e confiança, te concedeu uma medianeira, que com seus rogos obtém tudo que quer. Vai, recorre a Maria, com a vontade de te emendar, e serás salvo.

II. Dulcíssima Soberana, se é vosso ofício interpor-Vos como medianeira entre Deus e os pecadores, permiti que Vos diga com Santo Tomás de Vilanova: Advocata nostra, officium tuum imple — «Ó advogada nossa, cumpri o vosso ofício também para comigo». Não me digais que minha causa é muito difícil de ganhar; porque sei, e todo o mundo m’o afirma, que nunca uma causa, por desesperada que parecesse, se perdeu quando vos teve por defensora. Só a minha correria risco? Não, não o temo.

Sem dúvida, se não considerasse senão a multidão dos meus pecados, devera temer que vos escusásseis a me defender. Mas considerando, ó Maria, a vossa imensa misericórdia, e o extremo desejo que vive em vosso dulcíssimo Coração, de ajudar os pecadores mais perdidos, nem isso temo. Quem é que já se perdeu depois de ter recorrido a vós? Chamo-vos, pois, em meu socorro, ó minha poderosa advogada, meu refúgio, minha esperança e minha Mãe. A vossas mãos entrego a causa da minha salvação eterna; confio-vos a minha alma; ela estava perdida, mas a vós toca salvá-la. Não deixo de dar graças ao Senhor por me ter inspirado tão grande confiança em vós, a qual, não obstante a minha indignidade, me dá segurança de salvação.

Um só temor ainda me aflige, ó minha amadíssima Rainha; é perder um dia, por minha negligência, a confiança que tenho em vós. Suplico-vos, pois, ó Maria, pelo amor que tendes a vosso Jesus, conserveis e aumenteis em mim cada vez mais a doce confiança em vossa intercessão; ela com certeza me fará recobrar a amizade de Deus, que tão loucamente desprezei e perdi no passado. Uma vez recobrada esta amizade, espero conservá-la por vosso socorro, e, conservando-a, chegar ao paraíso, para vos render graças e cantar as misericórdias de Deus e as vossas, durante toda a eternidade.

(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo II: Desde o Domingo da Páscoa até a Undécima Semana depois de Pentecostes inclusive. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p. )

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