Meditação de 21 de junho

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Festa de São Luiz Gonzaga

Festa de São Luiz Gonzaga

Inspice et fac secundum exemplar, quod tibi in monte monstratum est – “Olha e faze segundo o modelo que te foi mostrado no monte” (Ex 25, 40) 

Sumário. Felizes daqueles que estão ainda em tempo de poderem imitar São Luís na sua inocência! Se não somos deste número, procuremos ao menos imitá-lo na sua penitência. Depois de recuperada a graça divina pela confissão sacramental, conservemo-la pelos mesmos meios de que usou o jovem angélico para nunca a perder. Frequentemos sobretudo os sacramentos, sejamos devotos à Santíssima Virgem e recomendemo-nos cada dia a São Luís.

I. Considera como, entre tantos jovens que Deus suscitou na Sua Igreja para servirem de modelo aos outros, São Luís brilha com uma luz admirável e toda própria. Posto que nascido e criado entre as comodidades de uma família de príncipes, e colocado na flor da idade como pajem na corte de Espanha, em contato com toda a pompa mundana e entre as mais sedutoras adulações, conservou todavia intacto o lírio da inocência batismal, e levou-o branco ao céu. 

É impossível enumerar todos os meios empregados pelo Santo para obter um fim tão sublime. Foi grandíssima a sua devoção a Jesus Sacramentado, e bem que ainda secular, aproximava-se semanalmente dos Santíssimos Sacramentos. Elegeu a Virgem Maria por sua Mãe, ao pé de cujo altar fez, na idade de nove anos apenas, o voto de virgindade perpétua. Vigiava os seus sentidos e especialmente a vista, de modo que nem sequer no rosto de sua mãe fitava os olhos.

Mortificava sua carne a ponto de fazer, às vezes, disciplina três vezes por dia, e com treze anos jejuava três dias por semana, nas sextas-feiras a pão e água.

No inverno mais rigoroso passava a maior parte das noites na contemplação das verdades eternas; e muitas vezes prolongava as suas orações durante quatro ou cinco horas em seguida, numa imobilidade completa, enquanto não conseguisse ao menos uma hora sem distração alguma.

Finalmente, para mais segurança, Luís renunciou ao principado e fez-se religioso na Companhia de Jesus. Ali, tendo-se-lhe dado o conselho de moderar as suas austeridades, respondeu:

“Eu entrei na religião qual ferro duro e torto; pelo que devo ser amolecido no fogo e endireitado à força de mortificações e penitências”

Eis aí, meu irmão, o grande modelo de perfeição, que na pessoa de São Luís, Jesus Cristo propõe à tua imitação. Rende-lhe graças por um bem tão insigne e alegra-te de coração com o Santo. Em seguida, lançando um olhar sobre a tua própria alma, vê se, à imitação de São Luís, conservaste a inocência batismal e se tens empregado e ainda empregas os meios de que se serviu o teu grande Protetor.

II. Feliz daqueles que estão ainda em tempo de imitar São Luís na sua inocência! Não sendo deste número, procura ao menos imitá-lo na sua penitência, e recuperada a graça divina pela confissão sacramental, conserva-a cuidadosamente pelos mesmos meios de que se serviu o santo jovem, a fim de nunca mais a perder.

Foge, portanto, das ocasiões, refreia os teus sentidos, mortifica a tua carne, frequenta os sacramentos, ama a oração. Nutre sobretudo uma devoção particular para com a Santíssima Virgem, e não deixes de te recomendar cada dia ao teu grande Protetor.

Ó São Luís, adornado de pureza angélica, eu, vosso servo indigníssimo, de modo especial vos recomendo a pureza da minha alma e do meu corpo. Pela vossa pureza angélica vos rogo me recomendeis ao Cordeiro Imaculado Jesus Cristo, e à Sua Santíssima Mãe, a Virgem das virgens, e me preserveis de todo o pecado grave. Não permitais que me enlameie com alguma mancha de impureza, e quando me virdes na tentação ou perigo de pecar, afaste de meu coração todos os pensamentos e afetos impuros. Avivando em mim a lembrança de Jesus Crucificado, imprimi bem fundo em meu coração o sentimento do santo temor de Deus. Abrasando em mim o amor divino, fazei que, imitando-vos na terra, mereça gozar convosco da vista de Deus no céu (1).

“Ó Deus, distribuidor dos dons celestes, que concedestes ao angélico jovem Luís a graça de ajuntar à inocência admirável da vida todos os rigores da penitência, fazei, pelos seus merecimentos e orações, que os que tivemos a desgraça de não imitar a sua inocência, imitemos sua penitência” (2).

– Fazei-o pelo amor de Jesus e Maria. Referências: (1) Indulgência de 100 dias acrescentando um Pai-Nosso e Ave-Maria. (2) Oração festiva

(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo II: Desde o Domingo da Páscoa até a Undécima Semana depois de Pentecostes Inclusive. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p. 341-343)

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4º Dia da Novena do Sagrado Coração de Jesus – Coração de Jesus, suspirando por ser amado

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4º Dia da Novena ao Sagrado Coração de Jesus

Ecce, sto ad ostium et pulso: si quis… aperuerit mihi ianuam, intrabo ad illum – “Eis que estou à porta e bato; se alguém… me abrir a porta, entrarei em sua casa” (Ap 3, 20)

Sumário. Jesus não precisa de nós; com ou sem o nosso amor é Ele igualmente feliz, rico e poderoso. Mas, porque nos ama, acha as suas delícias em conversar com os filhos dos homens e deseja tanto ser de nós amado, como se o homem lhe fosse Deus e a sua felicidade dependesse da do homem. Que monstruosa seria, pois, a nossa ingratidão, se não procurássemos satisfazer os desejos desse Coração amabilíssimo! Que contas teríamos de lhe dar um dia no tribunal divino!

I. Jesus não precisa de nós; com ou sem o nosso amor é Ele igualmente feliz, rico e poderoso. Todavia, diz Santo Tomás, porque Jesus Cristo nos ama, Ele deseja tanto o nosso amor, como se o homem lhe fosse Deus e a sua felicidade dependesse da do homem. É o que pasmava ao santo Jó que dizia: Quid est homo, quia magnificas eum: aut quid apponis erga eum cor tuum? (1) – “Que é o homem para o engrandeceres? E porque pões sobre ele o teu coração?” Como? Um Deus desejar e pedir com tamanha instância o amor de um verme!

Já seria grande favor, se Deus nos tivesse permitido amá-Lo. Se um vassalo dissesse a seu monarca: Senhor, eu vos amo; seria tido por um sujeito presunçoso. Mas que se havia de dizer, se o rei ordenasse ao vassalo: eu quero que me ames: não se abaixam a tanto os reis da terra; mas Jesus Cristo, o Rei do céu, Ele nos pede com todo o empenho o nosso amor: Diliges Dominum Deum tuum ex toto corde tuo (2) – “Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração”. Com toda a insistência nos pede o coração: Praebe, fili mi, cor tuum mihi (3) – “Meu filho, dá-me teu coração”. – Mesmo quando se vê expulso de uma alma, Jesus não se afasta, fica à porta do coração, chama e bate para entrar: Sto ad ostium et pulso – “Estou à porta e bato”: roga à alma que lhe abra, chamando-a sua irmã e esposa: Aperi mihi, soror mea, sponsa (4) – “Abre-me, minha irmã e esposa”. Numa palavra, Jesus acha as suas delícias em ser amado de nós e fica todo consolado quando uma alma lhe diz e frequentemente repete: Jesus, meu Deus, eu Vos amo sobre todas as coisas.

Tudo isso é efeito do grande amor que Jesus nos tem. Quem ama, deseja necessariamente ser amado. O coração pede o coração; amor busca amor. Ad quid diligit Deus, nisi ut ametur? – “Para que é que Deus ama, senão para ser amado?” pergunta São Bernardo; e antes dele o próprio Deus dissera: “Ó Israel, que é que o Senhor teu Deus pede de ti, senão que o temas, andes nos seus caminhos e O ames e sirvas de todo o teu coração e de toda a tua alma?” (5)

II. Porque Jesus Cristo deseja que o amemos de todas as nossas forças, nos diz que Ele é o Pastor, que, tendo achado a ovelha perdida, convida todos a congratularem-se com Ele: Congratulamini mihi, quia inveni ovem meam quae perierat (6). Assegura-nos que é aquele pai que, quando o filho pródigo se prostra a seus pés, não somente lhe perdoa, mas o abraça com ternura (7). Diz-nos que, quem não o ama, fica entregue à morte: Qui non diligit, manet in morte (8). Ao contrário, estreita a si ao que O ama e toma posse dele: Qui manet in caritate, in Deo manet, et Deus in eo (9) – “Aquele que permanece na caridade, permanece em Deus e Deus nele”. E tantos pedidos, tantas instâncias, tantas ameaças e promessas, não nos moverão a amar um Deus que tamanho desejo tem de ser amado por nós?

Meu amado Redentor, assim Vos direi com Santo Agostinho, Vós me ordenais que Vos ame, e se Vos não queira amar, me ameaçais o inferno; mas que inferno me poderia ser mais horrível, que desgraça mais triste do que ver-me privado do vosso amor? Se, pois, quereis, aterrar-me, ameaçai-me que terei de viver sem Vos amar: só esta ameaça me inspira mais medo que mil infernos. Meu Deus, se, no meio das chamas do inferno, os réprobos ainda Vos pudessem mais amar, o inferno se lhes transformaria em paraíso; e se, ao contrário, os Bem-aventurados do céu não Vos pudessem mais amar, o paraíso lhes seria um inferno.

Reconheço, ó meu amado Senhor, que pelos meus pecadores mereceria ser abandonado pela vossa graça, e portanto condenado a não poder mais amar-Vos; mas ouço que ainda me ordenais que Vos ame, e sinto em mim um grande desejo de Vos amar. Este desejo já é um dom de vossa graça; Vós mesmo m´o inspirais; dai-me, portanto, a força para o realizar. Fazei que doravante eu Vos diga com todas as veras e de todo o coração, e o diga sempre: Amo-Vos, meu Deus, amo-Vos, amo-Vos – Vós desejais meu amor, eu desejo o vosso. Esquecei-Vos, ó meu Jesus, dos desgostos que no passado Vos causei; amemo-nos sempre; eu Vos não deixarei e Vós tampouco me deixareis. Vós me amareis sempre e eu sempre Vos amarei. Meu querido Salvador, vossos méritos são a minha esperança. Por piedade, fazei que sempre e muito Vos ame e Vos ame um pecador que muito Vos ofendeu. – Virgem imaculada, Maria, socorrei-me, rogai a Jesus por mim.

Referências: (1) Jó 7, 17 (2) Mt 22, 37 (3) Pv 23, 26 (4) Ct 5, 2 (5) Dt 10, 12 (6) Lc 15, 6 (7) Lc 15, 20 (8) 1 Jo 3, 14 (9) 1 Jo 4, 16

(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo II: Desde o Domingo da Páscoa até a Undécima Semana depois de Pentecostes inclusive. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p. 157-160)

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