A parábola do joio e a Igreja Católica

A parábola do joio e a Igreja Católica

A parábola do joio e a Igreja Católica

5º Domingo que sobrou depois da Epifania

Simile factum est regnum coelorum homini, qui seminavit bonum semen in agro suo – “O reino dos céus é semelhante a um homem que semeou boa semente no seu campo” (Mt 13, 24)

Sumário. Pela bondade divina achamo-nos no campo da Igreja Católica, e talvez até numa comunidade fervorosa, onde o Senhor semeou e ainda semeia o trigo das graças celestiais. Demos graças ao Senhor e aproveitemo-nos da sua misericórdia. Mas ao mesmo tempo examinemo-nos para ver se não somos porventura para o nosso próximo joio pernicioso ou, pior ainda, semeadores de joio. Jesus Cristo disse que no dia da colheita, isto é, do Juízo, o joio será jogado no fogo do inferno.

I. O divino Redentor compara o reino dos céus “a um homem que semeou boa semente no seu campo. Mas quando dormiam os homens, veio o seu inimigo, e semeou o joio no meio do trigo e foi-se. E, tendo crescido a erva, e dando o fruto, então apareceu também joio. Chegando, porém, os servos do pai de família disseram-lhe: Senhor, porventura não semeaste boa semente no teu campo? Donde, pois, tem o joio? E lhes respondeu: O homem inimigo é que fez isto: “Inimicus homo hoc fecit”.

É uma verdade inegável que a Igreja Católica é um campo no qual as ervas más crescem junto com o bom trigo, e muitas vezes o sufocam e corrompem. Deus semeou, quer dizer, criou o gênero humano, não somente bom, senão também santo pela justiça original. O demônio, porém, pela sugestão do primeiro pecado, semeou o mal por cima, e semeou-o sempre e em toda a parte, de tal maneira que até no Colégio dos apóstolos houve um traidor, Judas. — O que aqui se diz da Igreja em geral, é também muitas vezes verdade nas famílias particulares, nas quais se relaxa o espírito dos santos Fundadores e se introduzem maus usos, contrários às regras.

Meu irmão, conforme espero, achas-te numa comunidade fervorosa; e por isso rende graças a Deus por haver tão copiosamente semeado em ti o trigo precioso das suas graças. Mas vive, ao mesmo tempo, num temor salutar, e examina-te para ver se para teu próximo nunca foste joio pernicioso, ou, pior ainda, semeador de joio. Ah! Quantos há que, não contentes de serem maus para si mesmos, o querem ser também para os outros, pela sua inobservância, pelos seus maus exemplos e escárnios, pelo maldito espírito de partido, semeando a discórdia entre os confrades bons!

II. Continua a narração evangélica dizendo que: “os servos do pai de família perguntaram ao seu dono: Queres que vamos e arranquemos o joio? Ele respondeu: Não, para que não suceda que, colhendo o joio, arranqueis juntamente com ele também o trigo: Ne forte, colligentes zizania, eradicetis simul cum eis et triticum. Deixai crescer um e outro até a colheita, e então direi aos segadores: “Colhei primeiro o joio e atai-o em feixes para queimar; mas o trigo, recolhei-o no meu celeiro.

Assim é, diz Santo Agostinho: o Senhor permite que os pecadores vivam no meio dos justos, não somente para dar aos pecadores tempo para se converterem, mas também para fornecer aos justos ocasião para se exercitarem nas virtudes. — Virá, porém, o tempo da colheita, isto é, segundo a explicação do próprio Jesus, o fim do mundo. E então, “assim como é colhido o joio e se queima no fogo, assim o Filho do homem enviará os seus anjos que tirarão do seu reino todos os escândalos e os que obram a iniquidade e lançá-los-ão na fornalha de fogo. Quem tem ouvidos de ouvir, ouça: Qui habet aures audiendi, audiat (1).

Ó amabilíssimo Jesus, lavrador divino, que baixastes do céu à terra para semear na minha alma a boa semente da virtude, e depois a regastes com o vosso preciosíssimo sangue, para que produza frutos de vida eternal; ah, arrancai do meu coração o joio do vício que por inveja o demônio, meu inimigo, semeou por cima. E, a fim de que no futuro não sobrevenha mais tamanha desgraça, preserve-me do sono da tibieza e abrasai-me no vosso santo amor. — “Guardai-me, ó Senhor, com a vossa perpétua misericórdia, e fazei que, assim como ponho toda a minha esperança na vossa graça celeste, assim seja sempre coberto com a vossa proteção.” (2)

— Fazei-o pelo amor de vossa e minha amadíssima Mãe Maria.

Referências:

(1) Mt 13, 43 (2) Or. Dom. Curr.

(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo III: Desde a Décima Segunda Semana depois de Pentecostes até o fim do ano eclesiástico. Friburgo: Herder & Cia, 1922, p. 280-282)

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