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Pode-se negar um dogma? E as consequências da negação de um dogma?

Pode-se negar um dogma? E as consequências da negação de um dogma?

Pode-se de outro modo provar a instituição de um Magistério infalível na Igreja. A simples reflexão basta para mostrar a necessidade de um Magistério infalível.

Cristo não quis falar somente aos seus contemporâneos da Palestina, mas a todos os homens de todas as épocas e de todas as regiões da Terra.

Ora, sua doutrina não poderia ser conservada sem alteração, no curso dos séculos, sem uma autoridade competente para resolver as disputas vindouras. Logo, essa autoridade foi instituída.

Têm-se outros sinais da necessidade desta instituição?

O exemplo dos protestantes mostra, na prática, o que acabamos de explicar. Entre eles, não há magistério; mas cada um é, de certa forma, seu próprio Papa. É por isso que os protestantes estão divididos numa multidão de grupos, que têm, todos eles, crenças diferentes uns dos outros. A Igreja Católica, ao contrário, conservou intacta a Fé dos primeiros cristãos.

Qual é a consequência da negação de um dogma?

Aquele que nega mesmo apenas um só dogma perdeu a Fé, pois não recebe a Revelação de Deus, mas se estabelece a si mesmo juiz daquilo que se deve crer.

Não se pode negar um dogma e continuar a crer em outros, e, portanto, conservar, ao menos parcialmente, a Fé?

Como vimos mais acima, a Fé não repousa sobre nosso julgamento pessoal; mas sobre a autoridade de Deus que se revela e que não pode enganar-Se, nem enganar-nos. Então, é necessário receber tudo o que Deus revelou, e não tomar somente o que nos apraz.

Aquele que se recusa a aceitar tudo, que opera uma escolha no Depósito Revelado, impõe a Deus um limite, pois deixa a última palavra a seu próprio julgamento. 

Agindo assim, não tem mais a Fé sobrenatural; mas somente uma fé humana; não importa o quão numerosos sejam os pontos em que ela ainda está de acordo com a Fé sobrenatural.

Pode-se citar, sobre este ponto, ensinamentos de Papas?

O Papa Pio IX, quando da definição do dogma da Imaculada Conceição da Virgem Maria, em 1854, dizia:

“É por isso, se alguns tivessem a presunção, o que não apraz a Deus, de pensar contrariamente à nossa definição, que aprendam e que saibam que, condenados pelo seu próprio julgamento, fizeram naufrágio na Fé e cessaram de estar na unidade da Igreja”. [17]

Leão XIII ensina a mesma coisa:

“aquele que, mesmo sobre um só ponto, nega uma das Verdades de Fé; perde, na realidade, a Fé toda inteira, pois se recusa a respeitar Deus como Verdade Suprema e motivo formal da Fé.” [18]

E o Papa cita Santo Agostinho, que dizia sobre os hereges:

“É em muitas coisas que estão de acordo comigo, e em poucas coisas que não estão. Mas, por causa destas poucas coisas, nas quais não estão de acordo comigo, os numerosos pontos de acordo não lhes servem de nada”. [19]

Então, em matéria de Fé, é tudo ou nada?

Não se pode ser 70% ou 99% católico; aceita-se toda a Revelação ou não se aceita; neste caso não se tem mais que uma fé humana que fabricada a si mesmo.

O fato de escolher algumas Verdades dentre o conjunto das Verdades de Fé é o que se chama heresia (em grego, “escolha”).

Que é necessário pensar do slogan correntemente propagado, segundo o qual, nas nossas relações com os “cristãos separados”, devemos olhar mais para o que nos une do que para aquilo que nos separa?

Quando se trata da Fé, é absolutamente falso e contrário ao ensinamento tradicional da Igreja dizer que é preciso olhar mais para o que nos é comum do que para aquilo que nos divide.

Dá-se assim a impressão que as diferenças só se referem a detalhes sem importância; enquanto que se trata, na realidade, da Verdade Revelada.

Notas:

[17] DS 2804.

[18] Leão XIII, encíclica Satis Cognitum, 29.06.1896

[19] Santo Agostinho, Comentário sobre o Salmo 54, nº19 (PL36,641)

Catecismo Católico da Crise na Igreja. Pe. Mathias Gaudron.

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