Meditação de 8 de novembro

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Festa de Santo Estanislau Kostka

Festa de Santo Estanislau Kostka

Consummatus in brevi, explevit tempora multa — “Tendo vivido pouco, encheu a carreira de uma larga vida” (Sb 4, 13)

Sumário. A bondade divina, que deu modelos de perfeição a todos os estados de vida, quis também propor um aos jovens noviços, na pessoa de Santo Estanislau. A virtude em que este santo mais se distinguiu, foi a sua ardente caridade para com Deus, acompanhada de uma terna devoção a Jesus sacramentado e a Maria Santíssima. Meu irmão, esforça-te por imitar o teu santo Protetor tanto nesta como nas demais virtudes, e lembra-te que um noviço dificilmente perseverará se não tiver devoção especial à Santa Virgem.

I. A divina bondade, que deu modelos de perfeição cristã a todos os estados de vida, quis também propôr um aos jovens noviços na pessoa de Santo Estanislau (1).Este santo começou a sua carreira da vida religiosa, da mesma maneira que a começam quase todos; a saber, pela oposição e perseguição da parte dos parentes, os quais, quando se trata de vocação, se mostram, segundo diz Jesus Cristo, os maiores inimigos do homem: Inimici hominis domestici eius (2). Para triunfar destes obstáculos, resolveu, apesar de sua pouca idade, fugir de casa, e só, em hábito de peregrino e desprovido de tudo, percorreu a pé mil e duzentas milhas.

Recebido em Roma na Companhia de Jesus, e tendo tomado o hábito das mãos de São Francisco de Borja, aplicou-se à perfeição com tamanho fervor, que em breve deixou atrás de si os mais adiantados. Na persuasão de que a humildade é a base de todo o edifício espiritual, aceitava de boa mente as humilhações, quer lhe viessem da parte dos superiores, quer da parte dos seus confrades, e nada lhe era tão agradável como o ser desprezado e empregado nos ofícios mais baixos. Além disso, era mui pontual na observância das regras, pronto a obedecer a qualquer sinal dos superiores, terno de consciência, devoto, paciente, suave e caridoso para com todos os confrades.

Mais, porém, se distinguiu o santo jovem tanto pelo seu amor a Deus, a quem visitava e recebia muitas vezes no Santíssimo Sacramento, como pela sua devoção à Bem-aventurada Virgem, que ele tinha escolhido para sua Mãe. De mil maneiras honrava a Maria; pedia-lhe uma bênção antes de principiar uma obra qualquer, e falava dela com tamanha ternura, que parecia um Serafim descido do céu para ensinar aos homens como se deve amar à Mãe de Deus.

Regozija-te com o santo e agradece a Deus o te haver dado um modelo tão acabado de perfeição. Lançando em seguida um olhar sobre ti mesmo, vê se te esforças por imitá-lo. Examina-te sobretudo, se nutres uma devoção especial a Jesus sacramentado e a Maria Santíssima, e lembra-te que dificilmente perseverará o noviço que não tiver esta devoção especial.

II. Considera como o Senhor recompensou tão copiosamente, desde a vida presente, as exímias virtudes de Santo Estanislau, e os seus esforços generosos para chegar à perfeição. Recompensou-lhe o desapego dos parentes, livrando-o milagrosamente do perigo de lhes cair nas mãos e fazendo que se tornasse a consolação e a alegria dos seus superiores. Recompensou-lhe a humildade e mansidão, exaltando-o entre os semelhantes e fazendo-o amado e respeitado de todos. Recompensou-lhe a observância regular, dando lhe a gozar na alma uma paz celestial e enchendo-o de consolações divinais. Recompensou-lhe o amor para com Deus, fazendo-lhe administrar duas vezes a Santíssima Eucaristia por mãos angélicas, e abrasando-lhe o coração de uma chama tão viva, que devia muitas vezes banhar o peito com água fria, a fim de temperar o ardor.

De um modo especial, porém, quis Deus premiar a devoção que o santo jovem nutria para com a Santíssima Virgem. Esta o favoreceu, qual seu Benjamin, com as suas carícias maternais, deu-lhe a afagar o Menino Jesus, e, sobretudo, obteve lhe a graça de morrer no dia da Assunção, assistido por ela mesma e por uma multidão de santas virgens.

Ao lembrar-te destas preciosas remunerações, que Deus concedeu a teu santo Padroeiro, veio-te talvez o desejo de gozar das mesmas. Mas então faz se mister que primeiro o imites nas suas virtudes; e que desde já te dês a este trabalho; pois, como diz Santo Afonso: Quem não for fervoroso no tempo do noviciado, nem o será tampouco no resto da sua vida. Se te sentes sem forças para copiar um modelo tão acabado, roga ao Senhor pela intercessão do santo.

“Ó Deus, que às outras maravilhas da vossa sabedoria acrescentastes mais esta de conceder numa idade tenra a graça de uma santidade consumada: concedei-me, eu Vos suplico, que a exemplo do Bem-aventurado Estanislau, redima o tempo por meio de trabalhos contínuos e me apresse a entrar no repouso eterno” (3). Fazei-o pelo amor de Jesus e Maria.

Referências: (1) Esta meditação servirá mais particularmente para os noviços de qualquer Congregação religiosa, mas também será lida com fruto por outras pessoas, especialmente pelos jovens e donzelas. (2) Mt 10, 36. (3) Or. festi.

(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo III: Desde a Duodécima semana depois de Pentecostes até ao fim do ano Eclesiástico. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p. 390-393)

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Necessidade que temos da intercessão de Maria Santíssima para nossa salvação

Necessidade que temos da intercessão de Maria Santíssima para nossa salvação

Gens et regnum, quod non servierit tibi, peribit – ““A gente e o reino que te não servir, perecerá” (Is 60, 12)

Sumário. Para a salvação, a graça divina é indispensável. Verdade é que esta graça nos foi merecida por Jesus Cristo, o Medianeiro de justiça; mas a dispensadora da graça é Maria Santíssima, por ser Mãe de Deus. É por isso que o demônio tanto esforço faz para arrancar da alma a devoção à Santa Virgem. O espírito maligno sabe que obstruído este canal de graças, tudo está perdido. Examinemo-nos, pois, se temos devoção verdadeira à divina Mãe e, descobrindo que nos temos relaxado, retomemos o nosso primeiro fervor.

I. Que a prática de invocar aos Santos, a fim de nos alcançarem a divina graça, seja não somente lícita, mas também útil, é um ponto da fé. Entre os Santos, porém, que são amigos de Deus, e a Santíssima Virgem, que é sua verdadeira Mãe, há esta diferença, que a intercessão de Maria não é só utilíssima, mas também moralmente necessária, de modo que o Bem-aventurado Alberto Magno e São Boaventura chegam a afirmar que todos os que se descuidam da devoção a Nossa Senhora, não a servem, e consequentemente não são por ela protegidos, morrerão todos em pecado mortal e se condenarão:

“A gente que te não servir, perecerá”.

É esta, diz Soares, a opinião universal da Igreja.(1)

E com razão; porquanto, não sendo nós capazes de conceber um só bom pensamento em ordem à vida eterna, a graça divina nos é indispensável para a salvação. Verdade é que só Jesus Cristo nos mereceu esta graça, por ser Medianeiro de justiça. Mas, para nos inspirar mais confiança de obtermos a graça, e ao mesmo tempo para exaltar sua Mãe Santíssima, Jesus a depositou nas mãos de Maria, e, constituindo-a medianeira de graça, decretou que nenhuma graça fosse dispensada aos homens sem que passasse pelas mãos de Maria.

Numa palavra, diz São Bernardo, Deus constituiu Nossa Senhora como que um aqueduto dos bens celestes que descem à terra e determinou que por meio de Maria recebamos o Salvador que por seu intermédio nos foi dado na encarnação. Vede, pois, conclui o Santo, vede, ó homens, com que afeto de devoção quer o Senhor que honremos à nossa Rainha, refugiando-nos sempre a ela e confiando em seu patrocínio!

II. Assim como Holofernes, para conquistar a cidade de Betúlia, ordenou que se cortassem os aquedutos, também o demônio faz quanto pode, a fim de que as almas percam a devoção à Mãe de Deus. Pela experiência, o espírito maligno sabe que, tapado este canal das graças, depois fácil ou, antes, certamente consegue conquistá-las. Quantos cristãos estão agora no inferno por se terem deixado iludir assim. — Nós, portanto, demos graças à divina Mãe, por nos ter tomado debaixo de seu santíssimo manto, como nô-lo garantem as graças recebidas pela sua intercessão. Ao mesmo tempo, porém, examinemos se por ventura estamos resfriados na sua devoção e renovemos nosso propósito de sermos para o futuro mais constantes.

Sim, eu vos dou graças, ó minha Mãe amorosíssima, por todos os bens que tendes feito a este desgraçado réu do inferno. Ó minha Rainha, de quantos perigos me tendes livrado! Quantas luzes e quantas misericórdias me tendes alcançado de Deus! Que grande bem, ou que grande honra recebestes de mim para vos empenhardes tanto a meu favor? Foi só a vossa bondade que a isso vos moveu. Ah! Se eu pudesse dar por vosso amor o sangue e a vida, ainda seria pouco, à vista da obrigação que vos devo, pois que me livrastes da morte eterna e me fizestes recuperar, como espero, a graça divina; a vós sou devedor de toda a minha felicidade.

Senhora minha amabilíssima, eu, miserável, não tenho que vos dar senão os meus louvores e o meu amor. Ah, não desprezeis o afeto de um pobre pecador, abrasado em amor pela vossa bondade. Se o meu coração é indigno de vos amar, por estar imundo e cheio de afetos terrestres, vós o podeis mudar: mudai-o, pois. — Ah, minha Senhora prendei-me a meu Deus e prendei-me de tal modo que nunca mais possa separar-me de seu amor. Vós quereis que eu ame o vosso Deus; e eu quero que me alcanceis este amor; fazei que o ame sempre e nada mais deseje.

Referências:

(1) Tom. 2 in 3 p., disp. 23, sect. 3.

(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo III: Desde a Décima Segunda Semana depois de Pentecostes até o fim do ano eclesiástico. Friburgo: Herder & Cia, 1922, p. 204-207)

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