Festa do Apóstolo Santo André
Qui non accipit crucem suam et sequitur me, non est me dignus — “Aquele que não toma a sua cruz e não me segue, não é digno de mim” (Mt 10, 38)
Sumário. Embora o apóstolo Santo André fosse insigne em todas as virtudes, todavia distinguiu-se particularmente em três: na pronta obediência ao convite de Jesus; no zelo incansável pela glória divina; e no seu grande amor à cruz. Regozijemo-nos com o santo e no seu nome agradeçamos a Deus. Depois, lançando um olhar sobre nós mesmos, vejamos como é que temos imitado os exemplos do santo. Há quanto tempo o Senhor nos chama a uma vida mais perfeita e lhe resistimos obstinadamente!
I. Embora o apóstolo Santo André fosse insigne em todas as virtudes, todavia distinguiu-se particularmente em três: na pronta obediência ao convite de Jesus Cristo; no zelo incansável pela glória divina, e no seu grande amor à cruz. O santo já se havia habilitado para a sublime dignidade do apostolado por uma vida pobre e inocente, e fazendo-se discípulo do Precursor São João. Quando, pois, nas margens do mar de Galileia, o Salvador o chamou para o seu seguimento, no mesmo instante deixou as redes, a fim de o seguir. Reflete que não pediu tempo para arranjar os negócios da sua casa; não se desculpou com a necessidade de ganhar a vida; nem reservou para si parte alguma dos seus bens; nem perguntou aonde teria de ir, nem o que havia de fazer, ou o que seria dele. Com fidelidade e presteza admiráveis se prontificou a seguir Jesus:
Continuo, relictis retibus, secuti sunt eum (1)— “Eles, sem mais detença, deixadas as redes, o seguiram”.
Igual foi o seu zelo pelo aumento da glória de Deus. Começou a exercitá-lo mesmo antes de ser chamado ao ministério apostólico, quando ganhou para Jesus Cristo Simão, seu irmão, que mais tarde foi feito a pedra fundamental da Igreja (2). Depois de Pentecostes, o santo pregou o Evangelho na Cítia, no Epiro e na Acaia. Quando na extrema velhice foi condenado por Egeas ao suplício da cruz, e já estava pregado no doloroso patíbulo, esquecido de si próprio e unicamente solícito pela glória divina, pregou dois dias inteiros para as multidões que assistiam ao seu martírio. Eis os belos exemplos que Santo André nos deixou. E tu, como o tens imitado? Qual é o teu zelo pela glória divina? Como respondes aos convites divinos? Há quanto tempo Deus te chama a uma vida mais perfeita, e tu lhe resistes obstinadamente!
II. Santo André distinguiu-se ainda pelo seu amor à cruz, que é o apanágio de todos os discípulos de Jesus Cristo. Instruído, pelo próprio Filho de Deus, de que, quem quiser gozar um dia com ele no céu, deve resolver- se a beber nesta terra o cálice da paixão, a cruz não tinha para o santo nada de desagradável; ao contrário, sentiu-se para com ela todo abrasado de amor. E isso bem o provou ele, quando, depois de Pentecostes, sendo com os outros apóstolos encarcerado e açoitado, como refere São Lucas:
“Saíram todos da presença do Conselho, contentes de terem sido achados dignos de sofrer afrontas pelo nome de Jesus” (3).
O amor de Santo André à cruz resplandeceu particularmente no fim da sua vida, quando, à semelhança do seu divino Mestre, foi condenado a ser crucificado. Instou com o povo para que não se opusesse à execução da sentença, e, avistando de longe o instrumento do seu suplício, exclamou num transporte de alegria:
“Ó santa cruz, objeto dos meus mais vivos desejos, dos meus mais ardentes suspiros, eu vos saúdo! Ó boa cruz, procurada por mim tanto tempo, não vos dedigneis receber-me nos vossos braços, a fim de me trasladar para os de Jesus Cristo, que de vós se quis servir para me resgatar: Ut per te me recipiat qui per te me re demit” (4).
Examina aqui se, como o santo apóstolo, amas sinceramente a cruz de Jesus Cristo. Como cristão dê glórias do estandarte triunfante da cruz; mas dê glórias também de estar pregado na cruz com o teu divino Mestre, quer dizer, nas enfermidades e tribulações? Todavia é só assim que se pode entrar no céu. Escolhe, portanto, Santo André por teu protetor especial, e pede a Deus, pela sua intercessão, que te dê forças para o imitar.
“Ó Senhor, humildemente rogo a vossa Majestade que assim como Santo André, vosso apóstolo, foi pregador e diretor da vossa Igreja, seja também para convosco o nosso perpétuo intercessor” (5). Fazei-o pelo amor de Jesus e Maria.
Referências: (1) Mt 4, 20. (2) Jo 1, 41. (3) At 5, 41. (4) Lect. II Noct. (5) Or. festi.
(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo III: Desde a Duodécima semana depois de Pentecostes até ao fim do ano Eclesiástico. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p. 395-398)
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A temeridade do pecador e o dia do Juízo
Primeiro Domingo do Advento
Videbunt Filium hominis venientem in nube cum potestate magna et maiestate – Verão o Filho do homem que virá sobre uma nuvem com grande poder e majestade (Lc 21, 27)
Sumario. Uma consideração séria nos ensina que não há atualmente no mundo pessoa mais desprezada de que Jesus Cristo; pois é injuriado tão continuamente e com tão desenfreada liberdade, como não o seria o mais vil dos homens. Eis porque o Senhor destinou um dia, no qual virá, com grande poder e majestade, a reivindicar a sua honra. Recorramos agora ao trono da divina misericórdia, para que naquele dia não sejamos condenados pela justiça de Deus.
I. Considerando bem, não há no mundo atualmente quem seja mais desprezado que Jesus Cristo. Trata-se com mais consideração um aldeão do que o próprio Deus. Receiam que o aldeão ao ver-se por demais ofendido, se encolerize e tire vingança; Deus, porém, é ofendido incessantemente e de caso pensado, como se não pudesse vingar-se quando quisesse. Por isso o Senhor marcou um dia (chamado com razão, na Sagrada Escritura, o dia do Senhor, Dies Domini), quando vai dar-se a conhecer tal como é: Cognoscetur DOminus iudicia faciens(1). Diz São Bernardo, explicando este texto:
O Senhor será conhecido quando vier a fazer justiça, ao passo que agora, porque quer usar de misericórdia, é desconhecido. Então esse dia não mais se chama de misericórdia e de perdão, senão dia de ira, dia de tribulação e de angústia, dia de calamidade e de miséria (2).
Conforme nos ensina o Evangelho de hoje, esse dia será precedido de sinais pavorosos. “Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas; na terra os povos estarão angustiados sob o rugido surdo e confuso do mar e das ondas; os homens morrerão com medo dos males que hão de vir sobre o mundo. Por fim, as virtudes dos céus (isto é, na interpretação dos Padres, os noves coros dos Anjos) se comoverão, e então se verá aparecer sobre as nuvens o Filho do homem, com grande poder e majestade (3)”, a reivindicar a glória que os pecadores nesta terra lhe quiseram tirar.
Diz Santo Tomás:
Se, no horto de Getsêmani, com as palavras de Jesus Cristo: Ego sum, cairam por terra os soldados que o tinham vindo prender, que será, quando Jesus, sentado para julgar, dizer aos condenados: Aqui estou, sou eu aquele a quem tanto haveis desprezado…; que será quando pronunciar contra eles a sentença eterna: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno! – Discedite a me, maledicti, in ignem aeternum!(4)
II. O dia do juízo, assim como será para os réprobos um dia de pena e de terror, será, ao contrário, para os escolhidos um dia de regozijo e triunfo; porque, então, à vista de todos os homens, as suas beatas almas serão proclamadas rainhas do paraíso e feitas esposas do Cordeiro imaculado. Oh! Que ventura experimentarão os bem-aventurados, quando Jesus, voltando-se para a direita, lhes disser: Vinde, meus benditos filhos, vinde possuir o reino dos céus que vos foi preparado: possidete paratsum vobis regnum!(5)
Irmão meu, o que será de ti naquele dia? São Jerônimo, quando passava os dias na Gruta de Belém, em contínuas orações e mortificações, tremia só em pensar no Juízo Universal. O venerável Pe. Juvenal Ancina, lembrando-se do Juízo ao ouvir cantar a sequência da Missa de defuntos, Dies irae, dies illa, deixou o mundo e fez-se religioso. E tu, o que fazes para mereceres no dia do Juízo as bênçãos divinas, em companhia dos escolhidos?
Com o intuito de nos preparar para o Santo Natal, a Igreja propõe hoje o Juízo à nossa meditação. Sabendo que Nosso Senhor, na sua primeira vinda, apareceu num trono de graça e que na segunda aparecerá num trono de justiça rigorosíssima, quer que procuremos agora recorrer a Jesus afim de experimentarmos os efeitos de sua infinita misericórdia. Aproximemo-nos com confiança do trono de graça: Adeamus ergo cum fiducia ad thronum gratiae (6).
Ah! Jesus meu e meu Redentor, Vós que um dia haveis de ser o meu juiz: perdoai-me antes que chegue este dia. Agora, sois meu Pai, e como tal recebeis na vossa graça um filho que, arrependido, se prosta a vossos pés. Meu Pai, eu Vos amo de todo o meu coração e no futuro não me quero mais afastar de Vós, não quero mais ter a temeridade de voltar a ofender-Vos. Mas já que conheceis a minha fraqueza, ajudai-me com a vossa graça. Excitai, Senhor, o vosso poder e vinde em meu auxílio, afim de que, mediante a vossa proteção, livrado dos perigos iminentes por causa de meus pecados, mereça ser salvo por Vós (7). Fazei-o pelo amor de Maria Santíssima.
Referências: (1) Sl 9, 17 (2) Sf 1, 15 (3) Lc 21, 25 (4) Mt 25, 41 (5) Mt 25, 34 (6) Hb 4, 16 (7) Or. Dom. curr.
(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo I: Desde o Primeiro Domingo do Advento até a Semana Santa Inclusive. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p. 7-9)
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