Meditação de 25 de maio

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Pobreza do Menino Jesus

Pobreza do Menino Jesus

Propter vos egenus factus est, cum esset dives; ut illius inopia vos divites essetis — “Sendo rico, se fez pobre por vosso amor, a fim de que vós fôsseis ricos pela sua pobreza” (2 Cor 8, 9)

Sumário. Ó Deus, quem não teria compaixão se visse um jovem príncipe, filho de um grande monarca, nascer em tão grande pobreza, que, necessitado de tudo, até se fazia mister deitá-lo numa manjedoura? Tal é exatamente o estado de Jesus-Menino, Filho de Senhor do céu e da terra. Os anjos, é verdade, estão ali para o adorar; não, porém, o socorrem. Mas como Jesus abraçou tão apertada pobreza unicamente para nos fazer ricos dos seus bens e nos obrigar a amá-lo, quanto mais pobre se fez, tanto mais amável se nos mostra.

I. Ó Deus, quem não se compadeceria, se visse um jovem príncipe, filho de um grande monarca, nascer em tamanha pobreza, até ser deitado numa gruta úmida e fria, sem leito, sem criados, sem fogo, sem os paninhos necessários para o resguardar do frio? Ah, Jesus! Vós sois o Filho do Senhor do céu e da terra, e nessa gruta fria não tendes senão uma manjedoura para berço, um pouco de palha para sobre ela repousar, e uns pobres paninhos para Vos cobrir. Os anjos Vos cercam e louvam, mas nenhum alívio trazem à vossa pobreza.

Ó Redentor meu, quanto mais pobre sois, tanto mais Vos tornais amável, pois abraçastes esta grande pobreza para melhor atrairdes o nosso amor. Se houvésseis nascido num palácio, se fôsseis logo reclinado num berço de ouro e fôsseis servido pelos maiores príncipes da terra, inspiraríeis aos homens mais respeito, porém menos amor; ao passo que a gruta onde estais, os panos grosseiros que Vos cobrem, a palha sobre a qual repousais, a manjedoura que Vos serve de berço, ó, como isso atrai os nossos corações ao vosso amor! Quanto mais pobre Vos fizestes por amor de mim, direi com São Bernardo, tanto mais caro Vos fazeis: Quanto pro me vilior, tanto mihi carior.

Vós Vos fizestes pobre para nos enriquecer com as vossas riquezas, isto é, com a vossa graça e glória: Egenus factus est, ut illius inopia vos divites essetis — “Fez-se pobre, para que vós fôsseis ricos pela sua pobreza”. A pobreza de Jesus foi para nós uma grande riqueza, porque nos excita a procurar os bens do céu e a desprezar os da terra. A Vossa pobreza, ó meu Jesus, é que obrigou tantos santos a deixarem tudo, riquezas, honras e até coroas, para viverem pobres convosco. Por piedade, ó meu Salvador, desapegai-me do todos os bens terrestres, a fim de que me torne digno de obter o Vosso amor, e por ele Vos possuir, a Vós que sois o bem infinito!

II. Ó santo Menino — pudera eu dizer com o vosso querido São Francisco — meu Deus e meu tudo: Deus meus et omnia! Oxalá que de hoje em diante eu não suspirasse por outras riquezas senão pelo vosso amor, e que este meu coração não fosse mais dominado pela vaidade do mundo, mas reconhecesse por único Senhor só a Vós, meu amor! Infeliz de mim! Pelo passado busquei os bens terrenos e não achei senão espinhos e fel. Mais contente estou agora por me achar aos vossos pés para Vos agradecer e amar, do que jamais me achei em toda a minha vida pecaminosa.

Um só temor me aflige: o temor de que talvez não me tenhais perdoado. Mas, as Vossas promessas de perdoar ao que se arrepende; a vista da Vossa pobreza por meu amor; os convites que me fazeis para Vos amar; as lágrimas e o sangue que derramastes por mim; as dores, as ignomínias e a morte amargosa que por mim sofrestes, consolam-me e me fazem esperar firmemente o perdão. Se porventura não me tivésseis ainda perdoado, dizei-me: que deveria fazer?

Ó Senhor, quereis que me arrependa? Pesa-me de todo o coração de Vos ter desprezado. Quereis que Vos ame? Amo-Vos mais que a mim mesmo. Quereis que renuncie a tudo? Sim, renuncio a tudo e entrego-me a Vós. Sei que me acolheis, pois que, aliás, não teria nem arrependimento, nem amor, nem desejo de me dar a Vós. A Vós me entrego, e Vós já me acolheis. Amo-Vos e Vós também me amais. Não permitais que o amor entre Vós e mim venha a extinguir-se. Maria, minha Mãe, alcançai- me que eu sempre ame a Jesus, e seja sempre por ele amado.

(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo II: Desde o Domingo da Páscoa até à Undécima semana depois de Pentecostes inclusive. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p. 380-382)

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As promessas de Deus e a eficácia da oração

As promessas de Deus e a eficácia da oração

Meditação para o 6º Domingo depois da Páscoa

Amen, amen dico vobis: si quid petieritis Patrem in nomine meo, dabit vobis – “Em verdade, em verdade vos digo: se pedirdes alguma coisa ao Pai em meu nome, Ele vo-la dará” (Jo 16, 23)

Sumário. Considera como o divino Redentor engrandece a eficácia da oração: Em verdade, em verdade vos digo: que tudo o que pedirdes ao Pai em meu nome, Ele vo-lo dará. Nem é só neste lugar, mas em muitos outros lugares do Antigo e Novo Testamento, que Deus promete ouvir a quem o roga. Animo pois, e nunca deixemos de recorrer ao Senhor. Peçamos sempre as graças no nome e pelo amor de Jesus Cristo. E para sermos atendidos mais facilmente, valhamo-nos da intercessão de Maria.

I. Considera como o divino Redentor engrandece no Evangelho deste dia a eficácia da oração. Em verdade, em verdade vos digo: que tudo o que pedirdes ao Pai em meu nome, Ele vo-lo dará. E não é somente neste lugar, mas em muitos outros, tanto do Antigo como do Novo Testamento, que Deus promete ouvir a quem o roga. Pela boca de Jeremias diz: “Dirigi-te a mim pela orarão, e te atenderei.” (1) Nos Salmos repete: “Chama-me em teu auxílio, e livrar-te-ei.”(2) No Evangelho de São Lucas acrescenta: “Pedi, e dar-se-vos-á …, porque todo aquele que pede, recebe.”(3) No Evangelho de São João, Jesus diz: “Tudo o que me pedirdes em meu nome, fá-lo-ei.” (3) “Pedi tudo que quiserdes, que logo vos será concedido.” (4) E assim há muitas outras passagens.

Por isso o Profeta nos incita a rezar, afirmando-nos que: “o Senhor é suave e benigno e todo misericórdia para os que o invocam” (5). E mais ainda anima-nos São Thiago, dizendo: “Si quis vestrum indiget sapientia, postulet a Deo, qui dat omnibus affluenter” (6). – “Se alguém de vós necessita de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente”. Diz este Apóstolo que, quando se ora ao Senhor, este abre as mãos e dá mais do que se Lhe pede. Nec improperat, e não impropéra; parece, ao contrário, que se esquece de todas as ofensas que lhe foram feitas. – Numa palavra, é tão grande a eficácia da oração, que nos pode obter tudo; porque, como diz São João Clímaco, a oração faz de algum modo violência a Deus, obrigando-o a conceder-nos tudo o que Lhe pedimos: Oratio pie, Deo vim infert.

A razão desta eficácia, segundo a explicação de São Leão, é que Deus por sua natureza é uma bondade infinita, e por isso tem um extremo desejo de nos fazer participar de seus bens, e é maior o desejo de Deus de nos fazer bem, do que o nosso de receber. Deus, portanto, não pode deixar de atender a quem o roga; o que leva Santa Maria Madalena de Pazzi a afirmar que Deus, por assim dizer, contrai obrigações com a alma que a ele recorre, porque lhe fornece o ensejo de dispensar as graças conforme almeja o seu coração

II. Injustamente se queixam alguns, como se o Senhor não os quisesse atender; muito ao contrário, observa São Bernardo, eles mesmos se acham em falta, deixando de Lhe pedir as graças. – Disso parece exatamente que Jesus Cristo se queixou quando, repreendendo docemente a seus discípulos e na pessoa deles a todos nós, acrescenta: “Até agora não pedistes nada em meu nome; pedi e obtereis, afim de que o vosso gozo seja perfeito”: Petite et accipietis, ut gaudium vestrum sit plenum. Como se dissesse: Não vos queixeis de mim, se não tendes sido completamente felizes; queixai-vos antes de vós mesmos, porque não me pedistes graças.

Animo pois, meu irmão, e não deixemos nunca de recorrer a nosso bom Deus, que, particularmente no Sacramento do altar, dá audiência a todos, e está sempre com as mãos cheias de graças para as distribuir a quem as pede. Notemos, porém, as palavras: in nomine meo – “em meu nome”. Pedir em nome de Jesus, não somente quer dizer pedir com confiança nos merecimentos de Jesus, mas também pedir coisas úteis para a nossa eterna salvação. Pelo que Santo Agostinho diz: Não pede em nome de Jesus Cristo, quem pede coisas prejudiciais a própria salvação.

Ó Pai eterno, adoro-Vos, reconheço-Vos por fonte de todo o bem, e graças Vos dou pelos muitos benefícios que me concedestes. Especialmente Vos agradeço a luz pela qual me fizestes conhecer que toda a minha salvação consiste na oração. Quero responder ao vosso convite e Vos peço em nome de Jesus Cristo que me concedais uma grande dor dos meus pecados e a perseverança na vossa graça. “Fazei também, ó meu Deus, que pela vossa inspiração eu conheça o que é reto, e pela vossa graça o execute” (7). Bem sei que não mereço esses favores, mas vosso Filho os prometeu a quem Vo-los pede pelos seus merecimentos, e é pelos merecimentos de Jesus Cristo que Vo-lo peço, e espero obtê-los.

– Ó Maria, vossas orações obtêm tudo quanto pedem; rogai por mim.

Referências:

(1) Jr 33, 3 (2) Sl 49, 15 (3) Lc 1, 9-10 (4) Jo 14, 14 (5) Jo 15, 7 (6) Sl 85, 5 (7) Or. Dom. curr.

(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo II: Desde o Domingo da Páscoa até a Undécima Semana depois de Pentecostes inclusive. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p. 91-93)

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