Meditação de 1 de abril

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Santo Afonso, modelo de Amor para com o próximo

Santo Afonso, modelo de Amor para com o próximo

Devoção a Santo Afonso como modelo das Virtudes Fundamentais. Mês de Abril

Hic est fratrum amator et populi Israel – “Este é o amador de seus irmãos e do povo de Israel” (2 Mac 15, 14)

Sumário. Quem ama a Deus, ama também ao próximo. Eis porque Santo Afonso, que se distinguiu tanto pelo amor a Deus, se distinguiu igualmente pelo amor ao próximo. Toda a sua longa vida pode ser chamada um exercício contínuo e árduo de caridade, que não fugia nem trabalhos, nem fadigas, nem oposições, nem perigos. Nós nos gloriamos de ser devotos do grande Santo, mas como é que lhe imitamos os exemplos? … Podemos dizer que amamos verdadeiramente ao próximo como a nós mesmos ? Procuremos ser ao menos mais diligentes para o futuro. I. Assim como Santo Afonso se distinguiu pelo seu amor a Deus, distinguiu-se igualmente pelo amor ao próximo, que dele necessariamente deriva. Toda a longa vida do Santo pode ser chamada um exercício contínuo e árduo de caridade. Assistência dos enfermos, visita dos encarcerados, hospitalidade para com os peregrinos, esmolas de toda a espécie, pregações, catecismos, instruções publicas e particulares; numa palavra, tudo que o Evangelho de Jesus Cristo pode inspirar para alivio das muitas misérias que afligem o gênero humano, o Santo o praticou mesmo a favor de seus inimigos figadais e de seus cruéis perseguidores. — No particular da caridade não conhecia trabalhos nem fadigas, oposições nem perigos; mais, para socorrer seus irmãos, teria sacrificado a própria vida. Com efeito, mostrou-se pronto para sacrificá-la, quando, temendo que o flagelo da peste, que grassava em Messina, se estendesse até ao reino de Nápoles, se obrigou por voto a socorrer os pestíferos, onde quer que fosse preciso.

Este mesmo amor ao próximo excitou o Santo a editar muitos livros para auxílio de toda a classe de pessoas: bispos, sacerdotes, missionários, religiosos, seculares, mesmo príncipes reinantes. Mais: o amor fez com que Afonso fundasse a sua Congregação, cujo escopo especial é trabalhar em prol das almas mais abandonadas e mais privadas de recursos espirituais.

Numa palavra, do santo Doutor se pode dizer o que São João Crisóstomo disse de São Paulo:

Quem quiser saber qual deva ser o nosso amor para com o próximo, contemple a vida de Afonso e achará nele o mestre e discípulo de uma tão sublime virtude.

— Tu, que te glorias de ser devoto e filho do Santo, examina a tua consciência para ver se imitas os seus exemplos, e lembra-te do que diz São Pedro Crisólogo:

Quem faz obras contrarias às do seu pai, nega pelo fato a sua filiação.

II. Como fruto desta meditação, toma a resolução de imitar, segundo o teu estado de vida, os exemplos de caridade de Santo Afonso, e, se mais não puderes fazer, guarda ao menos as regras gerais que o Santo Doutor te dá.

Quanto aos atos interiores, guarda-te de julgar ou suspeitar mal do próximo sem grave razão; deseja-lhe todo o bem que a ti mesmo desejas, e alegra-te quando é bem, sucedido, e, ao contrario, compadece-te dos seus males como se fossem teus.

— Quanto aos atos exteriores, não só deves abster-te de toda a sombra de murmuração, mas fala bem de todos, também dos inimigos; e se não puderes desculpar a falta, desculpa ao menos a intenção. Esforça-te por socorrer o próximo, o melhor que puderes, e especialmente aqueles pelos quais sentes aversão, pelo menos orando por eles. Não te esqueças nunca das almas do próximo já falecido, isto é, das almas do purgatório, sufragando-as com missas, esmolas e orações. Lembra-te de que aquelas almas benditas saberão ser gratas, e te obterão de Deus grandes graças, não somente no paraíso, onde por teu intermédio venham a entrar mais depressa, mas mesmo desde já, enquanto ainda estiverem no purgatório.

Ó meu santo Protetor, Afonso, eu, vosso humilde devoto, prometo-vos querer sempre seguir os vossos exemplos e conselhos. Pelo vosso amor a vossa e minha querida Mãe Maria, alcançai-me a graça de vos ser fiel. Meu amado Santo, que na terra estáveis tão abrasado em amor para com o próximo e agora no céu ardeis num amor mais forte e mais puro, peço-vos que me alcanceis de Deus uma centelha dessa santa chama.

— Alcançai-me um amor puríssimo para com Deus, sem o qual não pode haver amor verdadeiro para com o próximo. Numa palavra, fazei, ó meu Pai, com que eu seja um imitador perfeito das vossas virtudes e especialmente da do amor, que é a maior entre todas.

(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo II: Desde o Domingo da Páscoa até à Undécima Semana depois de Pentecostes Inclusive. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p. 387-390)

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Da nobreza da alma

Da nobreza da alma

Fili, in mansuetudine serva animam tuam, et da illi honorem secundum meritum suum – “Filho, guarda a tua alma na mansidão, e dá-lhe honra segundo o seu merecimento” (Ecle 10, 31)

Sumário. A nossa alma é, sem dúvida, mais preciosa do que todos os bens do mundo, não só pela sua nobre origem, senão também, e muito mais, pelo preço do seu resgate e pela sublimidade do seu destino. Por isso o demônio estima-a tão alto, que para se apoderar dela não descansa. Ora dize-me: se o inimigo vela sempre para perder a nossa alma, como podemos nós ficar dormindo o sono da tibieza?

I. Devemos considerar bem que o negócio da nossa eterna salvação é um negócio das mais graves consequências, porque se trata da alma, e, tendo-se perdido esta, tudo está perdido. A alma, diz São João Crisóstomo, deve ser tida por nós como mais preciosa que todos os bens do mundo. E, para compreender esta verdade acrescenta São Eleutério, se não nos basta saber que Deus a criou à sua imagem e semelhança, seja-nos ao menos suficiente saber que Jesus Cristo pagou um preço de valor infinito para remir a alma da escravidão do demônio: Si non credis Creatori, interroga Redemptorem — “Se não acreditas no Criador, interroga ao Redentor”.

Assim é: para salvar nossas almas, o próprio Deus sacrificou seu Filho à morte; e o Verbo eterno não duvidou resgata-las a troco de seu sangue. Empti enim estis pretio magno (1) — “Fostes comprados por alto preço”. Pelo que um santo Padre, considerando o preço do resgate humano, chega a dizer: Parece que o homem vale tanto como Deus. — Tinha muita razão São Filipe Neri de tratar pela salvação da alma. Se tem tamanho valor a nossa alma, que bens do mundo poderemos dar em troca, se viermos a perdê-la? Quam dabit homo commutationem pro anima sua? (2) — “Que dará o homem em troca da sua alma?”

Se houvesse na terra homens mortais e outros imortais, e se os mortais vissem os imortais preocupados com as coisas do mundo, procurando granjear honras, bens e prazeres mundanos, dir-lhes-iam sem dúvida: Quanto sois insensatos! Podeis adquirir bens eternos e pensais nessas coisas miseráveis e passageiras? E é por elas que vos condenais a penas eternas na outra vida? Deixai esses bens terrestres para aqueles que, como nós, tudo vem acabar com a morte. Mas não! Todos somos imortais. Como é então que tantas pessoas perdem a alma em troca das miseráveis satisfações deste mundo?

II. Devemos de hoje em diante empregar toda a diligência na salvação da nossa alma, e por isso devemos fugir das ocasiões perigosas, resistir às tentações e frequentar os sacramentos. Vede, diz Santo Agostinho; o demônio estima tanto uma alma, que para se apoderar dela, não dorme, mas anda continuamente ao redor de nós buscando perdê-la. Ora, se o inimigo vela sempre para a nossa perdição, havemos de ficar dormindo o sono da tibieza? Vigilat hostis, dormis tu?

Ah, meu Deus! De que serviram os longos anos que me haveis dado para adquirir a salvação eterna? Vós, ó Redentor meu, resgatastes a minha alma à custa do vosso sangue e ma destes para trabalhar pela sua salvação, e eu não trabalhei senão para perdê-la, ofendendo-Vos a Vós, que tanto me haveis amado. Agradeço-Vos o tempo que ainda me concedeis para reparar tão grande perda. Perdi a alma e a vossa amável graça!

Senhor, arrependo-me e sinto-o de todo o coração. Ah, perdoai-me, pois que d’oravante estou resolvido a perder todos os bens, incluindo a vida, antes que perder a vossa amizade. Amo-Vos sobre todas as coisas e tenho a firme vontade de Vos amar sempre, ó Bem supremo, digno de todo o amor. Ajudai-me, ó meu Jesus, a fim de que esta resolução não seja semelhante às outras que formei no passado e que foram outras tantas infidelidades. Deixai-me antes morrer do que tornar a ofender-Vos e deixar de Vos amar.

— Ó Maria, esperança minha, salvai-me, obtendo-me a santa perseverança.

Referências:

(1) 1Cor 6, 20 (2) Mt 16, 26

(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo I: Desde o Primeiro Domingo do Advento até a Semana Santa Inclusive. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p. 362-364)

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