
Os principais erros do Vaticano II e a Colegialidade dos Bispos
Os dois erros conciliares mais nocivos são a liberdade religiosa e o ecumenismo, que serão tratados, em detalhe posteriormente.
A isso se junta o ensinamento sobre a colegialidade episcopal. Enfim, encontra-se, em diversos textos do Concílio, uma crença ingênua no progresso e um maravilhamento diante do mundo moderno, que são verdadeiramente aterrorizantes.
O que é a colegialidade episcopal?
Segundo a Tradição, cada Bispo tem autoridade sobre sua diocese (e somente sobre sua diocese) e o Papa sozinho tem jurisdição sobre a Igreja Universal.
O princípio da colegialidade episcopal lesa ao exercício pessoal da autoridade. O Papa e os Bispos são convidados a dirigir a Igreja em comum, de modo colegiado.
Em consequência, o Bispo só é chefe de sua diocese, na teoria; na prática, está ligado, ao menos moralmente, às decisões da Conferência Episcopal, dos Conselhos Presbiterais e das diferentes assembleias.
Até Roma não ousa mais se afirmar diante das Conferências Episcopais; cede frequentemente às suas pressões.
De onde vem essa ideia de colegialidade episcopal?
O princípio da colegialidade episcopal se aproxima do modo como os cismáticos orientais concebem a autoridade na Igreja.
Encontra-se também a influência da ideia de igualdade propagada por Jean-Jacques Rousseau e pela Revolução Francesa. Rousseau negava a existência de uma autoridade desejada por Deus e atribuía todo poder ao povo.
Está em oposição com o ensinamento da Sagrada Escritura:
“Que cada um se submeta às autoridades instituídas. Pois, não há nenhuma autoridade que não venha de Deus. Tanto é assim que aquele que resiste à autoridade rebela-se contra a ordem estabelecida por Deus” (Rm 13,1-2)
Há uma ligação entre a colegialidade e os dois erros principais do Concílio (liberdade religiosa e ecumenismo)?
Esses três erros do Concílio – liberdade religiosa, ecumenismo e colegialidade – correspondem aos princípios da Revolução Francesa: Liberdade, Igualdade e Fraternidade. O Cardeal Suenens dizia que o Vaticano II havia sido o 1789 na Igreja.
Em que textos conciliares encontra-se uma crença ingênua no progresso?
O exemplo mais grave de uma crença ingênua no progresso se encontra em Gaudium et spes, Constituição Pastoral sobre a Igreja no mundo de hoje.
Conta-se ali, de uma maneira surpreendente, o progresso do mundo moderno, que, todavia, afasta-se cada vez mais de Deus. Lê-se, no parágrafo 12:
“Crentes e incrédulos estão geralmente de acordo neste ponto: tudo sobre a Terra deve ser ordenado ao homem como a seu centro e a seu cume”.
No parágrafo 57, os cristãos são exortados a “trabalhar com todos os homens para a construção de um mundo mais humano”.
Este mundo onde o homem é o centro e a finalidade, e no qual tudo deve colaborar para a realização do paraíso terrestre, corresponde à imagem que os maçons fazem do mundo; não à dos cristãos.
Qual é a Doutrina Cristã sobre este ponto?
A Doutrina Cristã ensina que só Deus é o fim de todas as criaturas e que somente pode haver verdadeira paz e verdadeira felicidade na Terra, se os homens se entregarem a Jesus Cristo e seguirem seus Mandamentos.
Qual julgamento, pode-se, definitivamente, ter sobre Gaudium et spes?
O Cardeal Ratzinger designou Gaudium et Spes como um “contra-Syllabus” [88], e, a justo título.
Esse documento de Vaticano II afirma, com efeito, positivamente, o que Pio IX havia negado e condenado no catálogo de erros contemporâneos que estabeleceu em 1864 e que leva o nome de Syllabus.
O cardeal Ratzinger explicou por que qualificava Gaudium et spes como “contra-Syllabus”?
O Cardeal Ratzinger justificou sua colocação, explicando que a Igreja, nos anos sessenta, apropriou-se “dos melhores valores de dois séculos de cultura liberal”. Valores que – diz ele – “nasceram fora da Igreja”; mas agora acharam, Nela, seu lugar. [89]
É ruim que a Igreja se aproprie dos valores nascidos fora Dela?
A real pergunta é talvez: Podem existir verdadeiros valores morais desconhecidos pela Igreja? A Igreja recebeu de Cristo a plenitude da Verdade religiosa e do Bem. O Liberalismo apenas é a corrupção de idéias cristãs “tornadas loucas”, segundo a expressão de Chesterton.
Tudo o que o liberalismo puder possuir de bom foi roubado ao Evangelho. Em contrapartida, o que o liberalismo tem de próprio (a liberdade sem freios, a rejeição da autoridade estabelecida por Deus, etc.) é, em si, anticristão.
É por isso que Pio IX condenou o liberalismo várias vezes, e denunciou, na última proposição de seu Syllabus, o erro seguinte:
“O Papa de Roma pode e deve se reconciliar e ligar-se por amizade com o progresso, o liberalismo e a cultura moderna.” [90]
Ora, é precisamente essa reconciliação e essa amizade que propugnam Vaticano II, em geral, e Gaudium et spes em particular.
Notas:
[88] Cardeal Joseph Ratzinger, Les príncipes de La théologie catholique, Paris, Téqui, 1985, pp 426-427.
[89] Entrevista do Cardeal Ratizinger com Vittorio Messori, publicada em francês sob o título Entretiens sur La Foi,Paris, Fayard,1985,p.38.
[90] Proposição condenada, DS 2980.
Catecismo Católico da Crise na Igreja. Pe. Mathias Gaudron.
Notas da imagem:
Estátua da Pachamama do Sínodo da Amazônia, defendido pela CNBB.
O Sínodo especial, segundo aponta o Documento Preparatório do Sínodo dos Bispos para a Assembleia Especial para a Pan-Amazônia [outubro de 2019], visa a “conversão pastoral e ecológica” para essa nova pan-religiosidade. Segundo ele, não se trataria mais de levar o Evangelho aos pobres povos indígenas, como fizeram heroicos – e quantos santos e mártires! – missionários durante séculos. Pelo contrario, a “melhor maneira de contribuir à salvação e à redenção (sic!) dos povos autóctones da bacia pan-amazônica” é a Igreja “conscientizá-los” do ambientalismo esotérico, da luta pela biodiversidade e do valor sagrado de suas primitivas “cosmovisões” e espiritualidades supersticiosas. Smits discerne, “navegando sem cessar” nessas páginas do Vaticano, o mito iluminista e anticristão do bom selvagem de Jean-Jacques Rousseau! (Disponível em: https://www.icatolica.com/2019/03/sinodo-da-amazonia-rumo-uma-igreja.html)
A CNBB reage a críticas e defende Sínodo da Amazônia. O encontro é uma resposta do papa ao desmatamento e está sendo questionado por alas conservadoras da Igreja e por Jair Bolsonaro. O Sínodo da Amazônia é uma resposta do papa Francisco às queimadas e ao desmatamento na Amazônia. Segundo ele, “o objetivo principal desta convocação é identificar novos caminhos para a evangelização daquela porção do Povo de Deus, especialmente dos indígenas, frequentemente esquecidos e sem perspectivas de um futuro sereno, também por causa da crise da Floresta Amazônica, pulmão de capital importância para nosso planeta.” Alas conservadoras ligadas à Igreja questionam o Sínodo e veem interferência em “soberanias nacionais”. No sábado 31, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) confirmou que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) monitora o evento. “Tem muita influência política lá, sim”, afirmou ele. Bispos do Sínodo dizem sentir-se “criminalizados”. (Veja. Abril. Disponível em: https://veja.abril.com.br/religiao/cnbb-reage-a-criticas-e-defende-sinodo-da-amazonia/)
Sobre os escândalos do Sínodo da Amazônia, pode-se ler o texto completo do bispo Athanasius Schneider da Carta Aberta que condena esta idolatria, no artigo "É impossível que um bispo católico permaneça em silêncio diante deste escândalo". (Instituto Santo Atanásio. Disponível em: https://www.institutosantoatanasio.org/blog/item/170-schneider-e-impossivel-que-um-bispo-catolico-permaneca-em-silencio-diante-deste-escandalo)
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